Brasil desponta como um dos países mais promissores na produção de orgânicos

Por: 07/05/2007 07:05:34 - Procana

Maria Selma dos Santos – LVBA

Por apresentar uma oferta diversificada, o Brasil já ocupa posição privilegiada entre os países produtores de orgânicos, embora ainda precise desenvolver os recursos que o promoverão da vaga de fornecedor de matérias-primas para a de exportador de gêneros para o consumo direto. A constatação não escapou à delegação brasileira que participou da mais recente edição da Biofach, realizada entre os dias 15 e 18 de fevereiro passado, em Nurembergue, Alemanha. A feira reuniu 2.566 expositores de 116 países e atraiu 45 mil visitantes.
Em franca expansão, o mercado internacional – que já absorve 70% da produção brasileira – busca soluções para uma demanda que cresce aceleradamente. Faltam produtos e o Brasil, com seus mais de seis milhões de hectares ainda por cultivar, é forte candidato à segunda colocação, atrás da Austrália, líder do segmento (oito milhões de hectares plantados). “Se fizer o dever de casa com louvor, o Brasil poderá ter um papel importante na mudança deste quadro”, disse Ming Chao Liu, gerente do projeto Organics Brasil, uma iniciativa surgida no Paraná desenvolvida pela APEX-Brasil (Agência de Desenvolvimento de Exportações e Investimentos) e o IPD (Instituto Paraná Desenvolvimento). O programa, cuja meta é capacitar novos produtores (e apoiar os já existentes) foi estendido a outros estados do país por recomendação da Agência, que há cinco anos organiza a presença brasileira na Biofach. Este ano, com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), a APEX-Brasil levou 36 expositores a Nurembergue, entre representantes de 25 empresas, quatro associações e sete cooperativas de 13 estados.


Metas


A imagem de grande provedor de ingredientes – a exemplo de café, cacau, açúcar, cereais e soja – precisará ser modificada, para que o país passe a ser reconhecido como fornecedor de produtos finalizados como biscoitos, cookies, sucos e geléias, “até chegar num nível de sofisticação maior, como o dos cosméticos”, completou Chao Liu. De acordo com ele, esta mudança começaria pela regulamentação do setor de orgânicos (cuja legislação é aguardada para este ano), passaria pela convergência da produção para um mesmo pólo – em termos atuais, ela está pulverizada pelo país –, e pela superação da pouca estrutura logística. Uma vez cumpridos, estes objetivos reforçarão o aspecto em que o Brasil está mais bem preparado – o das certificações.

“Em meio a este processo”, continuou Chao Liu, “esperamos que surjam empresas capazes de utilizar estas matérias-primas internamente, e que consigam agregar valores aos produtos de quem quer, mas não pode exportar”. Até 2009, o projeto Organics Brasil pretende fixar a Marca Brasil como um selo de produtos genuinamente nacionais. A intenção é movimentar a cadeia produtiva, criar empregos e fazer com que os benefícios resultantes destes procedimentos permaneçam dentro das fronteiras brasileiras. Além de atestar a confiabilidade do produtor/empresa, a participação numa feira deste porte estabelece o contato visual necessário a essa transformação. “A Biofach é uma ótima oportunidade para conhecer a concorrência e gerar novas parcerias. Os resultados que o Brasil vem obtendo demonstra que o trabalho de estruturar o setor está no caminho certo. Principalmente no que se refere aos pequenos produtores que iniciam uma bem-sucedida trajetória no mercado externo”, observa o presidente da APEX-Brasil, Juan Quirós.


Perspectivas


Em cinco anos, a Biofach rendeu ao Brasil negócios no valor de US$ 92 milhões. O evento também continua a prosperar: comparado a 2006, o número de expositores cresceu 23% (2/3 de estrangeiros), e o de visitantes, 20%. País-tema de 2007, a Itália compareceu com 356 participantes. Jordânia, Letônia, Liechtenstein, Malásia e Chipre compuseram o grupo dos estreantes. Em área ocupada, a NürnbergMesse, empresa detentora da marca, anunciou uma ampliação de 18%. Além de expositor, o Brasil é o hospedeiro de uma das quatro filiais da Feira – a Biofach América Latina -, que acontecerá em outubro próximo, em São Paulo. Com o apoio da Trend Operadora, foi realizado um sorteio de uma viagem entre os compradores que estiveram no estande brasileiro para participar da próxima edição da Biofach América Latina. A vencedora do concurso foi a bióloga mexicana Alma Rosa. Embora desejasse visitar a Biofach brasileira, ela temia não poder fazê-lo por falta de recursos.

Já no primeiro dos quatro dias de Feira, ficou claro para os brasileiros que a ida a Nurembergue foi uma decisão acertada. O saldo de US$ 850 mil em negócios fechados no próprio evento e a perspectiva do fechamento de outros US$ 17 milhões em vendas nos próximos 12 meses corresponderam às expectativas dos expositores. Juan Quirós, presidente da APEX-Brasil que desde 2003 acompanha a Feira, também usou o conceito de “lição de casa” para demonstrar que a ação prévia é o comportamento-chave para fazer boas vendas no exterior. “Os resultados muitas vezes não são imediatos, mas quando a empresa faz o dever de casa, procura os compradores e distribuidores antecipadamente, a vinda à Feira promove o contato pessoal fundamental para o fechamento dos negócios”, disse.

Quirós ressaltou que a APEX-Brasil busca o desenvolvimento de uma “cultura exportadora”. Ainda segundo ele, a continuidade do trabalho junto aos produtores tem favorecido a diversificação e o salto qualitativo dos produtos brasileiros, fatores decisivos para que importadores tenham no Brasil um fornecedor indispensável. Durante a Biofach, as estratégias para o progresso do setor no país foram demonstradas no seminário “Mercado Brasileiro”, apresentado por Maria Beatriz Costa, diretora da Planeta Orgânico, empresa co-organizadora da Biofach América Latina.

Incluído pela primeira vez no programa da Biofach alemã, o seminário atraiu um público em que se destacaram parceiros comerciais de longa data. “Pude observar vários compradores que já têm relações com vários projetos da APEX-Brasil. São formadores de opinião em seus próprios países que puderam constatar que o mercado brasileiro tem amadurecido e melhorado”, disse Eduardo Caldas, técnico da Agência e um dos palestrantes, ao lado de Ming Chao Liu, e de Fábio Ramos, diretor da Agrosuisse, empresa de consultoria agropecuária e agroindustrial.
“O seminário foi uma conquista pela qual trabalhamos muito”, frisou Maria Beatriz Costa. Ela destacou a importância do tema Sustentabilidade, sempre atual quando o assunto é o setor brasileiro de orgânicos. “É preciso divulgar uma boa imagem do Brasil, por meio dos inúmeros projetos de que o país dispõe, sobretudo na Amazônia”. Para marcar o início dessa campanha, a Biofach América Latina 2007 introduzirá o “Dia da Amazônia”. A promoção tem por objetivo apresentar histórias de sucesso da região. A idéia é transformá-lo em um roadshow a ser levado para outras feiras e eventos internacionais.


Tendências


Em Nurembergue, o estande brasileiro ocupou 445m2 do pavilhão 2 do Centro de Convenções. As instalações abrigaram desde produtos mais tradicionais como o café e a cachaça, a novidades como o açúcar e o arroz “biodinâmico” – e a barrinha de frutas tropicais –, além de açaí, mel, própolis, conservas, destilado de mandioca, castanhas de caju e do Brasil, roupas de algodão e cosméticos. “Sermos vistos aqui será positivo para os negócios em Nova Iorque”, observou o gerente da unidade americana da Surya Cosméticos, Vinicius Vasconcelos. A empresa participou da Biofach pela primeira vez, e aproveitou a feira para lançar uma embalagem 100% biodegradável – um pote de creme hidratante com um design funcional e decorativo. A Surya já está presente nos mercados brasileiro e norte-americano e busca, por meio da Biofach, uma janela para o mercado europeu.

Para órgãos públicos e entidades, a exemplo da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Distrito de Irrigação de Tabuleiros Litorâneos do Piauí (Ditalpi), e cooperativas estaduais, a Biofach revela-se um importante pólo de informação. “A visita a esta Feira permite traçar estratégias para desenvolver a região. Aqui se aprende também que não adianta produzir o que o mercado não vai absorver”, concluiu a coordernadora geral da Suframa, Eliany Gomes. Produtora de acerola, caju, coco e cajuína, a Ditalpi esteve pela primeira vez na Biofach. Na avaliação do gerente-executivo, Josenilto Lacerda Vasconcelos, a experiência trouxe inúmeros novos contatos e excelentes resultados. Outra estreante, a Fazenda&Casa, do município de Gaspar (SC), representada pela responsável pelas exportações da empresa, Neusa Felipi, levou um contingente de geléias, conservas, cereais e frutas desidratadas. “Deu para ter uma idéia abrangente de como funciona o mercado”, avaliou a representante.

Informação foi também a maior aquisição que o Instituto Biodinâmico (IBD) fez na Biofach da Alemanha. Atualidades quanto às certificações e à legislação internacionais estão entre os principais interesses do órgão, um dos mais antigos representantes do Brasil na Feira. Gwendal Bellocq, gerente de certificações do órgão, ressaltou o papel da APEX-Brasil no crescimento e na profissionalização da participação brasileira. Para ele, esta evolução será intensificada a partir da regulamentação do setor, o que incrementará as vendas brasileiras para o exterior e facilitará o crédito para pesquisa. Assim como o IBD, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) também esteve presente à Feira. Por meio do órgão, pequenos produtores de café da Bahia e de Minas Gerais puderam participar da Biofach em forma de pool.


Mercado


“Nossos orgânicos têm vantagem comparativa interessante, já que o país é sempre lembrado por sua exuberante natureza”, lembrou Eduardo Caldas ao comentar o aspecto da concorrência internacional. Esta diversidade e exclusividade de matérias-primas associadas à insuficiência da produção mundial dão ao Brasil uma vantagem singular, na opinião de Ming Chao Liu. Segundo ele, enquanto a demanda estiver acima da capacidade de produção, falar em concorrência é um equívoco. “Concorrência é desculpa para quem não consegue fazer o que tem que ser feito”.

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Brasil desponta como um dos países mais promissores na produção de orgânicos

Por: 27/02/2007 19:02:03 - MAXPRESS

27/02/2007 19:02:03 – MAXPRESS
Dois anos depois de ser tema da maior feira internacional de produtos orgânicos na Alemanha, Brasil ganha espaço no setor que movimenta US$ 12 bilhões em todo o mundo


Por apresentar uma oferta diversificada, o Brasil ocupa posição privilegiada entre os países produtores de orgânicos, embora ainda precise desenvolver os recursos que o promoverão da vaga de fornecedor de matérias-primas para a de exportador de gêneros para o consumo direto. A constatação não escapou à delegação brasileira, que participou da edição 2007 da Biofach, realizada entre os dias 15 e 18 de fevereiro passado, em Nuremberg, Alemanha. A feira reuniu 2.566 expositores de 116 países e atraiu 45 mil visitantes.


Em franca expansão, o mercado internacional – que já absorve 70% da produção brasileira – busca soluções para uma demanda que cresce aceleradamente. Faltam produtos e o Brasil, com seus mais de seis milhões de hectares ainda por cultivar, é forte candidato à segunda colocação, atrás da Austrália, líder do segmento (oito milhões de hectares plantados). “Se fizer o dever de casa com louvor, o Brasil poderá ter um papel importante na mudança deste quadro”, disse Ming Chao Liu, gerente do projeto Organics Brasil, uma iniciativa surgida no Paraná desenvolvida pela APEX-Brasil e o IPD (Instituto Paraná Desenvolvimento). O programa, cuja meta é capacitar novos produtores e apoiar os já existentes foi estendido a outros estados do país por recomendação da Agência, que há cinco anos organiza a presença brasileira na Biofach. Este ano, com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), a APEX-Brasil levou 36 expositores a Nuremberg, entre representantes de 25 empresas, quatro associações e sete cooperativas de 13 estados.


Metas
A imagem de grande provedor de ingredientes – a exemplo de café, cacau, açúcar, cereais e soja – precisará ser modificada, para que o país passe a ser reconhecido como fornecedor de produtos finalizados como biscoitos, cookies, sucos e geléias, “até chegar num nível de sofisticação maior, como o dos cosméticos”, completou Chao Liu. De acordo com ele, esta mudança começaria pela regulamentação do setor de orgânicos (cuja legislação é aguardada para este ano), passaria pela convergência da produção para um mesmo pólo – em termos atuais, ela está pulverizada pelo país -, e pela superação da pouca estrutura logística. Uma vez cumpridos, estes objetivos reforçarão o aspecto em que o Brasil está mais bem preparado – o das certificações.


“Em meio a este processo”, continuou Chao Liu, “esperamos que surjam empresas capazes de utilizar estas matérias-primas internamente, e que consigam agregar valores aos produtos de quem quer, mas não pode exportar”. Até 2009, o projeto Organics Brasil pretende fixar a Marca Brasil como um selo de produtos genuinamente nacionais. A intenção é movimentar a cadeia produtiva, criar empregos e fazer com que os benefícios resultantes destes procedimentos permaneçam dentro das fronteiras brasileiras. Além de atestar a confiabilidade do produtor/empresa, a participação numa feira deste porte estabelece o contato visual necessário a essa transformação. “A Biofach é uma ótima oportunidade para conhecer a concorrência e gerar novas parcerias. Os resultados que o Brasil vem obtendo demonstram que o trabalho de estruturar o setor está no caminho certo. Principalmente no que se refere aos pequenos produtores que iniciam uma bem-sucedida trajetória no mercado externo”, observa o presidente da APEX-Brasil, Juan Quirós.


Perspectivas
Em cinco anos, a Biofach rendeu ao Brasil negócios no valor de US$ 92 milhões. O evento também continua a prosperar: comparado a 2006, o número de expositores cresceu 23% (2/3 de estrangeiros), e o de visitantes, 20%. Além de expositor, o Brasil é o hospedeiro de uma das quatro filiais da Feira – a Biofach América Latina -, que acontecerá em outubro próximo, em São Paulo.


Já no primeiro dia de Feira, ficou claro para os brasileiros que a ida a Nuremberg foi uma decisão acertada. O saldo de US$ 850 mil em negócios fechados no próprio evento e a perspectiva do fechamento de outros US$ 17 milhões em vendas nos próximos 12 meses corresponderam às expectativas dos expositores. Juan Quirós, presidente da APEX-Brasil, também usou o conceito de “lição de casa” para demonstrar que a ação prévia é o comportamento-chave para fazer boas vendas no exterior. “Os resultados muitas vezes não são imediatos, mas quando a empresa faz o dever de casa, procura os compradores e distribuidores antecipadamente, a vinda à Feira promove o contato pessoal fundamental para o fechamento dos negócios”, disse.


Quirós ressaltou que a APEX-Brasil busca o desenvolvimento de uma “cultura exportadora”. Ainda segundo ele, a continuidade do trabalho junto aos produtores tem favorecido a diversificação e o salto qualitativo dos produtos brasileiros, fatores decisivos para que importadores tenham no Brasil um fornecedor indispensável.


Tendências
O estande brasileiro ocupou 445 m² do pavilhão 2 do Centro de Convenções. As instalações abrigaram desde produtos mais tradicionais como o café e a cachaça, a novidades como o açúcar e o arroz “biodinâmico” – e a barra de frutas tropicais -, além de açaí, mel, própolis, conservas, destilado de mandioca, castanhas de caju e do Brasil, roupas de algodão e cosméticos. “Sermos vistos aqui será positivo para os negócios em Nova Iorque”, observou o gerente da unidade americana da Surya Cosméticos, Vinicius Vasconcelos. A empresa participou da Biofach pela primeira vez, e aproveitou a feira para lançar uma embalagem 100% biodegradável – um pote de creme hidratante com um design funcional e decorativo. A Surya já está presente nos mercados brasileiro e norte-americano e busca, por meio da Biofach, uma janela para o mercado europeu.


Informação foi também a maior aquisição que o Instituto Biodinâmico (IBD) fez na Biofach da Alemanha. Atualidades quanto às certificações e à legislação internacionais estão entre os principais interesses do órgão, um dos mais antigos representantes do Brasil na Feira. Gwendal Bellocq, gerente de certificações do órgão, ressaltou o papel da APEX-Brasil no crescimento e na profissionalização da participação brasileira. Para ele, esta evolução será intensificada a partir da regulamentação do setor, o que incrementará as vendas brasileiras para o exterior e facilitará o crédito para pesquisa. Assim como o IBD, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) também esteve presente à Feira.


Mercado
“Nossos orgânicos têm vantagem comparativa interessante, já que o país é sempre lembrado por sua exuberante natureza”, lembrou Eduardo Caldas ao comentar o aspecto da concorrência internacional. Esta diversidade e exclusividade de matérias-primas associadas à insuficiência da produção mundial dão ao Brasil uma vantagem singular, na opinião de Ming Chao Liu. Segundo ele, enquanto a demanda estiver acima da capacidade de produção, falar em concorrência é um equívoco. “Concorrência é desculpa para quem não consegue fazer o que tem que ser feito”. 

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