Cafeterias em MG terão selo de qualidade
QUEILA ARIADNE
Com leite, com pão de queijo, com bolo de fubá e com prosa. As tradicionais combinações do café vão ganhar mais uma: café com grife. A partir de março, as cafeterias que trabalham com produto e atendimento de qualidade formarão o Círculo de Café de Qualidade (CCQ), certificado pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).
O selo será concedido aos estabelecimentos que trabalham com café de qualidade, em ambiente adequado e com profissionais capacitados para preservar as características da bebida. Cerca de 20 cafeterias de diversos Estados já estão em processo de certificação.
Até o lançamento do selo, outras devem ser incorporadas ao grupo. A iniciativa pretende colocar o hábito de tomar café na lista dos programas especiais entre amigos ou em família.
“O café está na moda e as cafeterias voltaram a ser pontos de encontro”, diz o diretorexecutivo da Abic, Nathan Herzkowicz. A cafeteria Santa Sophia, em Belo Horizonte, é uma das que entrará para a lista especial.
Nela, literalmente respira- se café e qualidade, desde a decoração – com moinhos e grãos expostos em tubos de ensaio –, até o atendimento feito por baristas (especialistas em café) treinados pela tricampeã brasileira do concurso de baristas, Sílvia Magalhães, que renovou o título na última quinta-feira.
O café da casa é cultivado em Carmo do Paranaíba, na fazenda São Luiz, da família de Magda Passeado, proprietária da Santa Sophia. Os grãos são rigorosamente selecionados.
“Essa certificação é uma prova de como o consumo do café gourmet está crescendo vertiginosamente e é resultado da busca pela padronização das condições necessárias para se servir uma xícara de qualidade como rastreabilidade do grão, tempo para torrar, armazenagem e técnicas de preparo”, afirma Magda.
Na cafeteria Santa Sophia, o ato de beber café não se restringe à xícara. O ambiente é totalmente sugestivo. Sacos espalhados pelo salão mostram os grãos aos clientes.
Variedade
A carta de café traz pelo menos 30 opções desde o tradicional expresso a misturas com chocolate, cremes e drinks. “O consumo está crescendo e o nível de exigência também”, observa o gerente da casa, Leonardo Ramos Pimenta. Cada opção tem uma peculiaridade.
O expresso é moído na hora. O café fondue é servido em uma taça de champanhe e leva pedaços de morango, uma camada de leite condensado e uma de expresso com chocolate meio amargo.
O mineirinho mistura shake de expresso, sorvete de creme e amendoim. O sabor do café especial da Santa Sophia pode ser levado para a casa. A cafeteria também comercializa embalagens do café gourmet em pó.
Aroma de crescimento
Sair para tomar café está se consolidando como um programa de entretenimento, assim como sair para tomar vinhos. O aumento do consumo está obrigando os sommeliers (profissionais especialistas em bebidas) a estudarem o produto mais a fundo.
“Para servir uma boa xícara de café precisamos conhecer as espécies, os processos de produção, as técnicas de torrefação”, afirma o sommelier da Enoteca Decanter, Clayton Silva. Segundo o especialista, o conhecimento faz a diferença.
“Hoje, muita gente almoça num restaurante e vem aqui só para tomar o nosso café gourmet, que também vendemos para o cliente levar para a casa. Atualmente servimos mais de 200 cafés por dia”, calcula. (com Ana Paula Pedrosa)
Consumidor já compra o produto pela Internet
O café gourmet está mesmo na moda. Os produtos feitos com os mais finos grãos podem ser encontrados nas prateleiras dos supermercados, com marca própria, e podem até mesmo ser comprados pela Internet. Há um ano, a rede Super Nosso apostou no café especial.
“Ele é procurado pelos clientes mais exigentes e já representa 5% das nossas vendas no segmento”, afirma o gerente de marketing do Super Nosso, Antônio Celso de Azevedo. O café especial do grupo vem do cerrado. Para estimular o consumo, a rede promove degustações dos produtos nas lojas.
“Na unidade do Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, exibimos um vídeo que mostra o cultivo, torrefação, seleção e mistura dos grãos e todas as etapas de produção do café gourmet. O objetivo é atrair os consumidores pela curiosidade”, destaca Azevedo.
Café on-line
Até pela Internet é possível comprar café. O café em grãos da rede Fran’s Café Expresso está sendo vendida pelo site Submarino.com. O pacote de 1 kg de grão torrado custa R$ 39,90 e os saches para máquinas de expresso custam R$ 29,90.
A venda de grãos especiais para o público internauta é promissora. O consumo de café é crescente. E, só até setembro do ano passado, o comércio eletrônico registrou um aumento de 70% nas vendas em relação ao ano anterior. (QA)
Processo de produção vira atração turística
ANA PAULA PEDROSA ENVIADA ESPECIAL
SANTO ANTÔNIO DO LEITE – O caminho do café, da colheita à xícara, virou atração turística no interior de Minas. Há cerca de um ano e meio, a Ouro Preto Turismo organiza visitas técnicas à fazenda Alto das Rubiáceas, em Santo Antônio do Leite, lugarejo que pertence a Ouro Preto.
Conhecida c o m o “preciosa rubiácea”, o café é a estrela d a p r o – priedade, que tem ainda plantações de hortaliças, cana-de-açúcar, frutas, entre outras. São 120 mil pés de diversas variedades de cafés arábica cultivadas há 25 anos pelo proprietário Fernando Celso Gonçalves.
A colheita gira entre 800 e 1.000 sacas por ano (de 48 toneladas a 60 toneladas), dependendo da bianualidade típica da cultura (um ano bom seguido de um ruim). A maior parte vai para exportação, mas cerca de 10% da produção é beneficiada no local.
“Os visitantes têm curiosidade em conhecer o processo”, diz a gerente de operações da Ouro Preto Turismo, Corina Andrade. A maioria dos visitantes vem da França, onde a fama da pousada chegou por meio de um editor de turismo que visitou o lugar e o incluiu em um guia turístico do país.
Entre maio e agosto, o visitante pode até ajudar na colheita do fruto durante o tour. Nos outros meses, o passeio permite conhecer o processo de secagem, a torrefação e a moagem do café.
Quem quiser esticar a estada, pode se hospedar na pousada Mirante do Café, construída há três anos na fazenda.
As diárias para o casal custam a partir de R$ 115 em baixa temporada e o cafezinho é garantido, inclusive para levar para casa. O produto – Café do Rei – é vendido apenas para hóspedes e nos estabelecimentos da região. O quilo sai por R$ 6.
Rede mundial de fast food também aposta na bebida
Até o McDonald’s, maior rede de fast food do mundo, rendeu-se ao sabor do café. Em outubro do ano passado, Belo Horizonte ganhou o seu primeiro McCafé, no BH Shopping.
“A rede desenvolveu uma pesquisa e constatou que 70% dos clientes tomam café no mesmo lugar que almoçam, um bom motivo para investir no segmento, que está crescendo a cada dia”, afirma o gerente geral da loja no BH Shopping, Igor César de Melo Azevedo.
Apesar de carregar na marca a tradição de fast, rapidez não é a característica chave no McCafé. O atendimento é diferenciado, para clientes que também são diferenciados e exigentes.
No lugar dos uniformes listrados e bonés típicos, os funcionários recebem os clientes com calça preta, camisa branca, gravata borboleta e colete xadrez. “A idéia é imprimir ao ambiente a sofisticação que os cafés gourmets servidos na casa sugerem”, explica Azevedo.
Expansão
O negócio tem dado tão certo que a rede já estuda abrir mais duas unidades em Belo Horizonte até o final de 2007 – uma no Diamond Mall e outra no Shopping Del Rey – mantendo o mesmo requinte. Segundo Azevedo, o café é feito exclusivamente para o McDonald’s.
“Um diferencial importante é que o cliente mexe o café com pauzinhos de canela, que dão mais sabor ao produto”, ressalta o gerente.
Para garantir a qualidade no atendimento, a rede investiu em treinamento com baristas da Itália, referência mundial do café expresso. Em apenas um ano, as vendas dos 48 McCafés espalhados pelo Brasil cresceram 20%. (QA)