Café: Quais são as expectativas de fluxo comercial do ponto de vista da União Europeia?

A diminuição das importações da UE desde 2022, impulsionada pelo aumento dos custos de armazenamento e pela legislação sobre desmatamento, estimulou uma maior dependência de estoques locais, sustentando os preços apesar da redução das importações e do aumento da concentração

Por hEDGEpoint

Em análise realizada neste relatório, a hEDGEpoint Global Markets mergulha no perfil das importações da União Europeia, a fim de compreender melhor as mudanças na estrutura do fluxo comercial que ocorreram nos últimos trimestres – e o que esperar para os próximos.

“Em primeiro lugar: concentração de mercado. A participação do café importado dos 5 principais países exportadores (Brasil, Vietnã, Uganda, Peru e Colômbia – no quarto trimestre de 2023) aumentou para 79%, de acordo com os últimos dados trimestrais consolidados do Eurostat (Figura 1). O gráfico mostra que, embora a sazonalidade apareça ao longo do ano, esse movimento tem desaparecido lentamente nas mínimas. Isto significa que, a cada ano que passa desde a pandemia, a diminuição esperada na concentração entre o segundo e o terceiro trimestre manteve, na verdade, níveis mais elevados, portanto, a linha de tendência ascendente”, explica Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.

A dependência destes 5 principais exportadores aumentou nos últimos 5 anos, culminando num máximo de curto prazo no quarto trimestre de 2023. Também é importante observar o papel que cada país teve individualmente: A Figura 2 mostra três pontos marcantes: i) o Brasil, embora sempre liderando, obteve uma participação de 45% no último trimestre, a maior da série (devido a uma maior dependência do conilon brasileiro também). ii) Uganda tem se solidificado como uma alternativa no robusta. iii) O Vietnã exportou sua menor participação no 4T/23, refletindo preocupações com o fornecimento.

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De acordo com Natália, “no geral, o bloco tem registado uma diminuição constante nas importações desde 2022 (Figura 3) – um reflexo direto dos custos de armazenamento mais elevados, conforme visto em relatórios anteriores. A queda mais substancial entre o segundo trimestre de 23 e o terceiro trimestre de 23 também esteve ligada à nova legislação em torno do desmatamento nos países de origem”.

E prossegue: “Consequentemente, os países de destino têm dependido mais do fornecimento local, o que levou a uma retirada de estoques, deixando este fato como um dos principais pontos de apoio aos preços, especialmente com a nova estrutura de fluxo comercial – menores importações, maior concentração”.

Atualmente, usando os números do USDA como uma referência para o que o mercado espera atualmente, os estoques finais para o ciclo 23/24 estão sendo estimados em 9,08 milhões de sacas na União Europeia. Isto exigiria um aumento de 25% nos estoques – o que é, de fato, superior à média esperada para o período (+6%, considerando dados dos últimos 10 anos).

“Ainda assim, é importante notar que os estoques na UE aumentaram 38% entre Dezembro de 2013 e Setembro de 2014, e há semelhanças: os estoques de origem foram 7% mais elevados no ciclo 13/14 quando comparados com 12/13, e ajudaram a sustentar o trade flow durante um ponto de déficit global (uma vez que as origens foram fortemente afetadas pelo El Niño). Portanto, a recuperação para o ciclo 24/25 pode ser um espelho da sua contraparte histórica”, destaca.

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Em resumo

“O relatório analisa as importações da União Europeia, destacando uma concentração crescente entre os 5 principais países exportadores de café, que representam agora 79% das importações. Esta tendência tem aumentado de forma constante, contrariando as expectativas sazonais, indicando uma mudança na dinâmica dos fluxos comerciais pós-pandemia. Notavelmente, o Brasil domina com uma quota de 45%, enquanto a Uganda emerge como uma alternativa robusta e o Vietnã enfrenta preocupações de abastecimento”, diz.

É importante ressaltar que as importações da UE diminuíram desde 2022 devido aos custos de armazenamento mais elevados, levando a uma maior dependência dos abastecimentos locais. Isto apoiou os preços, apesar da redução das importações e da maior concentração.

“Olhando para os próximos trimestres, os estoques finais para o ciclo 23/24 são estimados em 9,08 milhões de sacas, um aumento de 25%, com paralelos traçados com tendências históricas sugerindo uma recuperação potencial no ciclo 24/25, tudo mais constante em termos de desenvolvimento da safra 24/25”, conclui.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

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