Vendas externas de pequenos produtores cooperados do Brasil somaram US$ 6 bilhões no ano passado. Em janeiro, vendas tiveram alta recorde
01/03/2012
Vendas externas de pequenos produtores cooperados do Brasil somaram US$ 6 bilhões no ano passado. Em janeiro, vendas tiveram alta recorde
Rafael Abrantes rabrantes@brasileconomico.com.br
A pequena indústria agropecuária nacional está impulsionando as exportações das cooperativas brasileiras. Dos US$ 6,17 bilhões exportados por essas associações em 2011, 99% tiveram como origem o ramo agropecuário e a expectativa é de aumento de 15% neste ano, segundo projeções da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
A confiança em resultados melhores se baseia no crescimento das vendas em janeiro de US$ 352,9 milhões, 21% maior que no mesmo mês de 2011— e nas estimativas de manutenção na alta dos preços das commodities no mercado mundial, em especial de produtos como soja, açúcar e trigo. “Além disso, espera-se aumento da demanda internacional por esses produtos”, aponta Marco Olívio Morato, analista de mercado da OCB, lembrando que, em janeiro deste ano, esse cenário deu às cooperativas um superávit de US$ 329,9 milhões, alta de 22,3%, outro resultado recorde.
Mercados
Porém, mais que somar receitas e tonelagens, a tendência do setor ao longo do ano, segundo Morato, é consolidar os cerca de 93 mercados estrangeiros que já compram dos agricultores cooperados brasileiros. De um total de 1.548 cooperativas em funcionamento hoje no país, 75 realizaram exportações em janeiro. “Está havendo um crescimento muito grande da participação das cooperativas nas exportações e isso ocorre devido ao maior dinamismo e profissionalização do setor”, afirma Kleber Santos, assessor técnico da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, vinculada ao Ministério da Agricultura. Ele reconhece que entre a pequena proporção de cooperativas incluídas no comércio internacional são as grandes que conseguem alto desempenho em suas contas. “Já as pequenas cooperativas têm maior importância no (aspecto) social. No econômico, ajudam a garantir a segurança alimentar”, observa Santos.
Em um segmento tão competitivo como o agronegócio brasileiro, Morato ressalta que a força do cooperado está na produtividade e não na quantidade de produção. Isso acontece porque o deslocamento quase irreversível da população rural para os centros urbanos o faz acreditar que o atual número de cooperativas no Brasil permanecerá estável. A OCB estima que 40% da produção agropecuária nacional passe pelas cooperativas.
Sustentabilidade
Como objetivo de “redimensionar” o trabalho dos produtores cooperados, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, discute a criação de uma Câmara temática de cooperativismo. O órgão, ligado à pasta, contaria com membros fixos da iniciativa privada e estaria a disposição para consultas do ministro. Filho já declarou a intenção de criar a Secretaria de Cooperativismo e a prioridade do ministério é conquistar o “reconhecimento mundial do papel das cooperativas no desenvolvimento sustentável” do Brasil durante a Conferência Rio+20, organizada pelas Nações Unidas, no Rio de Janeiro, em junho.
Há cerca de 20 dias, o governo incluiu em seu documento oficial para a Conferência das Nações Unidas políticas públicas e exemplos de sucesso com as cooperativas.
Outro debate em andamento dentro do ministério trata da reforma da Lei Geral do Cooperativismo, de 1971, a fim de modernizar cobranças tributárias e ampliar incentivos fiscais ao setor.