Chuva de granizo castiga Botelhos

Chuva de granizo castiga Botelhos
 
 
Margarida Hallacoc
Da Sucursal

VARGINHA – Ontem foi dia de limpeza em Botelhos, no Sul de Minas. Casas destelhadas, antenas de TV furadas ou simplesmente lançadas nos quintais dos vizinhos. Destruições consequentes da chuva forte, com muito vento e granizo, que caiu na noite de sábado atingindo em cheio a área central da cidade e bairros como o Bela Vista, Jardim José Alexandre, Cohab II e bairros da zona rural do município como o Ribeirão Santo Antônio e Panelão.
Na cidade, a fúria dos ventos arrancou a cobertura de dois postos de gasolina e do ginásio de esportes, que fica ao lado da prefeitura. O chefe do Departamento Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Leandro José da Costa, disse que, com a ventania, o telhado do ginásio praticamente dobrou sobre o da prefeitura.
“Com isso, todo o telhado da prefeitura ficou quebrado. A estrutura foi lançada para dentro, destruindo móveis, computadores. E ainda foi danificada toda a fiação elétrica e de telefone. Um transtorno geral”, conta.
Sem outra alternativa, o prefeito Mário Damasceno Ferreira alugou outro imóvel e providenciou a mudança ontem. Ele também passou o dia preparando laudos sobre os estragos causados e definia junto à Defesa Civil Estadual as providências cabíveis. Leandro disse ainda que cópias dos laudos dos levantamentos foram encaminhadas também aos deputados Carlos Mosconi e Geraldo Thadeu (ambos de Poços de Caldas), que prometeram ajudar intercedendo junto ao governador Aécio Neves.
De acordo com José Leandro, as pedras de granizo eram maiores que uma azeitona e caíram em grande quantidade, em meio ao vento que castigava. De acordo com Carolina Garcia Romão, da Polícia Militar de Botelhos, dez pessoas que se abrigavam do temporal em um posto de gasolina sofreram ferimentos em consequência da queda da cobertura do local. Elas foram encaminhadas ao hospital da cidade, onde foram atendidas e liberadas.
O caso de ferido mais grave em consequência da chuva foi o de Rodrigo Salvador, 23 anos, que dirigia um Gol na região da saída da cidade, onde há uma plantação de eucaliptos. No momento em que ele passava pelo local, o vento quebrou uma das árvores que caiu sobre o Gol e atingiu Rodrigo. Depois de ser atendido no hospital da cidade, ele foi encaminhado para Poços de Caldas, onde permanece internado com diagnóstico de lesões na coluna cervical.

Produtor de café tem prejuízo

Na zona rural de Botelhos, muitos produtores que estavam no auge da colheita do café tiveram prejuízos em função das rajadas de vento que derrubaram o café que ainda estava nos galhos. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater local, José Luiz Ansani, a área afetada não é tão grande, porém, os estragos foram marcantes.
“Derrubou todo o café que estava em ponto de colheita e ainda estragou lavouras mais novas e as que foram podadas e estavam em tempo de brota. Esse café que foi arrancado dos galhos e caiu no chão vai tornar agora o processo de colheita mais caro e muito mais trabalhoso. O café precisará ser varrido do chão e peneirado. A colheita renderá menos e ficará muito mais cara para o produtor”, ressalta.
Outro agravante é que, para realizar a operação de varrição nas lavouras, o produtor precisará esperar que o sol apareça, e que o café, mesmo no chão, fique mais seco Com a terra molhada fica impossível peneirar e separar a terra dos grãos de café.
“Se isso demorar alguns dias, o prejuízo para a qualidade do café colhido é grande, pois, molhado, no chão, o grão ao invés de secar começa a fermentar o que compromete o sabor da bebida”, diz. A semana começou sem sol no Sul de Minas, com muito frio e intensa neblina.