Estiagem já dura dois meses na região sudoeste Baiano e Perdas com café chegam a 50%

Por: A Tarde








Estiagem já dura dois meses na região sudoeste e cafeicultores amargam prejuízos na lavoura
Caio Macário
Vitória da Conquista
A estiagem que já dura quase dois meses deve provocar perdas de até 50% nas lavouras da região. Passada a época da granação, a falta de água continua castigando os pés de café que ainda não foram perdidos. Os cafeicultores acreditam que mesmo através de um grande projeto de irrigação não seria possível evitar os prejuízos na lavoura.

As perdas estão previstas para 20% nas plantações irrigadas e 50% nas de sequeiro. De acordo com Israel Tavares, presidente do Sindicato Patronal dos Cafeicultores da Região, devido à falta de chuvas, não pôde ser feita a granação do café, que deveria acontecer em janeiro. Agora o fruto está murchando no pé, os que resistem para a colheita perdem tamanho e são desvalorizados no mercado; a depender do caso, o café não chega a ser sequer aproveitado.

Segundo o sindicato patronal, os produtores de café da região não estão recebendo nenhum tipo de suporte ou subsídio governamental para superar a crise. Os agricultores alertam que a próxima safra também está sendo ameaçada pela atual estiagem, pois, não só os frutos, mas também os pés de café estão ameaçados. Com água escassa, algumas plantas estão perdendo fruto e folhagem, de forma que serão necessários mais um ou dois anos para sua recuperação.

A falta de chuvas castiga toda a região de Barra do Choça e Planalto da Conquista, causando prejuízos em outras culturas como feijão e milho. Israel Tavares diz que a pastagem ainda agüenta, mas ele não sabe por quanto tempo.

O município de Barra do Choça, com 40 mil habitantes, está a 542 km de Salvador, e se destaca por ter o maior número de associações e cooperativas do País. São ao todo 42 entidades, das quais 16 de pequenos produtores. Para o presidente do sindicato, os pequenos e médios produtores são os mais prejudicados, já que os grandes sempre têm outras fontes de renda, muitas vezes não ligadas à agricultura, que podem cobrir os prejuízos.

Dificuldades para obter financiamento

Os cafeicultores avaliam que uma intervenção do governo, agora, não seria mais eficaz para evitar os prejuízos e que uma irrigação mais avançada poderia no máximo amenizar ou estagnar as perdas. Irrigar a plantação sai caro para os pequenos produtores – o preço fica em torno de R$ 8 mil por hectare – e, a depender da distância da água e da energia, o custo pode ser ainda maior. Os pequenos produtores reclamam da dificuldade que enfrentam para conseguir financiamento nos bancos e ajuda do governo, e as prestações são cruéis e implacáveis. “Independente do sucesso nos negócios ou de mudanças na natureza, temos que pagar as altas prestações”, explica Tavares e prevê que, mesmo que chova, as perdas serão certas e grandes.

Israel Tavares, que também é diretor da Federação dos Agricultores do Estado da Bahia, introduziu a cultura do café em Barra do Choça, quando foi prefeito em 1971. Hoje o município é considerado o maior produtor de café do Norte/Nordeste do País e sediará, nos dias 15 e 16 de março, o 7º Simpósio Nacional do Agronegócio Café – Agrocafé.

A previsão da safra 2005/2006 no Estado é de colher 2,1 milhões de sacas – o que colocará a Bahia como o quarto produtor no País. A Bahia hoje é responsável por 6,5% da produção nacional e consome cerca de 600 mil sacas anuais.

O comércio em Barra do Choça e cidades vizinhas também será prejudicado pelos resultados ruins da colheita do café. O dinheiro que os produtores fazem circular aumenta também o poder aquisitivo dos trabalhadores, que são muitos na região. Até o comércio de Vitória da Conquista, cidade vizinha, deve sofrer as conseqüências geradas do endividamento de pequenos produtores.

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