Cooabriel vê quebra de até 25% na safra 2024 de café conilon do Espírito Santo

As altas temperaturas registradas, a precipitação abaixo da média e a consequente diminuição de reservas hídricas, são os fatores que causam maior alerta

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) -A safra de 2024 de café conilon do Espírito Santo teve quebra de produção estimada entre 15% a 25% em função do clima adverso, afirmou em nota nesta sexta-feira a Cooabriel, maior cooperativa de cafeicultores de grãos dessa variedade do Brasil.

O tempo adverso para a safra de café conilon do Estado, o maior produtor deste tipo de grão do Brasil, tem colaborado para impulsionar as cotações do café robusta na bolsa ICE, que atingiram o maior nível em 15 anos nesta semana.

O conilon integra a variedade de cafés canéforas, na qual também está o robusta.

O Espírito Santo produziu 10,155 milhões de sacas de 60 kg de conilon em 2023, segundo números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Também colheu quase 3 milhões de sacas de café arábica em 2023, segundo a estatal, que aponta que das lavouras capixabas saíram neste ano 23,6% da produção total do Brasil, considerando todos os tipos de grãos.

“As altas temperaturas registradas, a precipitação abaixo da média e a consequente diminuição de reservas hídricas, são os fatores que causam maior alerta”, afirmou.

As condições atuais das lavouras de conilon no norte e noroeste do Estado do Espírito Santo “levam à sugestão de uma diminuição de produtividade para 2024”.

“Embora ainda seja precoce mensurar índices para a quebra da produção, no momento é possível considerar perdas entre 15% e 25%”, ressaltou a cooperativa.

“Contudo, é importante frisar que esses percentuais poderão sofrer variações, em face das particularidades de cada região e, até mesmo, em função de condições climáticas futuras, que ainda não podem ser antevistas, mas devem ser consideradas.”

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Nesta semana, o analista de café Fernando Maximiliano, da consultoria StoneX, havia alertado que as perspectivas para a safra de conilon do Espírito Santo tinham se deteriorado.

O Brasil é o maior produtor de café arábica e o segundo de grãos canéforas, atrás do Vietnã.

De acordo com o engenheiro agrônomo Perseu Fernando Perdoná, que atua como consultor técnico na região e foi citado no comunicado da cooperativa, o estágio atual da cultura implica em maior sensibilidade às ondas de calor.

“É importante considerar que os cafeeiros estão em fase de expansão de fruto, o que torna os grãos em formação mais vulneráveis às altas temperaturas”, disse.

Aliado a isso, a cooperativa apontou a incidência de algumas pragas nas áreas produtivas agravam a situação atual.

O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, disse que, ao estimar possibilidades de perdas, o propósito não é causar alarde.

“Neste momento é importante discutir sobre uma realidade que exige atenção, para que os cafeicultores possam avaliar quais as medidas de enfrentamento mais assertivas, a fim de mitigar os efeitos que essa situação de crise pode causar, especialmente com relação à safra 2024”, disse ele.

As exportações de grãos canéforas têm aumentado fortemente pelo Brasil, cujos grãos ficaram mais competitivos após uma quebra de safra no Vietnã e na Indonésia no último ano.

Em novembro, o Brasil exportou 856 mil sacas de grãos canéforas, alta de 678% em relação a idêntico período do ano passado, favorecendo os embarques gerais do país.

(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira e Pedro Fonseca)

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