Analistas reduzem recomendação para SLC Agrícola

Por: GAZETA MERCANTIL


 
 
Jornal: GAZETA MERCANTIL
Data Publicação: 13/03/09


São Paulo, 13 de Março de 2009 – O crescimento na área plantada e a melhoria de preços das commodities agrícolas, especialmente com vendas do primeiro semestre, renderam à SLC Agrícola um balanço positivo no consolidado de 2008 – mas os analistas de investimento não ficaram completamente satisfeitos com indicadores dos últimos três meses.


Em relação à receita líquida da proprietária de terras e umas das maiores produtoras de algodão, soja e milho do País, a Brascan Corretora esperava um crescimento superior aos 68,5% sobre o quarto trimestre de 2007. A corretora manteve o preço-alvo de R$ 20, mesmo considerando que a receita dos três últimos meses do ano ficou 13,1% abaixo das estimativas. Hoje o papel é negociado na casa de R$ 13,00.


A margem Ebitda, medida de rentabilidade, foi de 25,9% no período, mas com retração de 20,9 pontos percentuais sobre igual período de 2007. A estimativa da analista Denise Messer era 9 pontos percentuais acima do resultado anunciado. “Acreditamos que 2009 será um ano difícil para o setor em termos de margem, devido aos altos custos e aos menores preços das commodities agrícolas”, ressalta, em relatório.


O resultado financeiro ficou negativo por conta da variação de moeda (sem efeito caixa). A companhia mantém hedge cambial e a maior parte de suas vendas é destinada ao mercado externo – no consolidado de 2008, responsável por quase 55% da receita bruta. Para Peter Ping Ho, analista da corretora Planner, é o custo com proteção de variação de moeda que pode afetar os resultados da empresa este ano.


“O lucro consolidado ficou dentro do esperado, mas o resultado financeiro acabou sendo influenciado pelos contratos de hedge. Mesmo com a alta de preços dos produtos, quem acaba se beneficiando mais são os traders, que ficam entre a produtora e o consumidor final”, avalia Ping Ho. “Além disso, para cultivar o grão, a empresa já fecha um contrato de venda. Garante venda, mas limita ganho.”


O analista está revisando para baixo o preço-alvo do papel e trocou a recomendação de compra para manutenção. No ano, a SLC Agrícola registrou crescimento de 53,9% na receita líquida apurada em 2008 em relação ao exercício anterior, alcançando o recorde de R$ 413,7 milhões, já considerando ajustes contábeis da Lei 11.638/07. Isso porque, em 2008, o preço do algodão aumentou 17,1% e o da soja, 24,5%.


A companhia tem recomendação de compra de cinco das sete corretoras que fazem cobertura dos papéis, mas algumas devem ser revistas com os novos resultados. Entre as mais recentes revisões, a equipe do JP Morgan indica os papéis considerando um preço-alvo de R$ 15,50 para o final do ano, mesmo preço estimado pelos analistas do Morgan Stanley que, por sua vez, recomendam manutenção.


A estimativa mais otimista é da BB Investimento, que avalia que a ação da companhia agrícola pode se ajustar a um valor de R$ 22,50 até o final do ano. Os analistas da corretora Merrill Lynch têm uma visão mais conservadora. A equipe indica a manutenção dos papéis, conforme revisão feita em janeiro, projetando valor de R$ 14,00 por ação. A empresa também acredita na valorização de seus papéis, por isso realizou no ano passado um programa de recompra. Em janeiro, a companhia finalizou a aquisição de 1,31 milhão de ações de sua própria emissão, ao preço médio de R$ 11,92, correspondente a 2,71% das ações em circulação.


A Lopes Filho não tem recomendação sobre o papel, mas ressaltou em relatório que a companhia estima um impacto amenizado para este ano considerando que a demanda por alimentos deva sofrer menos que outros setores, assegurando comercialização das safras de milho, trigo, café e soja. A analista Maria Cristina Costa ressalta, entretanto, o aumento do endividamento da empresa, o encarecimento do crédito e a tendência de redução dos preços dos produtos agrícolas. Não há consenso entre as corretoras sobre as perspectivas para a empresa, mas os analistas têm evitado incluir commodities agrícolas em suas carteiras de recomendação pela dificuldade de previsão do cenário para a atividade.


 

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