Café com história Fazenda Tozan diversificou a produção e atraiu turistas para aumentar sua receita

26 de junho de 2007 | Sem comentários Especiais Mais Café

Sintia Girardi




Autor: Tomas May
A Fazenda Tozan tem um bocado de pés de café, aproximadamente 1,2 milhão. Dá gosto de ver. Nos meses de setembro, outubro e novembro, o lugar fica ainda mais bonito: é a época da florada, de cor branca e perfume acentuado. Exatos seis meses depois, começa a colheita dos grãos. Na última safra foram colhidas 10 mil sacas. O café produzido na fazenda Tozan, em Campinas, São Paulo, é o da espécie Coffea arábica. O produto tem padrão de exportação e acaba embarcado para fora do país indiretamente, através de compradores nacionais.

As tecnologias aplicadas no campo e no processamento são as mais modernas: exigências para não perder espaço no mercado. As máquinas utilizadas na fazenda para lavar, despolpar e secar o café, são de última geração. “Estamos sempre buscando aprimorar a qualidade do produto, melhorar as condições da lavoura e aumentar nossa produtividade, ficando, assim, em uma situação mais estável em um mercado que é muito sensível às condições internacionais”, diz Clóvis da Silva Nunes, técnico agrícola da empresa. A importância do café para o agronegócio do país é grande. O desenvolvimento desta cultura marcou época e confunde-se com boa parte da história de crescimento do Brasil. Mas os produtores de café sempre enfrentaram momentos de altos e baixos: pragas, fungos, geadas, safras menores ou superoferta faziam, e ainda fazem, o preço do café oscilar.

Em 1932, a superprodução levou os fazendeiros de café a incinerarem o produto. Em 1977, a saca de 60 quilos chegou a custar US$ 400. Já em 2002, o preço despencou e a saca chegou a valer US$ 40, 90% a menos, o que não cobre o custo de produção. Quando a família japonesa Iwasaki do conglomerado Grupo Mitsubishi adquiriu a fazenda cafeeira Tozan, em 1927, já sabia que era preciso ter cautela. Hisaysa Iwasaki mandou para o Brasil Kiyoshi Yamamoto, que iniciou a administração da fazenda e diversificou a produção. Desde então, nem só de pés de café vive a Fazenda Tozan.


Autor: Tomas May
Fazenda Tozan: existente desde 1798, atingiu um ponto de equilíbrio com a sustentabilidade garantida
Atualmente, para garantir a sustentabilidade da empresa, são produzidas a cada ano cerca de 13 mil sacas de 60 quilos de milho, 17 mil toneladas de cana-de-açúcar e são criadas até 150 cabeças de gado. Mas, mesmo tendo encontrado este ponto de equilíbrio no agronegócio, a família Iwasaki percebeu que, além da terra fértil, tinha em mãos um patrimônio histórico e cultural datado de 1798 e preservado até os dias atuais. A bicentenária Fazenda Tozan, antiga Ponte Alta, sobreviveu ao período da cana-de-açúcar, à transição para a cultura cafeeira, à abolição da escravatura e à Segunda Guerra Mundial, quando foi confiscada pelo Governo – já que seus proprietários eram japoneses e suas terras ficaram praticamente abandonadas.

Com a visão do potencial para turismo rural, veio a decisão de abrir as porteiras. Em toda a parte antiga da fazenda foram restauradas as características originais. Também foi organizada uma estrutura com restaurante e equipe de monitores. No passeio, um guia especializado acompanha grupos de visitantes à casa-sede, de arquitetura colonial, à senzala e ao museu do café com máquinas que eram utilizadas na década de 1950.

Além de conhecer aspectos importantes da história do Brasil, os turistas também podem ver de perto todas as etapas de produção do café, da lavoura ao beneficiamento do produto. A propriedade fica a 8 quilômetros do centro de Campinas e recebe, a cada ano, entre 5 mil e 10 mil visitantes. “Nosso maior orgulho é, mesmo com todas as condições adversas, ser uma das últimas fazendas coloniais em plena produção e ainda com vários atrativos no setor de visitação”, diz Clóvis da Silva Nunes.

O café continua sendo o principal produto da Fazenda Tozan. Mas neste ano os Iwasaki vão colher menos. O café é uma cultura bianual – a planta sofre um estresse fisiológico, por isso, um ano produz bem, no outro, nem tanto. Ao contrário do cafezal da Fazenda Tozan, a maioria dos cafezais do país está em um bom ano e vai colher mais. No último levantamento, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a safra nacional de 2006/2007 chegue a 40,62 milhões de sacas, com acréscimo de 23,3% em relação à última safra, prejudicada pela bianualidade. O Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por 35% da produção. A área cultivada no país é superior a 2 milhões de hectares. Minas Gerais é o maior produtor, na seqüência vem Espírito Santo e São Paulo.

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