Tradição da “xícara solidária” ganha cada vez mais adeptos pelo mundo; nosso colunista Caio Tucunduva defende que tal gesto pode virar moda também no Brasil
Por CNN Brasil
“Em Nápoles, quando alguém está feliz, paga por dois cafés: um para ele e outro para o mundo todo.” A frase, atribuída ao escritor e cineasta napolitano Luciano De Crescenzo, se refere a uma tradição solidária comum nas cafeterias da cidade italiana onde ele nasceu: a do caffè sospeso.
Esse “café suspenso” – ou, em uma tradução humanizada, “café solidário” – é tipo um ato de generosidade em que as pessoas pedem um espresso para si e deixam outro acertado para alguém que virá depois, especialmente para aqueles que não têm condições de pagar por ele. Trata-se de um gesto que tem raízes profundas no amor do italiano pelo café, criando uma corrente de boa vontade.
Esse costume originou-se nos tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial, e virou uma tradição que foi resgatada em 2010 pelo histórico Caffè Gambrinus, endereço maravilhoso que recentemente completou 150 anos de atividade. Começou como uma resposta legal às dificuldades da guerra, mas foi além de Nápoles e ficou famoso mundo afora. Em 2011, rolou até o Dia do “Caffè Sospeso”, e a tradição se espalhou para Argentina, Ucrânia, Irlanda, Estados Unidos, Canadá, Romênia, Espanha e Austrália. Até a Starbucks UK entrou na onda em 2013.
Mais do que uma simples compra, o gesto virou símbolo de solidariedade, ajudando quem está com a “corda no pescoço”. Depois do café, surgiram em Nápoles iniciativas semelhantes para a compra de brinquedos, absorventes e até testes de Covid durante a pandemia. É a prova de como ela se adapta e continua levando calor e bondade. E, claro, não é uma prática cotidiana nem uma obrigação, mas sim uma escolha motivada pelo altruísmo do cliente.
Aqui no Brasil, a moda ainda não pegou, mas seria muito bacana se acontecesse. Quem sabe se nós, amantes do café, começarmos a fomentar a ideia toda vez que formos comprar uma xícara? Bora lançar o “Café Solidário” em terras tupiniquins? Eu já comecei a “cafequizar” a ideia nas cafeterias que frequento. Afinal, como também dizia De Crescenzo, oferecer um cafezinho é como “dizer a um amigo que o ama”.
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