Cafeicultores querem ampliar área e produção de robusta

20 de janeiro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: 20/01/2009 05:01:14 - DCI

SÃO PAULO – Com a retomada dos preços para o café o produtor quer agora garantir a rentabilidade no longo prazo. Para isso, cafeicultores de São Paulo aguardam os resultados dos estudos de viabilidade para a produção da variedade conilon (robusta) no estado. Apostando na consolidação dos fundamentos de mercado na formação dos preços internacionais, também cresce em todo o País o interesse em ampliar a área dos cafezais. O Ministério da Agricultura, por meio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), está incentivando o plantio de novas áreas de café arábica no Paraná e o desenvolvimento tecnológico nas lavouras de Minas Gerais. Enquanto na Bahia, o Banco do Nordeste está ampliando o financiamento ao café irrigado.


Conilon em São Paulo


Apesar de demandar grandes volumes de café robusta, em razão das indústrias de torrefação que estão sediadas na região, só agora com o preço do robusta valorizado que o interesse se intensificou. O preço da saca que antes equivalia a apenas 50% do arábica agora chega a 80% do valor da variedade, sendo que o custo de produção é bem menor.


Segundo Orlando Melo Bastos, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), já estão sendo criadas áreas pilotos de estudo para começar a atender a demanda que é crescente de muitos agricultores. “Na câmara setorial isso também está sendo discutido com as indústrias de processamento que têm uma fatia de interesse. Já há um grande mercado comprador local, o que faltava é tecnologia e isso nós estamos correndo atrás para oferecer”, afirmou.


O estudo de viabilidade está concentrado na Alta Paulista e no noroeste do estado, regiões com condições de cultivo mais favoráveis. No entanto, de acordo com Bastos, nos arredores de Franca já está surgindo alguma demanda, mesmo sendo uma região tradicional de arábica, por conta da necessidade de substituir a cana cuja colheita mecânica, que agora é obrigatória, é inviável naquela região. Até mesmo no Vale do Ribeira, onde não há produção de café, será feito um estudo em razão da boa distribuição de chuvas. “Possivelmente vamos tentar introduzir ali em pequenas propriedades, substituindo outras culturas que não estão gerando renda para a agricultura familiar”, acrescentou Bastos. Ele destacou ainda a possibilidade da criação de uma linha de crédito, voltada a agricultura familiar, para começar a financiar a implementação dessas cultivares.


Além de não interferir nas previsões de aumento no consumo mundial de café, a crise financeira, indiretamente, poderá beneficiar os produtores de conilon, por se tratar de uma matéria-prima mais barata para as empresas que fabricam café solúvel. De acordo com Julio César Mistro, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que acompanha a pesquisa de desenvolvimento do conilon em São Paulo, a demanda da indústria é cada vez maior. “É um mercado promissor, principalmente nos países asiáticos e na Rússia, que está começando a consumir café”, disse.


De acordo com o pesquisador, o projeto que é feito em conjunto com a Secretaria de Agricultura do Estado, foi uma demanda dos próprios produtores tendo em vista que o custo os preços do robusta que o tornaram mais atrativo nos últimos anos.


Áreas em expansão


A Secretaria da Agricultura do Paraná irá incentivar o incremento nos plantios de novas áreas de arábica no estado no Plano de Apoio para Sustentabilidade da Cafeicultura nas Propriedades Rurais do Paraná. De acordo com os técnicos, deverá ocorrer a reposição da quantidade de áreas recém-erradicadas e até mesmo aumento da área total cultivada no estado até 2010. No mesmo período, a Fundação de Apoio à Tecnologia Cafeeira (FunProcafé) pretende ampliar o desenvolvimento tecnológico disponível aos cafeicultores de Minas Gerais.


O Banco do Nordeste em Luís Eduardo Magalhães (LEM), no oeste da Bahia, acaba de contratar R$ 23,1 milhões para a Agroindústria Arakatu ampliar sua produção de café arábica irrigado. O crédito vai possibilitar a implantação de 320 hectares de cafezais , ampliação da usina de beneficiamento de café e aquisição de máquinas e equipamentos para condução das lavouras.


Com a retomada dos preços para o café, o produtor quer agora garantir a rentabilidade no longo prazo. Para isso, cafeicultores de São Paulo devem investir em conilon (robusta) no estado.


 

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