Pesquisa desenvolvida pelo IFC estuda a qualidade e os potenciais do café catarinense
Apesar de ilustrado na bandeira de Santa Catarina, o café já não é mais uma cultura tão presente na indústria do Estado: não aparece nos rankings entre os estados com maior produção do grão. Mas a cultura cafeeira catarinense resiste como agricultura de subsistência, ou seja, produzida para consumo próprio, em várias propriedades rurais de Norte a Sul do litoral de Santa Catarina.
O professor do curso de Agronomia do Instituto Federal Catarinense (IFC), campus Araquari, Fernando Prates Bisso, explica que o Estado já teve uma cultura mais forte do café, em especial no século XIX, quando a bandeira catarinense foi definida — ela, inclusive, traz um ramo de café, simbolizando as lavouras do litoral.
Com a política pública nacional de erradicação de cafezais para regulação dos estoques mundiais do grão, na década de 1960, em Santa Catarina restaram os exemplares usados pelos agricultores para consumo próprio.
A cultura, no entanto — a tradição —, segue viva. Há cerca de 10 anos, Bisso notou esta ocorrência e começou a pesquisar o café catarinense. Resultado disso foi o conhecimento de que o Estado tem potencial para produzir, inclusive, cafés especiais, como a variedade arabica.
Este potencial tem raiz nas condições únicas de Santa Catarina: a localização geográfica do litoral do Estado e o solo desta área potencializam a produção. No Norte do Estado isso já é pesquisado pelo professor e alunos do curso de Agronomia, que comprovaram a qualidade das plantas. O desafio mesmo é a secagem do grão, que, devido ao clima úmido, é dificultada.
— O nosso café em Santa Catarina tem muita história, não é apenas uma bebida — pontua Bisso.
A pesquisa desenvolvida no IFC campus Araquari tem parceria com Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSULDEMINAS), que desenvolve o pós-colheita e fez a avaliação do café colhido em solo catarinense. O resultado foi um café com pontuação 80 (que, segundo a Associação de Cafés Especiais (SCA, na sigla em inglês), já é um café especial).
Agora, a próxima etapa é desenvolver a tecnologia de cultivo e orientar produtores. Tudo com o “pé no chão”, salienta o professor, já que é necessário manter a tradição e evitar frustrações.
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