Cafezais estão sendo erradicados no Vale do Ivaí no Paraná

Por: Jornal Tribuna do Norte

Para a safra 2009/2010 a área de café na regional deverá ter uma redução de 20%


Publicado em: 07/09/2009 08:07  
 
Foto:  Ivan Maldonado
 



  
Ivan Maldonado



Na década de 60 a cafeicultura se constituía  num dos elementos centrais no processo de ocupação do Vale do Ivaí. A procura pelos produtores rurais, por terras férteis que pudessem garantir a expansão do café, fez do produto o grande responsável pela colonização da região. Durante quase trinta anos os cafezais foram à principal atividade econômica no Vale do Ivaí, que é constituído em sua maioria por pequenas e médias propriedades rurais.


Com o agravamento da crise na cafeicultura a partir de1975,  quando as geadas atingiram de maneira desastrosa os cafezais e com a intensificação do êxodo rural, os pequenos e médios produtores iniciaram o processo de abandono da cultura e se dedicaram ao cultivo de outras lavouras. Apesar disso, alguns produtores insistiram no negócio e mantiveram parte de suas propriedades com o cultivo da planta


Entretanto, nos últimos anos os poucos cafezais existentes na região vem encontrando um cenário cada dia mais desfavorável, principalmente pelo baixo preço do produto, o alto custo de produção e a falta de mão de obra. “A situação está insuportável e os produtores, com certeza, abandonarão esta atividade, que já foi muito lucrativa e, nesse momento, está sendo um dos piores negócios dentro da atividade rural”, argumenta o agrônomo Sergio Carlos Empinotti, do Departamento de Economia Rural (Deral), da regional de Ivaiporã da Secretaria de Estado do Abastecimento (SEAB). Segundo o agrônomo para a próxima safra 2009/2010 a área de café na regional, que atualmente é de 7 mil hectares deverá ter uma redução de aproximadamente 20%.


De acordo com Empinotti o custo de produção aumentou mais de 100% em relação a 2004. O valor absoluto do custo de produção de R$ 328,00/sc é maior que a média do preço pago ao cafeicultor em 2008, de R$ 240,00/sc. O fator que mais impactou no custo de produção foi o adubo, que, em 2007, era de R$ 1.718,00/ha e, em 2008, de R$ 2.874,00/ha. Hoje o preço recebido pelo produtor não passa, em média, de R$ 235,00/sc, com os descontos de FUNRURAL, seguros, armazenagens, mão de obra, dentre outros, a diferença do preço de venda para o custo de produção chega a R$ 93,00/sc.


O produtor rural Benedito Trova Ribeiro possui um sitio de 10 alqueires entre Lunardelli e Jardim Alegre. Ele conta que durante toda a sua vida foi produtor de café. Há 12 anos quando veio morar na região chegou a ter a totalidade da área com o cultivo do produto. Nesta semana ele arrancou o último alqueire, onde ainda havia o cultivo da lavoura. “O preço é desanimador, e não compensa. Além disso, não estamos conseguindo mão de obra para o manejo e a colheita”, assinala Ribeiro. Na área onde o café foi arrancado o agricultor diz que pretende plantar soja.


Cafeicultor na região de Jacutinga a mais de 20 anos em Ivaiporã, Marcelo Freitas de Souza, atualmente  trabalha em uma lavoura de 4 alqueires em porcentagem com o cunhado. Ele também se diz desanimado e reclama dos custos da colheita e do preço de venda do produto. “Está muito difícil, principalmente na colheita, hoje nos estamos pagando aos diaristas em média R$ 35,00 reais por dia, na hora de vender e ver os lucros não sobra nada”, assinalou Souza.

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