Expectativa é de que sejam exportadas neste ano menos 2,3 milhões de sacas
ELIZABETH OLIVEIRA
DO JORNAL DO COMMERCIO
Previsões nada otimistas indicam que as exportações brasileiras de café atingirão, no máximo, 25 milhões de sacas este ano, ante 27,3 milhões de sacas exportadas em 2006. A expectativa do presidente do Conselho dos Exportadores de café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, é de que a elevação da cotação do produto no mercado internacional, em função da redução da oferta global, não será suficiente para aumentar a receita do setor, que atingiu US$ 3,2 bilhões no ano passado. “Esperamos para este ano receita igual à do ano passaado”, adianta.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizará no próximo mês o segundo levantamento anual de safra do café. O primeiro, entre novembro e dezembro último, indicava que a safra 2007/2008 oscilaria entre 31,074 milhões de sacas e 32,341 milhões de sacas, ante 42,502 milhões de sacas colhidas no período 2006/2007. A redução é fruto da chamada bianualidade, que faz com que a produção seja mais alta em um ano e mais baixa em outro. No entanto, especialistas do setor garantem que essa oscilação da cultura cafeeira foi resultado fatores climáticos adversos, como a falta de chuvas no período da florada no ano passado.
“Ainda é cedo para dizer até que ponto o déficit hídrico pode ter comprometido a safra. Talvez tenhamos que esperar até o terceiro levantamento anual, em agosto, para ter uma avaliação mais precisa sobre essa interferência da falta de chuvas na queda da produção”, explica o analista de Mercado de café da Conab, Jorge Queiróz.
O especialista acrescenta que anualmente são realizados quatro levantamentos de safra cafeeira. O último do ano é feito em dezembro. Queiróz, no entanto, admite que uma grande preocupação em relação à falta de chuva acentuada no período da florada refere-se ao Estado de Minas Gerais, responsável pela produção de cerca de 50% do café colhido no Brasil. “Apesar disso, não temos base ainda para falar com mais segurança se o déficit hídrico vai comprometer a próxima colheita da forma como tem sido previsto”, reforça.
O analista da Conab explica que todas as preocupações em torno das perspectivas de produção e exportações do café brasileiro são relevantes, haja vista a posição de maior exportador mundial ocupada pelo Brasil. O tema também desperta debate em nível internacional, já que o consumo mundial tem crescido e a oferta não tem acompanhado o mesmo ritmo. Em função disso, os estoques globais dos países produtores são os mais baixos dos últimos 16 anos. “Eram 55 milhões de sacas em 1990, atualmente são 18 milhões de sacas”, explica.
No Brasil a situação não é diferente. Segundo o analista da Conab, os estoques de café do governo federal somavam 13,4 milhões de sacas em 1996. Este ano o volume é de 1,8 milhão de sacas. Já os estoques privados foram calculados em 9,7 milhões de sacas em março do ano passado. Um novo número deverá ser anunciado no final deste mês.
Enquanto isso, o consumo interno, que cresce à média de 3% ao ano, dobrou nos últimos 16 anos. “Em 1990 o Brasil consumia 8, 2 milhões de sacas de café. Atualmente a demanda nacional é de 16 milhões de sacas”, afirma o analista da Conab.
Déficit mundial . O presidente do Conselho Nacional do café (CNC), Maurício Miarelli, destacou que a previsão de safra mundial é de 112 milhões de sacas este ano, enquanto o consumo deverá oscilar entre 117 milhões e 118 milhões de sacas. “Teremos um déficit de 6 milhões a 7 milhões de sacas e grande parte do reflexo dessa redução de oferta se deve à queda da produção brasileira”, ressalta.
No mercado brasileiro, a queda de produção não trará problemas de abastecimento, mas pelas estimativas de Miarelli, as exportações de café do Brasil sofrerão baixa de cerca de 3 milhões de sacas. “Em função desse movimento de oferta e demanda os preços estão melhorando, mas devemos observar se a cotação em dólar (cerca de US$ 120 por saca, em média) será suficiente para permitir que os produtores saldem suas dívidas e possam investir para melhorar a produção de 2008”, observa.
Para o especialista, a situação de valorização do real frente ao dólar, tem tirado a competitividade do setor cafeeiro, que nos últimos anos investiu fortemente em tecnologia e melhoria da qualidade produtiva. “Viemos de uma crise entre 2001 e 2004, quando os produtores chegaram a vender café por US$ 40, a saca. De lá para cá tem havido uma recuperação dos preços, mas os custos em real estão elevados e o câmbio não tem ajudado a recuperar a rentabilidade”, explica.
Segundo o presidente do Cecafé, os produtores e as organizações do setor estão reivindicando mais atenção do governo brasileiro, haja vista a importância da cultura cafeeira, não só para a balança comercial do país, mas pela sua relevância social. “O setor é um grande empregador de mão-de-obra, ocupando cerca de 8,5 milhões de trabalhadores. É preciso garantir apoio agora para que os produtores se preparem para colher a safra esperada em 2008. Do contrário, eles não terão como superar os prejuízos que têm acumulado e muito menos capacidade de investir e ajudar o País a produzir uma safra de 40 milhões de sacas”, observa Guilherme Braga.
Data Publicação: 26/03/07
Expectativa é de que sejam exportadas neste ano menos 2,3 milhões de sacas
ELIZABETH OLIVEIRA
Previsões nada otimistas indicam que as exportações brasileiras de café atingirão, no máximo, 25 milhões de sacas este ano, ante 27,3 milhões de sacas exportadas em 2006. A expectativa do presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, é de que a elevação da cotação do produto no mercado internacional, em função da redução da oferta global, não será suficiente para aumentar a receita do setor, que atingiu US$ 3,2 bilhões no ano passado. “Esperamos para este ano receita igual à do ano passaado”, adianta.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizará no próximo mês o segundo levantamento anual de safra do café. O primeiro, entre novembro e dezembro último, indicava que a safra 2007/2008 oscilaria entre 31,074 milhões de sacas e 32,341 milhões de sacas, ante 42,502 milhões de sacas colhidas no período 2006/2007. A redução é fruto da chamada bianualidade, que faz com que a produção seja mais alta em um ano e mais baixa em outro. No entanto, especialistas do setor garantem que essa oscilação da cultura cafeeira foi resultado fatores climáticos adversos, como a falta de chuvas no período da florada no ano passado.
“Ainda é cedo para dizer até que ponto o déficit hídrico pode ter comprometido a safra. Talvez tenhamos que esperar até o terceiro levantamento anual, em agosto, para ter uma avaliação mais precisa sobre essa interferência da falta de chuvas na queda da produção”, explica o analista de Mercado de Café da Conab, Jorge Queiróz.
O especialista acrescenta que anualmente são realizados quatro levantamentos de safra cafeeira. O último do ano é feito em dezembro. Queiróz, no entanto, admite que uma grande preocupação em relação à falta de chuva acentuada no período da florada refere-se ao Estado de Minas Gerais, responsável pela produção de cerca de 50% do café colhido no Brasil. “Apesar disso, não temos base ainda para falar com mais segurança se o déficit hídrico vai comprometer a próxima colheita da forma como tem sido previsto”, reforça.
O analista da Conab explica que todas as preocupações em torno das perspectivas de produção e exportações do café brasileiro são relevantes, haja vista a posição de maior exportador mundial ocupada pelo Brasil. O tema também desperta debate em nível internacional, já que o consumo mundial tem crescido e a oferta não tem acompanhado o mesmo ritmo. Em função disso, os estoques globais dos países produtores são os mais baixos dos últimos 16 anos. “Eram 55 milhões de sacas em 1990, atualmente são 18 milhões de sacas”, explica.
No Brasil a situação não é diferente. Segundo o analista da Conab, os estoques de café do governo federal somavam 13,4 milhões de sacas em 1996. Este ano o volume é de 1,8 milhão de sacas. Já os estoques privados foram calculados em 9,7 milhões de sacas em março do ano passado. Um novo número deverá ser anunciado no final deste mês.
Enquanto isso, o consumo interno, que cresce à média de 3% ao ano, dobrou nos últimos 16 anos. “Em 1990 o Brasil consumia 8, 2 milhões de sacas de café. Atualmente a demanda nacional é de 16 milhões de sacas”, afirma o analista da Conab.
Déficit mundial . O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli, destacou que a previsão de safra mundial é de 112 milhões de sacas este ano, enquanto o consumo deverá oscilar entre 117 milhões e 118 milhões de sacas. “Teremos um déficit de 6 milhões a 7 milhões de sacas e grande parte do reflexo dessa redução de oferta se deve à queda da produção brasileira”, ressalta.
No mercado brasileiro, a queda de produção não trará problemas de abastecimento, mas pelas estimativas de Miarelli, as exportações de café do Brasil sofrerão baixa de cerca de 3 milhões de sacas. “Em função desse movimento de oferta e demanda os preços estão melhorando, mas devemos observar se a cotação em dólar (cerca de US$ 120 por saca, em média) será suficiente para permitir que os produtores saldem suas dívidas e possam investir para melhorar a produção de 2008”, observa.
Para o especialista, a situação de valorização do real frente ao dólar, tem tirado a competitividade do setor cafeeiro, que nos últimos anos investiu fortemente em tecnologia e melhoria da qualidade produtiva. “Viemos de uma crise entre 2001 e 2004, quando os produtores chegaram a vender café por US$ 40, a saca. De lá para cá tem havido uma recuperação dos preços, mas os custos em real estão elevados e o câmbio não tem ajudado a recuperar a rentabilidade”, explica.
Segundo o presidente do Cecafé, os produtores e as organizações do setor estão reivindicando mais atenção do governo brasileiro, haja vista a importância da cultura cafeeira, não só para a balança comercial do país, mas pela sua relevância social. “O setor é um grande empregador de mão-de-obra, ocupando cerca de 8,5 milhões de trabalhadores. É preciso garantir apoio agora para que os produtores se preparem para colher a safra esperada em 2008. Do contrário, eles não terão como superar os prejuízos que têm acumulado e muito menos capacidade de investir e ajudar o País a produzir uma safra de 40 milhões de sacas”, observa Guilherme Braga.