Economia global deixa ICE Futures à deriva

12 de setembro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: AGENCIA ESTADO

São Paulo, 11 – O mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) tem sido dominado por fatores que dizem respeito à economia global e ao sistema financeiro dos Estados Unidos, em particular. Enquanto não houver uma definição clara sobre os rumos da macroeconomia, os contratos de café devem ficar num sobe-e-desce, alheio aos fatores técnicos e fundamentos do setor.


O contrato com vencimento em dezembro subiu ontem 0,50% (mais 70 pontos), a 140,80 cents. A máxima marcou 141,35 cents (mais 125 pontos). A mínima foi de 160 pontos, a 138,50 cents. Conforme um operador da Newedge Group, o volume negociado foi apenas razoável, cerca 15 mil lotes. “O mercado esteve anêmico, meio abandonado”. Fundos liquidaram posição, mas compra de indústria deu sustentação aos preços em escala de baixa.


De acordo com a fonte, os contratos tentam se segurar por volta de 140 cents, base dezembro. Tecnicamente, análise da Newedge mostra que os contratos têm encontrado suporte importante por volta de 140 cents. Abaixo desse nível, no curto prazo, os preços podem testar 137 cents e 135 cents. No entanto, os gráficos mostram tendência de rally de preços entre o início e meados de outubro, o que foi verificado em 13 dos últimos 15 anos. O rally ocorreu mais cedo no ano passado e só em novembro, em 1997.


Os preços, porém, não devem mostrar direção clara enquanto houver dúvidas sobre quão saudável está o sistema financeiro norte-americano, ressalta o operador. Nesse sentido, o comportamento da moeda norte-americana causa apreensão. O dólar vem se valorizando, tanto em relação à uma cesta de moedas como também ante o euro e o real.


Outro fator que também não está claro é até quando os fundos de investimento vão continuar saindo do mercado de commodities. As perdas acumuladas no segmento são gigantescas e a sangria causa angústia.


O operador recorda que a atratividade do mercado de commodities cresceu nos últimos anos, culminando com preços recordes em fevereiro deste ano, graças à atuação de especuladores em busca de retorno financeiro. De lá para cá, porém, a crise de crédito dificulta a alavancagem de investidores, que estão saindo das commodities e dirigindo-se para aplicações de baixo risco.


Físico tem poucos vendedores


O mercado físico de café esteve “curto” de vendedores ontem, apesar da alta dos contratos futuros na Bolsa de Nova York. O vencimento para dezembro subiu cerca de 0,50% em Nova York. “A alta do dólar também ajudou um pouco, mas o vendedor continua retraído”, informa um corretor de Santos. A moeda norte-americana fechou em alta de 0,73%, a R$ 1,7850, melhor nível desde 25 de janeiro deste ano.


Conforme a fonte, “o mercado está amarrado”. Segundo ele, o cafeicultor está bem capitalizado e na expectativa de mais recursos, por meio dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). Na praça de Santos, poucos compradores mostram interesse, como Stockler e Outspan. Café tipo 6, bebida dura para melhor, com 15% de catação, foi cotado a R$ 263/R$ 265 a saca de 60 kg. Café tipo 6, fino, está cotado a R$ 267 a saca.


No mercado de café conillon, os vendedores também estão retraídos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o longo período de seca ameaça o desenvolvimento das floradas no Espírito Santo, maior produtor nacional da variedade.


O indicador de preço do Cepea para o robusta, tipo 6, peneira 13 acima, foi cotado a R$ 215,49 a saca. Já o tipo 7/8, bica corrida, fechou a R$ 211,41 a saca, ambos a retirar no Espírito Santo. O indicador Cepea/Esalq para o café arábica, tipo 6, bebida dura para melhor, fechou em R$ 262,34 a saca, em alta de 0,97% em relação ao dia anterior.


Na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), os contratos futuros de café arábica fecharam mistos. Os vencimentos mais próximos encerraram em queda: setembro recuou 1,50, a US$ 163,00 a saca. Dezembro caiu 0,20, a US$ 168,75 a saca.


O leilão de CPR (aviso 13.750), realizado ontem pelo Banco do Brasil, teve oferta de 15 lotes. Nenhum deles foi negociado.


O pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, disse que a produção de café este ano é a segunda maior de todos os tempos, o que explica a boa participação do produto na elevação do PIB da Agropecuária, conforme divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Na segunda-feira, o IBGE anunciou que a safra brasileira de café em 2008 deverá alcançar cerca de 46,33 milhões de sacas de 60 kg, representando elevação de 28% sobre o ano anterior. O resultado é recorde histórico, só inferior à safra de 2002, quando a colheita foi de 48,5 milhões de sacas.


O pesquisador considerou que a pesquisa brasileira com café tem permitido uma revolução tecnológica no campo. A produtividade do café cresce 1 saca de 60 kg a cada três safras, o que é extraordinário, sem comparação no mundo, comentou.


 

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