APTA-SP publica matéria sobre Comunidade de MANEJO
José Venâncio de Resende
Mais de mil membros (pesquisadores, técnicos-extensionistas e produtores de café) e mais de 600 mil visitas, de 84 países, principalmente Brasil, Estados Unidos, Portugal, Japão e Bélgica. Trata-se da comunidade “Manejo da Lavoura Cafeeira”, uma das mais antigas e a mais acessada entre as 1500 comunidades da rede social Peabirus (http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=218).
“Somos hoje referência em redes sociais voltadas ao setor agrícola. Tenho sido convidado a ministrar palestras em diversas Universidades e Centros de Pesquisa, mostrando nossos resultados”, diz o pesquisador Sérgio Parreiras Pereira, do Instituto Agronômico (IAC-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, atualmente doutorando na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Ele é o mediador da comunidade virtual desde o seu início há mais de três anos. “Eu não faço mediação; sou mais um articulador de redes”, costuma dizer.
A comunidade virtual surgiu de uma parceria entre o Consórcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), que congrega mais de 50 instituições ligadas à pesquisa cafeeira, e do Conselho Nacional do Café (CNC), que representa as principais cooperativas do Brasil. “Havia necessidade de articular a interação desses pesquisadores com os técnicos da extensão rural”, diz Pereira.
Assim, a comunidade “Manejo da Lavoura Cafeeira” surgiu em junho de 2006, pouco depois da criação da rede social Peabirus, conta o pesquisador do IAC. “As direções das entidades tomaram a decisão pela implantação da Rede Cafés do Brasil, que congregava várias comunidades ligadas aos pesquisadores e às cooperativas, e várias pessoas foram convidadas a assumir a mediação das comunidades criadas.”
Como os demais mediadores, Pereira admite que não tinha o perfil de mediador, mas que aprendeu fazendo. Durante suas palestras em eventos, congressos e seminários, por exemplo, o pesquisador do IAC solicita o e-mail dos participantes e os convida a entrarem na comunidade. “Eu tento provocar as pessoas para que ingressem na comunidade e participem dando a sua opinião. São pessoas que estão em diferentes localidades e que tem alguma ligação com o agronegócio café.”
Pereira conta que a primeira provocação que fez aos membros da comunidade foi a partir de uma palestra em novembro de 2006, em Varginha (MG). Durante a palestra, um pesquisador afirmou que o defensivo agrícola glifosato prejudicava a cultura do café. “Isto gerou um debate muito grande no evento presencial. Então eu decidi jogar a questão na rede virtual, quando o Peabirus estava engatinhando.” O resultado foram 16 comentários e mais de mil visitas num único bloco, com opiniões de técnicos e mesmo de lideranças como o cafeicultor Luis Hafers, que acessou a comunidade e se posicionou em relação ao debate. “Foi o primeiro indicativo de que algo poderia ser construído coletivamente.”
Trabalhos acadêmicos
Os resultados da comunidade, como ferramenta de difusão e transferência de tecnologia e até mesmo de extensão rural, já vem sendo apresentados em simpósios e congressos por meio de trabalhos científicos, de acordo com Sérgio Pereira.
Num desses trabalhos, denominado “Rede Café´s do Brasil: construção participativa do conhecimento no sistema agroindustrial do café”, os pesquisadores Sérgio Parreiras Pereira, Cibele Maria Garcia de Aguiar e Paulo Henrique Leme destacaram que a inteligência coletiva cria novo conteúdo, ao contrário da mídia em massa que oferece conteúdo. “A construção dos conteúdos e do conhecimento ocorrem de forma coletiva e participativa.”
O trabalho conclui que “as informações (idôneas e de qualidade) sobre temas relevantes ao setor cafeeiro – resultantes desse processo contínuo de construção do conhecimento – chegam a um número exponencial de usuários, tornando a comunidade de Manejo forte ferramenta de articulação entre os agentes do agronegócio café e de integração de informações entre as regiões produtoras.” Estes temas já migram para a mídia nacional, onde “ganham destaque e contribuem para a difusão do conhecimento, através da construção coletiva”.
Já o trabalho “Perfil e auto-avaliação da comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira do Peabirus: proposta metodológica colaborativa por meio de ferramentais da Internet”, apresentado este ano no VI Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, conclui que as técnicas e práticas ligadas à produção de café são os temas de interesse escolhidos por 73% dos participantes da comunidade. Em seguida, aparece o mercado de café (62%) com assuntos como cotação, exportação, crise e drawback. Destacam-se ainda informações de pesquisa, cafés especiais e certificados, informativos diversos e divulgação de eventos.
“A Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira tornou possível por meio do presente estudo a construção colaborativa do próprio perfil, bem como a análise e auto-avaliação de sua atuação durante os três anos de existência do Peabirus”, observam os pesquisadores Sérgio Parreiras Pereira, Cibele Maria Garcia de Aguiar, Fábio Lúcio Martins Neto, Nádia Carvalho, Paulo Henrique Montagnana, Vicente Leme, Danielle Pereira Baliza, Fabrício Moreira Sobreira, Dariana Zenella Martinhago, Eduardo César Silva, Chrystian Teixeira Rocha e Agno Tadeu da Silva.
Pereira destaca ainda que as Redes Sociais e as Comunidades de Prática são ferramentas capazes de quebrar barreiras geográficas, temporais, financeiras e culturais. “Em um momento onde muito se ouve de propriedade intelectual, observamos emergir outro movimento, o da generosidade intelectual. Nasce um modelo de produção que utiliza dos conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdos ou desenvolver novas tecnologias.”
Integração
Pereira destaca, ainda, o apoio de técnicos da Secretaria à comunidade, cuja participação serve de “modelo de interação entre institutos e coordenadorias da SAA-SP rumo à inovação”.
Um desses técnicos é o pesquisador Celso Luis Rodrigues Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), “um dos maiores colaboradores (consta na página principal) da comunidade há uns dois anos e seus artigos são sempre muito debatidos. Vegro participa ativamente dos debates e nos auxilia colaborativamente na mediação da comunidade”.
Outro nome é o engenheiro agrônomo Oswaldo Julio Vischi Filho, da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), que “participa efetivamente dos nossos debates sempre de forma pró-ativa. Ele ainda é mediador da comunidade Manejo e Conservação do Solo (http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=1349)”.
Pereira coloca-se à disposição daqueles que se interessam pelo tema. Para entrar em contato com o pesquisador, basta escrever para o e-mail sergiopereira@iac.sp.gov.br.
As informações são da Assessoria de Comunicação da APTA noticiou a Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira.