Chuvas deixam alagamentos na cidade e prejudicam hortaliças no campo
José Renato de Almeida Prado
As últimas chuvas puseram fim ao déficit hídrico nos solos agricultáveis em Jaú. O chuvoso mês de dezembro normalizou as reservas de água e proporciona boas condições para o desenvolvimento vegetativo das culturas agrícolas, como a cana-de-açúcar, café e frutas. O período é desfavorável para a olericultura, que já acumula perdas de até 60%.
Levantamento do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro), do Instituto Agronômico (IAC), revela que as condições para desenvolvimento vegetal em Jaú estão ótimas.
Até a última sexta-feira, segundo o observador meteorológico Ezequiel Rodrigues de Souza, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Regional Centro-Oeste, com sede em Jaú, choveu 284,4 milímetros no Município somente no mês de dezembro. Ao longo do ano, o volume de chuva acumula 1.327,9 milímetros.
“Este mês de dezembro tem registrado um volume de chuva superior ao mesmo período de 2005 e 2004, mas o ano foi de pouca chuva, tivemos uma seca prolongada, que vai acarretar queda na produção de cana em 2007”, comenta o agrônomo Glauber Gava, pesquisador da Apta Regional Centro-Oeste.
Amendoim
Segundo Gava, de uma maneira geral as chuvas até agora têm favorecido a cana-de-açúcar, laranja, soja, algodão, amendoim, milho e frutíferas. “Mas as culturas hortícolas, como a alface, estão sendo prejudicadas, porque as chuvas pesadas danificam a parte comestível.” (ver texto)
As condições climáticas atuais também favorecem o cafeeiro, porém, a produção final deverá ser menor em virtude de problemas ocorridos na formação das gemas florais antes das primeiras chuvas de setembro.
Segundo apuração do IAC, a disponibilidade de água no solo em Jaú é de 29 milímetros em uma profundidade de 25 centímetros; 59 milímetros até meio metro; e 119 milímetros na camada com um metro de profundidade.
Atípico
Para o agrônomo Omir Casaroto, o ano de 2006 foi atípico, com poucas chuvas e precipitações mal distribuídas. “Em janeiro choveu apenas um terço do habitual, que é entre 400 e 500 milímetros. No decorrer do ano, as chuvas vieram irregulares”, comenta. “As últimas precipitações supriram as necessidades das plantas, mas é preciso mais para repor a água nas minas e córregos.”
Casaroto considera normal um ano que acumule, no mínimo, 1.600 milímetros de chuva. “Não foi assim e comprometeu o café, que vegetou em vez de florir, alterou a produtividade dos citros e deve afetar a produção de soqueiras de cana para o ano que vem, com certeza.”