Commodities explicam valorização do real

14 de fevereiro de 2007 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: 11/02/2007 05:02:42 - Folha de São Paulo

O Banco Central não pode ser acusado de ser o maior responsável pela forte valorização do câmbio. O principal fator continua sendo a alta de preços das commodities exportadas pelo Brasil, a grande razão dos elevados valores registrados na balança comercial.

Só em janeiro, números preliminares indicam que as exportações devem superar a casa dos US$ 11 bilhões, acima até da meta estabelecida pelo governo. É essa enxurrada de dinheiro que explica, em grande parte, a apreciação do real.

Para acompanhar o desempenho desses preços, o departamento econômico do Itaú elaborou um índice de commodities com uma cesta dos principais produtos exportados. Foram considerados apenas os preços spot (mercado à vista).

O gráfico acima indica claramente que a tendência ainda é de alta, principalmente se for levado em conta o índice sem petróleo.

Os aumentos de preços impressionam. Só em janeiro, os minérios metalúrgicos subiram 14,5%; a soja, 14,3%; a carne, 12,1%; papel e celulose, 5,9%; e o café, 4,6%, entre outros exemplos.
O desempenho do índice, segundo Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú, prova que só a política monetária não será suficiente para evitar a valorização do câmbio. Essa alta excessiva do índice é a principal explicação para o fato de o real ter se apreciado mais em relação a outros países.

Desde o início do ano passado, o real se valorizou cerca de 12% em relação ao dólar, enquanto em países como o Chile e a Austrália a moeda se apreciou entre 6% e 7%.

A melhor alternativa para evitar a valorização do real, de acordo com Málaga, parece estar afastada, pelo menos no curto prazo. A saída ideal seria um corte nas despesas do governo para o BC ter condições de acelerar a queda dos juros.

Dessa forma, o gasto privado não precisaria ser contido com os juros elevados, e isso aumentaria a demanda interna e poderia diminuir as exportações.

Mesmo considerando improvável essa hipótese de corte dos gastos públicos para o curto prazo, Málaga considera razoável, porém, o BC retomar os cortes de 0,5 ponto da Selic.


 

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