Apesar do aumento da empregabilidade, agropecuária enfrenta desafios para a expansão.
A atividade agropecuária criou 60.575 postos de trabalho no país durante o primeiro trimestre de 2021, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia. O resultado é o melhor verificado para o setor nos últimos 14 anos. A geração de empregos indica aquecimento da atividade e é premissa para a retomada econômica. No entanto, a expansão do agronegócio ainda esbarra em entraves como o desabastecimento de energia elétrica e a ausência de internet.
Ainda de acordo com o Caged, entre janeiro e março, a agropecuária apresentou saldo positivo de vagas – resultado entre admissões e demissões feitas no período – em quase todas as regiões do país. Os destaques foram o Sudeste e o Centro-Oeste, que criaram 44.477 e 11.668 empregos com carteira assinada, respectivamente. Apenas o Nordeste apresentou saldo negativo, com o fechamento de 7.530 postos de trabalho.
Na análise segmentada, o cultivo de soja foi o principal empregador, gerando um total de 12.656 oportunidades. Em seguida aparecem o cultivo de frutas de lavoura permanente, exceto laranja (10.722) e a criação de bovinos (9.782).
Apesar do bom desempenho da empregabilidade observado nos três primeiros meses do ano, o setor enfrenta desafios para a expansão. A ausência de conectividade no campo é um dos principais gargalos. De acordo com o Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 72% das propriedades rurais não têm acesso à internet, o que em números significa cerca de 3,6 milhões de unidades.
A situação tem trazido dificuldades para a implantação do que o setor chama de “agricultura 4.0” ou “agricultura digital”. A evolução utiliza soluções tecnológicas para gerenciamento da propriedade rural, em busca de melhorar o controle de produção e do alcance de resultados mais efetivos.
Na prática, a agricultura digital possibilita a otimização de processos, a redução de custos e o aumento da produtividade a partir do uso de ferramentas para sensoriamento remoto, instalação de GPS nos maquinários, tecnologias para a identificação de pragas, dentre outros. No entanto, a possibilidade segue restrita aos grandes produtores.
A energia elétrica ainda é outro desafio. Muitas propriedades não são atendidas por concessionárias, sobretudo, as mais remotas. Aquelas que são abastecidas, por vezes, enfrentam quedas de energia duradouras, o que coloca em risco a produção.
Por conta disso, cada vez mais, os produtores têm buscado alternativas para a geração de energia própria. Dentre essas, o uso de painéis solares tem ganhado destaque. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o agronegócio é o terceiro maior nicho de consumidores de energia solar no país, atrás apenas das unidades residenciais e do comércio.
Os dados da ABSOLAR mostram, ainda, que a área rural soma mais de 27 mil sistemas fotovoltaicos e corresponde a 7% da energia solar produzida no país.
Outra alternativa adotada pelos produtores é a locação de geradores de energia para a solução de problemas temporários de interrupção do fornecimento a fim de evitar prejuízos. Nos últimos tempos, os sistemas híbridos – que combinam painéis fotovoltaicos e geradores de energia a diesel – também têm sido utilizados na zona rural. No entanto, nem todas as alternativas são possíveis para os pequenos e médios produtores.