Exportador brasileiro de café pode ser beneficiado por furacão Stan

Enchentes e deslizamentos afetam cafeicultores do sul do México, Guatemala e El Salvador
Os exportadores brasileiros de café poderão ser beneficiados com a eventual quebra da safra causada pela passagem do furacão Stan pela América Central e pelo sul do

Por: REVISTA EXAME Por Ricardo Muniz

Os exportadores brasileiros de café poderão ser beneficiados com a eventual
quebra da safra causada pela passagem do furacão Stan pela América Central e
pelo sul do México. Os plantadores de comunidades situadas nessas regiões são os
mais afetados por duas semanas de enchentes e deslizamentos de terra causados
pelo furacão. Os prejuízos ocorrem depois de anos de cotações internacionais
deprimidas. A colheita da próxima safra já havia começado, e os agricultores
locais comemoravam a primeira recuperação de preços desde baixas históricas em
2001.

Segundo reportagem do diário americano The Wall Street Journal,
enquanto segue a contagem de mortos, no mínimo 1 500, cresce o consenso de que
as mais importantes áreas produtoras de café suportaram o maior choque do
furacão. Cafezais do México, Guatemala e El Salvador respondem por uma produção
de pelo menos 4,5 milhões de sacas de 60 kilos. Torrefadoras americanas, como a
Starbucks e a Green Mountain, estão avaliando os estragos com seus fornecedores
tradicionais na região.

Ganhos

“Não temos ainda informação precisa sobre o impacto na safra de lá. Se houver
quebra, vai refletir em melhora de preço para quem puder suprir a lacuna no
mercado de cafés finos”, diz Guilherme Braga, diretor geral do Conselho
Brasileiro de Exportadores de Café. “Exceto o Brasil, não há outro país em
condições de suprir o mercado.” Dependendo da qualidade, uma saca de café já
está sendo cotada em 220 a 300 reais, e vem subindo nos últimos dias.

O que limita os ganhos brasileiros é o tamanho da safra 2004-2005, de 33
milhões de sacas, pequeno quando comparado a quase 50 milhões na safra
2002-2003. Esse volume, admite Braga, dá ao país a chance de suprir apenas
parcialmente a ausência dos produtores afastados do mercado pelo furacão Stan.
Caso os problemas persistam até o ano que vem, contudo, o Brasil terá condições
de vender mais, visto que a expectativa é de um retorno da safra à marca de 50
milhões de sacas.

Braga também aponta para a indefinição quanto à natureza dos problemas nas
regiões afetadas. “Não sabemos se o que vai ocorrer é apenas um atraso na
realização das colheitas, por conta de danos à infra-estrutura de transportes e
armazenamento, ou se houve soterramento de produção, ou seja, diminuição física
irreversível da safra.”

Perdas e danos

No sul do México, informa o Wall Street, a região de Soconusco foi
varrida pelas enchentes. Soconusco é sede das maiores e mais antigas
propriedades cafeeiras no estado de Chiapas, e responde por uma produção anual
de 1 milhão de sacas – ante um total de 1,5 milhão do estado. “Vai levar meses
para reconstruir estradas, pontes e fazendas”, diz Pete Rogers, da San Francisco
Bay Coffee, uma importadora e torrefadora americana com fornecedores na região.
“Nunca vimos algo assim antes, nem aqui em Chiapas, nem do outro lado, na
Guatemala”, diz Tomas Edelmann, chefe da associação local de produtores.

Na Guatemala, metade da área plantada com café foi destruída ou isolada por
enchentes e deslizamentos. As cooperativas locais apenas começaram a reportar os
estragos, que variam de 20% a 80% das colheitas. A associação nacional do setor
informa que 300 000 sacas podem ter se perdido.

Em El Salvador, os terrenos mais castigados incluem quatro das cinco
principais regiões produtoras. Para piorar a situação, houve uma erupção
vulcânica em 1º de outubro e um terremoto no dia 7.

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