Cafeicultura (de novo) pede socorro

Por: Folha de Londrina

Produtores sofrem com endividamento e altos custos; valor da saca está bem
abaixo dos gastos com a produção 
 
Raquel de
Carvalho




Dificuldades extremas, dívidas que ultrapassam os R$ 8 bilhões e
alto custo de produção mobilizam cafeicultores em todo o Brasil. Desde o mês de
março, os produtores tentar negociar com o governo medidas de socorro para a
situação que consideram insustentável. O governo já estabeleceu o preço mínimo
de R$ 261,00 a saca e estuda medidas para retirar o produto do mercado e formar
estoques.


Os R$ 261,00 estão aquém do valor calculado pelos próprios organismos do
governo para a remuneração da produção. Hoje, o produtor amarga altos custos,
principalmente com insumos e mão de obra, e que elevam o preço da produção para
R$ 355,00 a saca do café de cultivo tradicional, segundo levantamento do
Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná.
Recentemente, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) enviou
ofício ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, solicitando a correção do
valor.


Mas o preço mínimo não é o único fator que aflige os produtores. Segundo
eles, não basta retirar o café do mercado, pois esse produto pode voltar,
dependendo da pressão de indústrias e torrefadoras, e pressionar o preço para
baixo. Tanto que uma das propostas sistematizadas pela Faep, é definir regras
para as saídas futuras deste café.


De acordo com Guilherme Lange Goulart, presidente da Comissão de Café da
Faep, a entidade propõe que a Confederação Nacional de Agricultura (CNA),
porta-voz dos produtores, reivindique ao governo a retirada de 10 milhões de
sacas, que seriam trocadas pelas dívidas contraídas pelo Funcafé. Pela proposta,
os produtores teriam o direito de recompra desse estoque. ”Para evitar
pressões, o governo só poderia recolocá-lo no mercado quando o valor estivesse
20% maior que o preço da compra”, explica Goulart. Breno Pereira Mesquita,
presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, afirma que a proposição tem
apoio de produtores do país inteiro. Ele diz estar confiante no êxito das
negociações com o governo.


Outra reivindicação dos paranaenses é que parte do produto destinado ao
mercado externo seja vendido na forma de torrado e moído. Os cafeicultores
solicitam recálculo de dívidas, sem as sanções previstas nos contratos e com
carência de um ano. ”Tivemos um ano difícil, com a safra de baixa produção, que
teve também os prejuízos da seca em março e abril e excesso de chuvas em junho e
julho”, argumenta o dirigente.

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