Ecológico retoma proposta paisagística de Burle Marx

18 de setembro de 2009 | Sem comentários Especiais Mais Café
Por: 18/09/2009 07:09:05 - Correio Popular

 

Maria Teresa Costa
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
teresa@rac.com.br


A partir da próxima quinta-feira, o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Sallim começa a receber o plantio de árvores, retomando o projeto elaborado por Roberto Burle Marx e interrompido há mais de 20 anos. A proposta do reconhecido paisagista, morto em 1994, começou em 1987, quando o parque foi criado, mas não seguiu adiante por falta de recursos. Das 185 mil mudas previstas, apenas 3 mil foram plantadas. Na retomada, o Ecológico receberá 9.263 mudas de árvores e palmeiras, 48.443 de arbustos, 231 de trepadeiras, 109.383 de forração e 10.541 de plantas aquáticas. A informação é do secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano, que estará em Campinas na próxima semana para iniciar o plantio em comemoração à Semana da Árvore.


A implantação do projeto paisagístico é parte da revitalização do Ecológico, que receberá investimentos de R$ 1,5 milhão do Estado e da Prefeitura, que têm um convênio de gestão compartilhada desde 2004. A Administração municipal está se encarregando da recuperação dos equipamentos esportivos e de lazer, oferecendo também condições de segurança para a visitação. Uma das intervenções importantes será em relação ao controle das capivaras — há pelo menos 50 circulando na área, infestando o local com carrapatos. Será adotado o mesmo projeto em andamento no Lago do café: os animais ficarão isolados em um espaço distante da área de visitação, com barreira de contenção.


O casarão histórico do Ecológico já passou por recuperação, realizada pelo Casa Cor, evento de arquitetura, decoração e paisagismo que está ocorrendo atualmente no local. Apenas no restauro do piso, na pintura de muros e fachadas foram investidos R$ 1,5 milhão.


O Ecológico está instalado num dos principais marcos históricos da agricultura paulista: a Fazenda Matto Dentro, formada em 1806 pelo tenente-coronel Joaquim Aranha Barreto de Camargo. Em 1879, seus descendentes herdaram a área com aproximadamente 200 escravos e uma grande produção de café. No início do século 20, foi afetada pela crise do café (1929), além de ter seus cafezais atingidos, na mesma década, pela broca-do-café. Em 1937, o governo do Estado adquiriu a Fazenda Matto Dentro para nela instalar um campo avançado de pesquisas do Instituto Biológico e desenvolver, de forma aplicada, estudos na área de controle de pragas e doenças dos animais e vegetais. Atualmente, a antiga fazenda abriga o Centro Experimental Central do Instituto Biológico (CEIB), com aproximadamente 60 alqueires, e o Ecológico, com cerca de 40 alqueires.


Com uma área de 110 hectares, a implantação do Ecológico visou à recuperação e repovoamento vegetal de uma área de 2,85 milhões de metros quadrados, sendo 1,1 milhão aberto ao público, com espécies da flora brasileira, nativas da região da bacia do Rio Piracicaba, e algumas exóticas, em especial as palmeiras. O parque abriga também exemplares tombados e restaurados da arquitetura campineira do século 19, entre eles, o Casarão, a tulha e a capela da antiga Fazenda Matto Dentro, espaços que integram o Museu Histórico Ambiental e o desenvolvimento de diversos programas de educação ambiental.


O Ecológico conta ainda com sete quadras poliesportivas (equipadas com vestiários), campos de futebol soçaite, quadra de bocha e malha, trilhas para caminhadas, pista de cooper, playground, áreas para piquenique, anfiteatro e dois estacionamentos com capacidade para mil carros.


SAIBA MAIS


O Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim vai implantar o programa Criança Ecológica, lançado pelo Estado, destinado a aproximar os jovens de 8 a 10 anos das questões ambientais. O significado de aquecimento global, desenvolvimento sustentável, bacias hidrográficas, uso racional da água e muitos outros termos ecológicos, presentes no cotidiano das pessoas, serão facilmente assimilados. O projeto, informou o secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano, tem o objetivo de sensibilizar e despertar nas crianças atitudes capazes de contribuir com a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.


Projeto original previa plantio de mudas de 200 espécies


O projeto de Burle Marx foi elaborado para a totalidade da área do Ecológico, prevendo mudas de 200 espécies. Na proposta, os jardins do casarão receberão um tratamento diferenciado tanto por constituir área envoltória de patrimônio tombado, como por sua localização privilegiada formando, juntamente com o complexo arquitetônico, um dos mais belos locais de visitação e contemplação. Quando o parque surgiu, optou-se pela gestão partilhada com a Administração municipal, através de convênio que vigorou até o início de 2001. No período em que a Prefeitura ficou fora da gestão, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente investiu R$ 100 mil na recuperação das quadras esportivas, sanitários e na construção de um playgroud e de uma pista de skate. Parte desses equipamentos, no entanto, foi destruída enquanto a área ficou sem vigilância. Foi uma época tensa, de muitas reclamações da vizinhança, até que, em 2004, foi feito novo convênio de parceria entre Campinas e o Estado — o acordo vence em maio e será renovado. (MTC/AAN)
 
 

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