Alimentos sobem quase 50% em um mês

Por: 12/04/2008 07:04:27 - Tribuna de Minas

O reajuste do salário mínimo nem bem chegou ao bolso do trabalhador, e o juizforano já está precisando gastar mais para abastecer a dispensa de casa. Dos 13 itens que compõem a cesta básica, sete apresentaram alta, na comparação dos preços praticados esta semana em relação aos vigentes no mês anterior. No ranking dos produtos mais caros estão: batata (47,90%), pão de sal francês (30%), farinha de trigo especial (10,44%), arroz tipo 2 (7,69%), óleo de soja (6,71%), feijão tipo 2 (5,63%) e tomate (2,81%).


Os dados, apurados pela Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA), têm por base o custo dos alimentos na última quinta-feira, dia 10, na comparação com a semana do dia 13 de março. Na contramão, seis itens estão saindo mais baratos para o consumidor, considerando o mesmo período. São eles: banana prata (-9,12%), açúcar cristal (-8,75%), leite tipo C (-2,88%), carne de 2ª (-1,51%), café torrado moído (-0,64%) e manteiga comum (-0,47%).


“A época do alimento barato acabou”, sentencia o presidente do Sindicato Rural de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto. Segundo ele, o fato de os grãos serem commodities, cotados em moeda americana, e terem seus custos associados ao mercado internacional faz com que o impacto no bolso do consumidor seja maior. Há, ainda, o enfoque na exportação, que estaria restringindo a oferta de alimentos no mercado interno, elevando o preço.


Entre os grãos, a soja, que disparou, teria atingido o seu patamar, tendendo à estabilização. Já o preço do feijão, que subiu em função da entressafra, deve cair, por conta do início da colheita. Domingos comenta que a alta de outros produtos, como batata e arroz, também deve-se à sazonalidade. Na avaliação do presidente do Sindicato Rural, o arroz deve subir mais um pouco. Produtos lácteos e café também devem ser majorados, em função da grande aceitação no mercado externo.


De acordo com o vice-presidente regional da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Carlos Daniel, a alta dos alimentos, já percebida pelos consumidores nas gôndolas, deve-se à variação da economia nesta época, impulsionada pelos reajustes nos salários, inclusive o mínimo. Há, ainda, fatores do mercado externo, como a escassez do trigo argentino, que abastece 80% do mercado nacional, e está elevando os preços da farinha e, por conseqüência, de pães, massas, biscoitos e outros derivados. “Com as altas, o consumidor não reduz a compra do mês, mas procura mais promoções, substitui por produtos similares e prioriza as marcas mais baratas,” avalia.


Inflação
Foi o grupo alimentos que elevou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima das expectativas para março, elevando a expectativa do mercado para uma possível alta na taxa básica de juros (Selic). Segundo a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o reajuste em produtos como óleo de soja (9,81%) e pão francês (4,24%) respondeu a aumentos na demanda interna e externa, impulsionando o índice.


A taxa apurada pelo IBGE foi de 0,48%, a maior referente a março desde 2005. Os grupos de alimentos e bebidas, além de educação contribuíram, juntos, com 62% do IPCA acumulado nos três primeiros meses de 2008. Em 12 meses, o índice já chegou a 4,73%, ultrapassando a meta fixada pelo Governo para este ano: 4,5%.


 

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