Depois de muitos alarmes falsos, a americana Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, especializada em cafés especiais, deve finalmente desembarcar no Brasil. A previsão é que a rede abra sua primeira unidade em São Paulo entre o fim de 2005 e o iníc
Recentemente, Howard Schultz, dono da rede Starbucks, almoçou com o secretário de Produção e de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Lineu da Costa Lima, em Seattle, na região noroeste dos Estados Unidos, onde fica a sede da Starbucks. Segundo Lima, o ‘rei do café especial’, pediu informações detalhadas sobre o mercado brasileiro, como taxas alfandegárias, possibilidades de importação de máquinas e todos os trâmites legais para se instalar aqui. ‘Ele me disse que queria trazer a sua rede de cafeterias para o Brasil’, afirma Lima.
‘Eu respondi que ele já estava atrasado.’
As relações da Starbucks com o Brasil começaram em 1997, quando a rede assinou o primeiro contrato de fornecimento com a Fazenda Ipanema, a maior produtora de cafés especiais do mundo, com propriedades no sul de Minas Gerais. Inicialmente, a Ipanema fornecia apenas 100 sacas anuais de café para a rede, mas o volume cresceu em progressão geométrica e hoje já alcança 120.000 sacas por ano, o equivalente a 15% de toda a produção da fazenda.
Em junho, durante a última visita de representantes da rede americana ao Brasil para renovar contrato com a Ipanema, eles falaram da intenção de se instalar no país, de acordo com Edgard Bressani, um dos administradores da fazenda. Bressani afirma que os represen-
tantes da Starbucks disseram que a rede estaria vindo para o Brasil pelas mãos de um dos sócios da rede australiana de restaurantes Outback no país.
O empresário José Henrique Ribeiro, um dos franqueadores e sócio da rede Frans Café, uma das maiores no ramo de cafeteria no país, diz que a empresa vem acompanhando de perto as informações sobre a vinda da Starbucks. Mas ele garante que vê a notícia com bons olhos. ‘O Frans Café está preparado para ter a Starbucks como concorrente’, diz Ribeiro. ‘A rede americana vai somar, chamar a atenção para o setor e fomentar novos negócios.’
COPOS DE PAPEL – O empresário Marco Suplicy, dono da rede Suplicy Cafés Especiais, com três cafeterias em São Paulo, também dá como certa a vinda da Starbucks e diz não se abalar. Segundo ele, o desembarque da rede americana é saudável para o mercado. ‘Em todos os países em que a Starbucks se instalou houve ganho para quem já estava no ramo’, diz Suplicy. ‘O setor deve ganhar evidência na mídia e nas conversas das pessoas. ‘
Embora o Brasil seja um dos países de maior consumo de café do mundo, alguns empresários do ramo acreditam que a Starbucks deverá encontrar dificuldades para cativar o mercado. Um dos motivos seria o fato de a rede servir o café em copos de papel. Além disso, as suas lojas costumam ter pouco espaço interno, já que a idéia é que o cliente compre o café para tomar na rua – o chamado take away, outro hábito não difundido no país.
Mas não se pode esquecer de que foi justamente o estilo diferente criado por Schultz que conquistou o mundo. Hoje, a Starbucks, que abriu a sua primeira loja em 1971, possui 9.000 unidades espalhadas pelos cinco continentes. Em 1996, a empresa inaugurou uma unidade em Tóquio, a primeira fora dos Estados Unidos. Em 2001, a rede entrou na Europa. Um ano depois chegou à América Latina, com lojas no México, Porto Rico, Chile e Peru. Agora, parece que chegou a vez do Brasil