26/08/2009 – Matriz energética brasileira, com 46% de energia renovável, é o sonho de outros países. O que não podemos fazer é virar as costas para as fontes de energia alternativas, afirma professor
O professor José Goldemberg, presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio, concorda que é preciso apostar na economia verde, pois grande parte da economia mundial se baseia em combustível fóssil. A afirmação foi feita durante debate sobre a “A Revolução Industrial, Econômica, Ambiental, Social e Política no Pós-crise Mundial”, na Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental que acontece de 25 a 27 de agosto, no prédio da Fiesp.
“A matriz energética brasileira – com 46% de energia renovável – é o sonho de outros países. O que não podemos fazer é virar as costas para a energia eólica e as hidrelétricas”. Foi uma crítica aos últimos leilões de energia elétrica ganhos por usinas térmicas, poluentes, andando na contramão do meio ambiente.
“Um crescimento como ocorria no passado não tem vida longa. A recuperação precisa ser sustentável, não dependendo do petróleo”, analisou Goldemberg. Foi uma referência à economia chinesa que não se sustentará com a construção de usinas termoelétricas, ou seja, poluentes, na opinião de Goldemberg.
Francisco Graziano Neto, secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, concorda: “O Estado deve ser mais ativo no cenário que se vislumbra nessa nova economia verde que fará bem a todos, e ao Planeta também”, disse.
Eduardo Jorge Sobrinho, da secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município, completa: “não há solução isolada para a crise, que passa por questões econômicas e ambientais”.
China deve ter explosão de consumo
De acordo com Octavio de Barros, economista-chefe do Banco Bradesco, as previsões indicam que a China será a locomotiva global com crescimento previsto de 7% para 2010, em um cenário comedido, e quase 12%, sendo otimista. Esse crescimento será acompanhado por explosão de consumo: “a China, sozinha, será responsável por 10% do consumo de todo o planeta. Se houver brusca elevação, equiparando-se ao consumo norte-americano, será o caos”.
Outro prognóstico reforça essa previsão preocupante: “daqui a seis anos as economias emergentes superarão as economias desenvolvidas e, em 12 ou 13 anos, o PIB chinês vai se equiparar ao dos Estados Unidos. Assim, o centro de gravidade da economia global se deslocará da América para a Ásia”, completa.
O professor Goldemberg indica uma alternativa: “se há algo que irá nos tirar da recessão, é o emprego”, lembrando que as energias limpas geram mais postos de trabalho. Ao citar números, comparou a produção da Petrobras, de 2 milhões de barris/dia, que dá, em média, uma proporção de 40 mil barris por funcionário. A Petrobras tem 50 mil. Já o etanol, com produção média diária equivalente a 300 mil barris de petróleo/dia gera 700 mil empregos.
O emprego também é preocupação de Elsbeth Tronstad, vice-presidente da NHO – Confederação das Indústrias Norueguesas. Não deve se alterar em pouco tempo a redução da força de trabalho em 0,8% no País. As empresas veem a política de empréstimos bancários como desafio enorme a ser enfrentado e pedem regras mais flexíveis diante do quadro atual, especialmente em relação a impostos trabalhistas.
Encontrar o ponto de equilíbrio será o grande desafio da Noruega. “Os investimentos voltados à construção também se retraíram, bem como o portfólio dos serviços bancários, apesar das medidas monetárias e fiscais adotadas, finalizou Tronstad.
Na Mostra realizada no ano passado, a Fiesp firmou Protocolo de Intenções com a NHO para cooperação entre os dois países na aplicação de medidas de responsabilidade social e ambiental. A Confederação abriga 90 mil empresas que empregam mais de meio milhão de pessoas, em um país com população de 5 milhões de habitantes. As informações partem da Fiesp – 25/08/2009.