Café tem junho de perdas no mercado global com safra brasileira
No Brasil, o mercado físico esteve um pouco melhor sustentado, diante da valorização do dólar contra o real e da postura retraída dos vendedores.
Porto Alegre, 29 de junho de 2018 – Os preços do café arábica caíram no mês de junho no mercado internacional, balizado pela Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures US). O robusta também caiu (menos) na Bolsa de Londres. A colheita em andamento de uma safra recorde no Brasil pesou sobre as cotações. No Brasil, o mercado físico esteve um pouco melhor sustentado, diante da valorização do dólar contra o real e da postura retraída dos vendedores.
As condições climáticas são favoráveis agora ao andamento da colheita no Brasil, depois de um período de chuvas que atrapalharam os trabalhos no começo do processo. Mas essas chuvas foram boas para a produção futura de 2019. Além disso, não há riscos de geadas ou de frio mais intenso sobre os cafezais do Brasil até agora, outro fator baixista.
A safra recorde brasileira traz ao mercado o sentimento de tranquilidade no abastecimento global. O Rabobank aponta o superávit na oferta global de café 2018/19 em 3,8 milhões de sacas de 60 quilos, com déficit na oferta em 2017/18 em 3,6 milhões de sacas, com poucas alterações em relação ao levantamento anterior. A estimativa parte do boletim do segundo trimestre do ano do Rabobank.
O Rabobank estima a safra mundial 2018/19 em 167,2 milhões de sacas, com incremento de 7,18% no comparativo com a produção 2017/18, colocada em 156 milhões de sacas. Já a demanda global é estimada em 163,4 milhões de sacas em 2018/19, com aumento de 2,3% contra 2017/18 (159,7 milhões de sacas).
No balanço mensal até o dia 28, na Bolsa de NY o café arábica acumula no contrato setembro uma queda de 8,1%, caindo de 125,90 para 115,75 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, a posição setembro acumulou no balanço mensal uma baixa de 0,8%.
O mercado físico brasileiro de café teve um mês de junho de morosidade na maior parte do tempo. Os produtores procuram aparecer apenas para negociações pontuais dependendo da necessidade de caixa, enquanto o comprador espera por um cenário melhor para suas aquisições com a evolução da colheita e com mais cafés novos preparados para as negociações.
A alta do dólar, que acumulou contra o real uma elevação de 3,2% até o dia 28, limitou o impacto negativo das perdas externas. Assim, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais manteve-se estável no balanço mensal, com o preço atual em R$ 455,00 a saca na base de compra. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu um pouco, passando no comparativo de R$ 330,00 para R$ 328,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS