18-05-2010
Agentes de viagens, guias independentes e representantes de entidades parceiras participaram, no último final de semana, entre os dias 14 a 16 de maio, de um famtour pela Rota do Café. Famtour é um passeio de familiarização do turismo, no qual os organizadores convidam profissionais do setor de viagens para conhecer, opinar e divulgar um destino. Os convidados, 25 pessoas de diversas cidades do Paraná, visitaram cerca de 20 atrativos distribuídos em 12 municípios da região de Londrina e norte pioneiro do Estado.
A Rota do Café é resultado do Projeto Turismo Norte Paranaense, iniciado em 2007 pelo Sebrae/PR, e atende aos objetivos do macroprograma de regionalização do turismo, uma política do Ministério do Turismo.
Em três anos, o projeto passou por várias fases como diagnóstico das potencialidades da região, mapeamento, visitação, sensibilização dos empreendedores e parceiros, definição de produtos turísticos, realização de roteiro experimental, qualificação dos serviços turísticos, precificação, comercialização e promoção.
Depois de assistirem a uma apresentação explicativa, conduzida pelo consultor do Sebrae/PR em Londrina e gestor do projeto, Sérgio Garcia Ozório, os participantes iniciaram as atividades.
O consultor explica que o objetivo do famtour é mostrar os atrativos aos convidados, de modo que possam vivenciar as experiências da rota que tem forte apelo histórico-cultural. “Após 20 meses realizando trabalho de assessoria aos empreendimentos, consultorias, treinamentos, articulação de parcerias, neste ano, a proposta do Sebrae/PR é estimular ainda mais a capacitação, a promoção e a comercialização dos roteiros, que podem ter duração de um dia ou uma semana”, detalha Sérgio Ozório.
A Rota do Café envolve os municípios de Londrina, Arapongas, Rolândia, Cambé, Ibiporã, Jataizinho, Assaí, Santa Mariana, Bandeirantes, Cambará, Jacarezinho, Ribeirão Claro, Santo Antônio da Platina, Carlópolis, Conselheiro Mairinck, Tomazina e Ibaiti. Ao todo são 34 atrativos que abrangem fazendas produtoras atuais ou passadas de café, estâncias ecológicas, cafeterias, corretora de café, restaurantes, vinícolas, casas de artesanato, pousadas, museus, teatro, agroindústrias familiares, cachaçaria, torrefadoras, entre outros.
O grande número de atrativos reunidos na Rota do Café permite que sejam desenvolvidos diferentes roteiros para atender públicos variados. Diretamente, a Rota do Café beneficia mais de 200 pessoas, entre empresários, produtores rurais, familiares, artesões, dançarinos e produtores culturais.
É possível reviver o auge do café, visitando as antigas estruturas para armazenagem e beneficiamento do café, desvendar aspectos ambientais, históricos e culturais, aprender questões técnicas de produção e comercialização, diferenciar e apreciar as características de um café especial, aproveitar os locais para praticar ecoturismo, turismo de aventura ou turismo de lazer apenas.
O projeto Turismo Norte Paranaense, do Sebrae/PR, objetiva estimular o aumento do fluxo de turistas na região norte do Estado, promover a melhoria da competitividade e da sustentabilidade dos empreendimentos, contribuir para o desenvolvimento regional e incentivar o empreendedorismo.
Em Londrina, as agências de viagens, Terra Nova Turismo – TNT Agricultural Tours, Redon do Brasil, Bless Viagens e Turismo e Bella Vista Turismo são especializadas na comercialização de pacotes para a Rota do Café. Essas agências são credenciadas ao Projeto de Turismo Norte Paranaense – Sebrae/PR e estão aptas a atender os turistas de todo o Brasil. O site da Rota do Café, www.rotadocafe.tur.br, traz informações detalhadas sobre cada um dos atrativos.
Primeiro dia
A primeira parada do grupo foi na Vinícola Casa Mueller, localizada no distrito da Warta, em Londrina. Eloy Mueller, proprietário do sítio com área de cinco alqueires, recepcionou os visitantes e mostrou as técnicas de cultivo das plantações de frutas, como uva, framboesa, maracujá, ameixa e morango.
O terreno que hoje abriga espécies frutíferas, no passado foi ocupado pela monocultura do café. Essa reminiscência contribui para o aroma e sabor único dos vinhos produzidos na propriedade que possuem terroir de café. Terroir (terroar) é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação entre o solo e um micro-clima particular gerador do tipo de uva que expressa qualidade, tipicidade e identidade única de determinado vinho.
Os vinhos são fabricados a partir de uvas cabernet souvignon, rubia, izabel, niágara, moscatel, Ibéria. A variedade de uva concord, cultivada na propriedade, é utilizada para a fabricação de sucos. Anualmente, a Vinícola Casa Mueller produz 8 mil garrafas de vinho e também licores artesanais. O valor de cada garrafa varia entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Além da possibilidade de conhecer o plantio e processo de fabricação dos vinhos, os visitantes têm a opção de participar de um curso para aprender a degustar ou fabricar a bebida.
Para as escolas, o atrativo é a educação ambiental e a colheita manual do morango produzido sem uso de agrotóxicos. A propriedade abriga espécies de árvores exóticas e uma reserva ambiental que pode ser explorada por estudantes de biologia e geografia, praticantes de meditação e demais interessados.
A Fazenda Giocondo fica em Arapongas e pertence à família de Fábio Giocondo desde 1940. Para manterem-se na cafeicultura, os administradores da propriedade apostaram na diversificação da produção e na adoção do plantio de café do tipo adensado. Depois de visitarem a plantação de café e receberem explicações sobre as variedades e estágios de maturação dos frutos de café, os profissionais de turismo tiveram a oportunidade de acompanhar o beneficiamento do café, observando os processos de secagem, torra, moagem e embalagem do café vendido comercialmente com a marca da fazenda. Nessa visita, os convidados puderam perceber a diferença entre um café comercial e um café de qualidade superior, ficando surpresos ao poderem saborear uma xícara da bebida pura sem precisar adicionar açúcar.
Partindo de Arapongas, o grupo foi levado a Rolândia, para um almoço tipicamente suíço na Pousada Marabu, empreendimento que oferece chalés rústicos para hospedagem, pomar, mata nativa, trilhas e alimentação natural e vegetariana. No local são fabricados e vendidos oito tipos de geleias artesanais. Após o almoço, os convidados retornaram à Londrina para visitar o Museu Histórico de Londrina, Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina (BCML), A. Rural Corretora de Café e a cafeteria O Armazém. A visitação à corretora e a BCML proporcionou conhecimentos sobre a classificação, o mercado e a formas de comercialização do café.
No Armazém, o grupo foi recebido pela proprietária do empreendimento, Cristina Rodrigues Maulaz, que explicou sobre a variedade de cafés oferecida no estabelecimento e os métodos de preparo da bebida. Logo após, foi servido, na cafeteira frech press, uma xícara de café do norte pioneiro, cultivado no modelo de produção biodinâmico, uma xícara de café colombiano e um pão de mel.
A noite do primeiro dia do famtour foi marcada por uma imersão cultural. Os profissionais de turismo acompanharam, no auditório do teatro Padre José Zanelli, o espetáculo de abertura do Encontro de Dança de Ibiporã e tiveram o privilégio de bater um papo com um dos maiores expoentes da arte sacra do País, Henrique de Aragão, que gentilmente abriu as portas do seu ateliê para receber os convidados. Depois de visitarem a loja de artesanato da Fundação Cultural de Ibiporã, os visitantes encerraram o percurso com um jantar em Jataizinho, na Pousada Terra Dourada. O cardápio servido foi um buffet de caldos. A partir do mês de julho, os turistas da Rota do Café poderão assistir ao musical do café que está sendo elaborado pela Fundação Cultural de Ibiporã.
Segundo dia
A manhã do segundo dia do famtour iniciou com uma visita ao Engenho Terra Vermelha, ponto de apoio da Rota do Café, localizado em Assaí. O empreendimento é certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e produz diariamente cerca de mil litros de cachaça artesanal. Os integrantes do famtour tiveram a oportunidade de acompanhar todo o processo e as curiosidades do processo de produção do destilado.
Em Santa Mariana, os convidados conheceram um pouco do jeito suíço de produzir café. A proprietária da Fazenda Palmeira, Cornélia Margot Gamerschlag, contou a história da fazenda e destacou os desafios da cafeicultura. No meio do cafezal, Cornélia, que também é pedagoga, deu uma aula prática sobre a colheita do café, explicando sobre as floradas e os estágios de maturação dos grãos. Familiares, funcionárias e mulheres da comunidade ao redor da Fazenda Palmeira estão desenvolvendo artesanato em fibra de bananeira. As peças puderam ser apreciadas pelos participantes do famtour, ao final da visita.
A Estância Ecológica Guaicurus, também localizada no município de Santa Mariana, disponibiliza aos visitantes diversas atividades, além de hospedagem e alimentação. O maior labirinto do mundo do café, composto por 12 mil pés de café, é um dos atrativos da fazenda, que possibilita aulas de cavalgada, passeios de barco, charrete, piscinas, trilhas, etc.
Depois de almoçar na Guaicurus, o grupo se dirigiu a Cambará, sede do Sítio Ecológico Scandolo, empreendimento especializado em educação ambiental e lazer. No local, os visitantes foram acolhidos por João Scandolo, que apresentou a propriedade e convidou o grupo a plantar uma árvore. Scandolo reflorestou toda a área devastada do sítio. Ele contou que planta uma árvore todos dos dias e desafiou os participantes a plantarem uma árvore ao ano.
Antes do jantar e pernoite na Pousada Victor, em Ribeirão Claro, os profissionais de turismo tomaram um café na cafeteria Empório Café da Casa, no município de Jacarezinho, e acompanharam o processo de torra do café servido no estabelecimento.
Terceiro dia
O café da manhã do último dia do famtour pela Rota do Café, dia 16, foi servido na Fazenda Monte Bello, fundada em 1922. A atração da propriedade é o passeio pela trilha ecológica, a visita a antiga estrutura para armazenamento do café e o colhe-pague de lichia que acontece no mês de dezembro.
As características únicas de altitude e geografia do Sítio Vale das Palmeiras possibilitam o cultivo do café da variedade bourbon e a existência de pés de cafés produtivos com mais de 50 anos de idade, quando a idade média da planta é de aproximadamente 15 anos. O café produzido nesse sítio já foi premiado como o segundo melhor café do Brasil e venceu o concurso qualidade do café do Paraná nos anos de 2006 e 2008.
A parada para o almoço foi no Restaurante Michela Serv, em Ribeirão Claro. A beleza cênica do empreendimento é tão agradável quanto o cuidado com a preparação dos pratos caseiros que levam um toque da culinária mineira. O local serve ainda cerca de 30 tipos de crepes salgados e 18 opções de crepes com recheios doces, além de contar com espaço para exposição e compra de artesanato local.
O café da tarde aconteceu na Pousada Ruvina, propriedade rural que cultiva café e outras culturas, e disponibiliza aos visitantes locais para a prática de rapel e outros esportes, banhos de cachoeira, trilhas, pesca na Represa de Chavantes e cavalgadas.
Deixando Ribeirão Claro, o grupo seguiu para Cambará para uma visita rápida à Fazenda Flora, que não mais cultiva café, mas mantém os resquícios do auge da cafeicultura: um terreirão para seca dos grãos bem conservado e 24 tulhas secadoras. Em breve, estará em funcionamento o museu da propriedade, que vai funcionar na antiga escola rural. De acordo com especialistas que acompanham o Projeto Turismo Norte Paranaense, a raridade do conjunto de tulhas da Fazenda Flora distingue a propriedade no País.
O encerramento do famtour foi na Vinicola La Dorni, desenvolvedora de um vinho sem álcool e outro especialmente para o público feminino; e no Restaurante Ricanto do Italia, em Bandeirantes. A sede da vinícola é um castelo medieval que se encontra em fase final de construção.
Percepção
Clemente Consentino Neto, do Departamento de Programas Especiais, da Secretaria de Estado de Turismo, ficou impressionado com os atrativos, as surpresas, a variedade de produtos e a beleza cenográfica de alguns municípios que fazem parte da Rota do Café. Para ele, o famtour proporcionou uma experiência única de conhecer a fundo o norte do Paraná.
“Nem imaginava que existiam estruturas do auge do café tão bem conservadas. A Rota permite um mergulho na história e também revela a decadência do período. Essa união dos empreendedores gera uma opção de renda a mais e permite que os turistas sejam acolhidos nas propriedades tendo experiências que não seriam possíveis sem o desenvolvimento da Rota do Café. Outro destaque é a qualidade de alguns empreendimentos”, ressalta.
O representante da Secretaria de Estado de Turismo acredita que a Rota do Café desperte o interesse de muitos turistas e aconselha os envolvidos a apostarem na promoção dos roteiros nas regiões de Londrina, Curitiba, municípios paulistas e até mesmo entre as cidades que integram a Rota.
“É importante que os empreendedores despertem permanentemente o interesse dos agentes de comercialização para superar a concorrência com outras regiões turísticas com maior tradição. Os municípios precisam incluir suas festas no Calendário Oficial de Eventos para que isso seja divulgado em sites oficiais. Recomendo que empreendimentos como hotéis, pousadas, agências de viagem, guias turísticos, restaurantes e outros se cadastrem no Ministério do Turismo para que possam participar de programas de desenvolvimento”, aconselha Clemente Consentino Neto.
Parcerias
O roteiro tem, além do Sebrae/PR, o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Agência de Desenvolvimento Turístico do Norte do Paraná (Adetunorp), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Serviço Social do Comércio (Sesc/PR), Londrina Convention & Visitors Bureau, Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Prefeituras, Secretaria de Estado do Turismo, Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Sociedade Rural do Paraná.
Fonte: jornalismocuritiba
Roteiro turístico, no norte do Paraná, permite desvendar passado, presente e futuro da cafeicultura; Paraná chegou a produzir sozinho 21 milhões de sacas, nos anos 1960 e 1970, numa safra mundial de 90 milhões de sacas
Agentes de viagens, guias independentes e representantes de entidades parceiras participaram, no último final de semana, entre os dias 14 a 16 de maio, de um famtour pela Rota do Café. Famtour é um passeio de familiarização do turismo, no qual os organizadores convidam profissionais do setor de viagens para conhecer, opinar e divulgar um destino. Os convidados, 25 pessoas de diversas cidades do Paraná, visitaram cerca de 20 atrativos distribuídos em 12 municípios da região de Londrina e norte pioneiro do Estado.
A Rota do Café é resultado do Projeto Turismo Norte Paranaense, iniciado em 2007 pelo Sebrae/PR, e atende aos objetivos do macroprograma de regionalização do turismo, uma política do Ministério do Turismo.
Em três anos, o projeto passou por várias fases como diagnóstico das potencialidades da região, mapeamento, visitação, sensibilização dos empreendedores e parceiros, definição de produtos turísticos, realização de roteiro experimental, qualificação dos serviços turísticos, precificação, comercialização e promoção.
Depois de assistirem a uma apresentação explicativa, conduzida pelo consultor do Sebrae/PR em Londrina e gestor do projeto, Sérgio Garcia Ozório, os participantes iniciaram as atividades.
O consultor explica que o objetivo do famtour é mostrar os atrativos aos convidados, de modo que possam vivenciar as experiências da rota que tem forte apelo histórico-cultural. “Após 20 meses realizando trabalho de assessoria aos empreendimentos, consultorias, treinamentos, articulação de parcerias, neste ano, a proposta do Sebrae/PR é estimular ainda mais a capacitação, a promoção e a comercialização dos roteiros, que podem ter duração de um dia ou uma semana”, detalha Sérgio Ozório.
A Rota do Café envolve os municípios de Londrina, Arapongas, Rolândia, Cambé, Ibiporã, Jataizinho, Assaí, Santa Mariana, Bandeirantes, Cambará, Jacarezinho, Ribeirão Claro, Santo Antônio da Platina, Carlópolis, Conselheiro Mairinck, Tomazina e Ibaiti. Ao todo são 34 atrativos que abrangem fazendas produtoras atuais ou passadas de café, estâncias ecológicas, cafeterias, corretora de café, restaurantes, vinícolas, casas de artesanato, pousadas, museus, teatro, agroindústrias familiares, cachaçaria, torrefadoras, entre outros.
O grande número de atrativos reunidos na Rota do Café permite que sejam desenvolvidos diferentes roteiros para atender públicos variados. Diretamente, a Rota do Café beneficia mais de 200 pessoas, entre empresários, produtores rurais, familiares, artesões, dançarinos e produtores culturais.
É possível reviver o auge do café, visitando as antigas estruturas para armazenagem e beneficiamento do café, desvendar aspectos ambientais, históricos e culturais, aprender questões técnicas de produção e comercialização, diferenciar e apreciar as características de um café especial, aproveitar os locais para praticar ecoturismo, turismo de aventura ou turismo de lazer apenas.
O projeto Turismo Norte Paranaense, do Sebrae/PR, objetiva estimular o aumento do fluxo de turistas na região norte do Estado, promover a melhoria da competitividade e da sustentabilidade dos empreendimentos, contribuir para o desenvolvimento regional e incentivar o empreendedorismo.
Em Londrina, as agências de viagens, Terra Nova Turismo – TNT Agricultural Tours, Redon do Brasil, Bless Viagens e Turismo e Bella Vista Turismo são especializadas na comercialização de pacotes para a Rota do Café. Essas agências são credenciadas ao Projeto de Turismo Norte Paranaense – Sebrae/PR e estão aptas a atender os turistas de todo o Brasil. O site da Rota do Café, www.rotadocafe.tur.br, traz informações detalhadas sobre cada um dos atrativos.
Primeiro dia
A primeira parada do grupo foi na Vinícola Casa Mueller, localizada no distrito da Warta, em Londrina. Eloy Mueller, proprietário do sítio com área de cinco alqueires, recepcionou os visitantes e mostrou as técnicas de cultivo das plantações de frutas, como uva, framboesa, maracujá, ameixa e morango.
O terreno que hoje abriga espécies frutíferas, no passado foi ocupado pela monocultura do café. Essa reminiscência contribui para o aroma e sabor único dos vinhos produzidos na propriedade que possuem terroir de café. Terroir (terroar) é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação entre o solo e um micro-clima particular gerador do tipo de uva que expressa qualidade, tipicidade e identidade única de determinado vinho.
Os vinhos são fabricados a partir de uvas cabernet souvignon, rubia, izabel, niágara, moscatel, Ibéria. A variedade de uva concord, cultivada na propriedade, é utilizada para a fabricação de sucos. Anualmente, a Vinícola Casa Mueller produz 8 mil garrafas de vinho e também licores artesanais. O valor de cada garrafa varia entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Além da possibilidade de conhecer o plantio e processo de fabricação dos vinhos, os visitantes têm a opção de participar de um curso para aprender a degustar ou fabricar a bebida.
Para as escolas, o atrativo é a educação ambiental e a colheita manual do morango produzido sem uso de agrotóxicos. A propriedade abriga espécies de árvores exóticas e uma reserva ambiental que pode ser explorada por estudantes de biologia e geografia, praticantes de meditação e demais interessados.
A Fazenda Giocondo fica em Arapongas e pertence à família de Fábio Giocondo desde 1940. Para manterem-se na cafeicultura, os administradores da propriedade apostaram na diversificação da produção e na adoção do plantio de café do tipo adensado. Depois de visitarem a plantação de café e receberem explicações sobre as variedades e estágios de maturação dos frutos de café, os profissionais de turismo tiveram a oportunidade de acompanhar o beneficiamento do café, observando os processos de secagem, torra, moagem e embalagem do café vendido comercialmente com a marca da fazenda. Nessa visita, os convidados puderam perceber a diferença entre um café comercial e um café de qualidade superior, ficando surpresos ao poderem saborear uma xícara da bebida pura sem precisar adicionar açúcar.
Partindo de Arapongas, o grupo foi levado a Rolândia, para um almoço tipicamente suíço na Pousada Marabu, empreendimento que oferece chalés rústicos para hospedagem, pomar, mata nativa, trilhas e alimentação natural e vegetariana. No local são fabricados e vendidos oito tipos de geleias artesanais. Após o almoço, os convidados retornaram à Londrina para visitar o Museu Histórico de Londrina, Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina (BCML), A. Rural Corretora de Café e a cafeteria O Armazém. A visitação à corretora e a BCML proporcionou conhecimentos sobre a classificação, o mercado e a formas de comercialização do café.
No Armazém, o grupo foi recebido pela proprietária do empreendimento, Cristina Rodrigues Maulaz, que explicou sobre a variedade de cafés oferecida no estabelecimento e os métodos de preparo da bebida. Logo após, foi servido, na cafeteira frech press, uma xícara de café do norte pioneiro, cultivado no modelo de produção biodinâmico, uma xícara de café colombiano e um pão de mel.
A noite do primeiro dia do famtour foi marcada por uma imersão cultural. Os profissionais de turismo acompanharam, no auditório do teatro Padre José Zanelli, o espetáculo de abertura do Encontro de Dança de Ibiporã e tiveram o privilégio de bater um papo com um dos maiores expoentes da arte sacra do País, Henrique de Aragão, que gentilmente abriu as portas do seu ateliê para receber os convidados. Depois de visitarem a loja de artesanato da Fundação Cultural de Ibiporã, os visitantes encerraram o percurso com um jantar em Jataizinho, na Pousada Terra Dourada. O cardápio servido foi um buffet de caldos. A partir do mês de julho, os turistas da Rota do Café poderão assistir ao musical do café que está sendo elaborado pela Fundação Cultural de Ibiporã.
Segundo dia
A manhã do segundo dia do famtour iniciou com uma visita ao Engenho Terra Vermelha, ponto de apoio da Rota do Café, localizado em Assaí. O empreendimento é certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e produz diariamente cerca de mil litros de cachaça artesanal. Os integrantes do famtour tiveram a oportunidade de acompanhar todo o processo e as curiosidades do processo de produção do destilado.
Em Santa Mariana, os convidados conheceram um pouco do jeito suíço de produzir café. A proprietária da Fazenda Palmeira, Cornélia Margot Gamerschlag, contou a história da fazenda e destacou os desafios da cafeicultura. No meio do cafezal, Cornélia, que também é pedagoga, deu uma aula prática sobre a colheita do café, explicando sobre as floradas e os estágios de maturação dos grãos. Familiares, funcionárias e mulheres da comunidade ao redor da Fazenda Palmeira estão desenvolvendo artesanato em fibra de bananeira. As peças puderam ser apreciadas pelos participantes do famtour, ao final da visita.
A Estância Ecológica Guaicurus, também localizada no município de Santa Mariana, disponibiliza aos visitantes diversas atividades, além de hospedagem e alimentação. O maior labirinto do mundo do café, composto por 12 mil pés de café, é um dos atrativos da fazenda, que possibilita aulas de cavalgada, passeios de barco, charrete, piscinas, trilhas, etc.
Depois de almoçar na Guaicurus, o grupo se dirigiu a Cambará, sede do Sítio Ecológico Scandolo, empreendimento especializado em educação ambiental e lazer. No local, os visitantes foram acolhidos por João Scandolo, que apresentou a propriedade e convidou o grupo a plantar uma árvore. Scandolo reflorestou toda a área devastada do sítio. Ele contou que planta uma árvore todos dos dias e desafiou os participantes a plantarem uma árvore ao ano.
Antes do jantar e pernoite na Pousada Victor, em Ribeirão Claro, os profissionais de turismo tomaram um café na cafeteria Empório Café da Casa, no município de Jacarezinho, e acompanharam o processo de torra do café servido no estabelecimento.
Terceiro dia
O café da manhã do último dia do famtour pela Rota do Café, dia 16, foi servido na Fazenda Monte Bello, fundada em 1922. A atração da propriedade é o passeio pela trilha ecológica, a visita a antiga estrutura para armazenamento do café e o colhe-pague de lichia que acontece no mês de dezembro.
As características únicas de altitude e geografia do Sítio Vale das Palmeiras possibilitam o cultivo do café da variedade bourbon e a existência de pés de cafés produtivos com mais de 50 anos de idade, quando a idade média da planta é de aproximadamente 15 anos. O café produzido nesse sítio já foi premiado como o segundo melhor café do Brasil e venceu o concurso qualidade do café do Paraná nos anos de 2006 e 2008.
A parada para o almoço foi no Restaurante Michela Serv, em Ribeirão Claro. A beleza cênica do empreendimento é tão agradável quanto o cuidado com a preparação dos pratos caseiros que levam um toque da culinária mineira. O local serve ainda cerca de 30 tipos de crepes salgados e 18 opções de crepes com recheios doces, além de contar com espaço para exposição e compra de artesanato local.
O café da tarde aconteceu na Pousada Ruvina, propriedade rural que cultiva café e outras culturas, e disponibiliza aos visitantes locais para a prática de rapel e outros esportes, banhos de cachoeira, trilhas, pesca na Represa de Chavantes e cavalgadas.
Deixando Ribeirão Claro, o grupo seguiu para Cambará para uma visita rápida à Fazenda Flora, que não mais cultiva café, mas mantém os resquícios do auge da cafeicultura: um terreirão para seca dos grãos bem conservado e 24 tulhas secadoras. Em breve, estará em funcionamento o museu da propriedade, que vai funcionar na antiga escola rural. De acordo com especialistas que acompanham o Projeto Turismo Norte Paranaense, a raridade do conjunto de tulhas da Fazenda Flora distingue a propriedade no País.
O encerramento do famtour foi na Vinicola La Dorni, desenvolvedora de um vinho sem álcool e outro especialmente para o público feminino; e no Restaurante Ricanto do Italia, em Bandeirantes. A sede da vinícola é um castelo medieval que se encontra em fase final de construção.
Percepção
Clemente Consentino Neto, do Departamento de Programas Especiais, da Secretaria de Estado de Turismo, ficou impressionado com os atrativos, as surpresas, a variedade de produtos e a beleza cenográfica de alguns municípios que fazem parte da Rota do Café. Para ele, o famtour proporcionou uma experiência única de conhecer a fundo o norte do Paraná.
“Nem imaginava que existiam estruturas do auge do café tão bem conservadas. A Rota permite um mergulho na história e também revela a decadência do período. Essa união dos empreendedores gera uma opção de renda a mais e permite que os turistas sejam acolhidos nas propriedades tendo experiências que não seriam possíveis sem o desenvolvimento da Rota do Café. Outro destaque é a qualidade de alguns empreendimentos”, ressalta.
O representante da Secretaria de Estado de Turismo acredita que a Rota do Café desperte o interesse de muitos turistas e aconselha os envolvidos a apostarem na promoção dos roteiros nas regiões de Londrina, Curitiba, municípios paulistas e até mesmo entre as cidades que integram a Rota.
“É importante que os empreendedores despertem permanentemente o interesse dos agentes de comercialização para superar a concorrência com outras regiões turísticas com maior tradição. Os municípios precisam incluir suas festas no Calendário Oficial de Eventos para que isso seja divulgado em sites oficiais. Recomendo que empreendimentos como hotéis, pousadas, agências de viagem, guias turísticos, restaurantes e outros se cadastrem no Ministério do Turismo para que possam participar de programas de desenvolvimento”, aconselha Clemente Consentino Neto.
Parcerias
O roteiro tem, além do Sebrae/PR, o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Agência de Desenvolvimento Turístico do Norte do Paraná (Adetunorp), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Serviço Social do Comércio (Sesc/PR), Londrina Convention & Visitors Bureau, Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Prefeituras, Secretaria de Estado do Turismo, Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Sociedade Rural do Paraná.