Entrevista: Néstor Osório A chave do negócio é a qualidade

Da Reportagem

18 de maio de 2006 | Sem comentários Entrevistas Mais Café
Por: A Tribuna

‘A chave do negócio é a qualidade’



Entrevista: Néstor Osório, diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC)


Países pobres ou emergentes que são grandes produtores de commodities têm um mal em comum: competem entre si e dependem de grandes compradores instalados nos países mais ricos, com força para barganhar preços. Segundo o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Néstor Osório, o investimento em qualidade e, no caso especial do Brasil, a ampliação do mercado consumidor interno são iniciativas que podem mudar a situação dos países produtores e trazer prosperidade aos agricultores. Confira a entrevista:


A Tribuna — Sempre se falou da rivalidade do Brasil com a Colômbia no mercado de café. Hoje, como está essa disputa?

Osório — Não creio que haja nenhuma briga ou competição especial. Brasil, Colômbia e América Central são complementares nesse mercado. O Brasil é precursor e líder em matéria de promoção e a Colômbia tem a organização nacional de cafeicultores que tem recursos para desenvolver campanhas de diferenciação do produto. Há lugar para todos e Brasil e Colômbia também estão diferenciando sua produção.


AT — E qual é hoje a importância do Vietnã no mercado de café?

Osório — O Vietnã tem uma importância muito grande porque nos últimos anos aumentou sua produção para entre 12 milhões e 14 milhões de sacas. Com preços muito reduzidos, o Vietnã hoje exporta quase a mesma quantidade ou algo mais que a Colômbia, mas o valor é reduzido. A Colômbia recebe US$ 1,5 bilhão por 500 mil sacas e o Vietnã consegue US$ 300 milhões pela mesma quantidade. A chave do negócio não é volume e sim a qualidade para oferecer preço e concentrar muito seriamente a presença no mercado.


AT — Assim como em outros setores no agronegócio, também está havendo uma concentração de empresas do segmento do café e valorização das marcas?

Osório — Esse mercado está evoluindo e países como Brasil e Colômbia fazem um progresso importante ao industrializar o café e competir também com café torrado, moído e solúvel. O que ocorre é que a indústria nos países importadores está concentrada em quatro grandes multinacionais que compram 70% do café, como Nestlé, Kraft Foods, Sara Lee e a Procter & Gamble. Enfim, essas empresas têm um grande controle do mercado. Mas o comprador de café verde é competidor do café industrializado (brasileiro) e o imposto alfandegário do café verde é zero porque não produzem café nos Estados Unidos e Europa. Temos que eliminar todas essas barreiras. Por isso, é importante o desenvolvimento do consumo interno, pois se cria uma alternativa muito interessante para o mercado produtor, se cria oportunidade de custos, de menos fretes, menos seguros, menos intermediários.


AT — Qual a importância das redes de cafeteria com marcas fortes como Starbucks para o crescimento do agronegócio do café?

Osório — A Starbucks é um fenômeno positivo que está criando novos espaços para consumo. Café é o eixo central das vendas da Starbucks, Segafredo e muitas cafeterias. Elas são importantes, mas o lar é ainda o espaço onde mais se consome café. Os jovens estão encontrando nessas cafeterias um espaço de convívio, o que é muito importante para o setor do café.

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