Por Rodrigo Ramos / rodrigo@safras.com.br
SAFRAS (22) – O setor fabricante de máquinas agrícolas começa a traçar estratégias para atuar com a taxa cambial de hoje. Nesta terça-feira, o dólar é cotado a R$ 1,939, em mais um dia de desvalorização. O diretor de Marketing da John Deere, Paulo Herrmann, que concedeu entrevista há pouco à Agência SAFRAS em Porto Alegre, afirma que a empresa já está trabalhando com o piso de R$ 1,90.
“A oscilação depende de uma série de fatores, ficando difícil projetar um rumo certo para a moeda norte-americana”, acrescenta.
Apesar do dólar deprimido, o mercado de máquinas poderá se beneficiar das taxas de juros mais baixas e da melhora da classificação de investidores do Brasil (rating). “Estes fatores devem atrair maiores investimentos ao país”, prevê. Por isso, o dirigente acredita que a John Deere sofrerá menos com o dólar fraco. Além disso, muitos componentes usados na fabricação de tratores e colheitadeiras são importados, o que pode baixar os custos de produção.
Atualmente, a fábrica utiliza de 20% a 30% de peças vindas do exterior, sendo possível elevar um pouco agora em virtude do câmbio. “Entretanto, cabe ressaltar que não podemos aumentar muito as importações de componentes, pois temos compromisso com fornecedores nacionais, onde a peça chave do negócio é confiança”, adverte Herrmann. Lembra ainda que, para poder usufruir das linhas de crédito do Governo Federal para a aquisição de maquinas agrícolas, o marca preciso utilizar no mínimo 60% de peças nacionais.
Mas não há dúvida que a moeda norte-americana está prejudicando as exportações de máquinas agrícolas. “Nosso produto se torna mais caro, dificultando a concorrência”, explica o diretor. A maior queda de vendas do setor foi para os Estados Unidos. Especificamente em relação a John Deere, foram afetadas vendas para alguns países da Europa.
Mas nem tudo é preocupação. Um dos principais destinos da marca, a Argentina, não deve ter os negócios afetados. “Isso porque o nosso país vizinho está meio imune aos problemas brasileiros”, comenta o dirigente. “Lá, o câmbio está estável, em R$ 3,00 o peso. Não há ferrugem asiática, possuem uma logística fantástica e estão aproveitando a elevação dos preços agrícolas”, enumera, explicando o porque da boa demanda.