Dia Nacional do Café é comemorado com muitas novidades e inovações

23 de maio de 2007 | Sem comentários Cafeteria Consumo

     Amanhã é um dia de muito orgulho para todos os brasileiros, já que é a data em que se comemora o Dia Nacional do Café, um produto que, sem dúvida nenhuma, tem contribuído significativamente para colocar o Brasil no topo do agronegócio mundial. O país é hoje o maior produtor mundial de café, com a participação de 30% do mercado internacional, que movimenta aproximadamente 95 bilhões de dólares por ano, perdendo apenas para o petróleo. Esses dados colocam o Brasil numa posição bastante confortável em relação à cafeicultura mundial, mas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, a partir de duas de suas 41 unidades: a Embrapa Café e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ambas localizadas em Brasília, continuam investindo maciçamente em pesquisas para que o Brasil amplie ainda mais a sua posição de destaque no cenário internacional do agronegócio café.
     
      Essas tecnologias serão apresentadas ao público brasileiro em duas exposições em Brasília, que vão homenagear o Dia Nacional do Café: a primeira será a 76ª Feira Botânica do Shopping CasaPark, nos dias 26 e 27 de maio; e, depois, será realizada uma edição especial dessa Feira, no período de 29 a 31 de maio, que acontecerá paralelamente ao Simpósio sobre Mudanças Climáticas na Universidade Católica de Brasília (Campus Taguatinga),.
     
      Muitas das tecnologias usadas hoje no campo pelos produtores são resultados das pesquisas desenvolvidas pela Embrapa e por outras 44 instituições de pesquisa que compõem o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café – CBP&D/Cafe, como explica o Gerente Geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo. Segundo ele, o Consórcio, que este ano completa 10 anos de existência, trouxe resultados significativos para a cafeicultura brasileira. “São dez anos de ação conjunta de centenas de pesquisadores, técnicos e gestores, públicos e privados, envolvidos num programa de grande magnitude. Integrados, elaboram e executam programas de pesquisa para responder ao desafio de gerar soluções tecnológicas que proporcionem trabalho, renda e bem estar para a sociedade brasileira”, ressalta.
     
     Genoma do café e as vantagens para a sociedade
     
      Uma das ações da Embrapa, em parceria com a FAPESP – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo e o Instituto UNIEMP – Fórum Permanente das Relações Universidade/Empresa, que resultou em uma tecnologia de ponta a favor do Brasil foi o sequenciamento do genoma do café. Essa pesquisa gerou um banco de dados com cerca de 200 mil seqüências de DNA.
     
     Hoje, mais de 30 mil genes já estão identificados, com características de interesse agronômico, capazes de promover resistência ou tolerância a fatores externos, como por exemplo, à seca, aumento da temperatura, resistência a pragas e doenças, e internos aumentando as qualidades nutricionais etc. como explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Alan Andrade, que foi um dos responsáveis pela conclusão do genoma. “A identificação e conhecimento desses genes vão acelerar o melhoramento genético do café, seja por métodos convencionais de cruzamento ou por engenharia genética”, afirma o pesquisador. E conclui “um foco de estudo importante está na influência destes genes no florescimento e maturação dos frutos, que poderão beneficiar a melhoria da qualidade da bebida”.
     
      A idéia é direcionar o melhoramento genético para o desenvolvimento de cultivares mais produtivas e com múltiplas resistências, diminuindo o custo de produção e o uso de defensivos.
     
     As informações geradas pelo sequenciamento do genoma do café vão beneficiar toda a cadeia produtiva, inclusive os pequenos produtores, incentivando a produção de variedades de café orgânicas, a proteção do meio ambiente e a saúde do trabalhador rural por meio do uso de tecnologias sustentáveis, e proporcionando a inclusão tecnológica da agricultura familiar. Sem falar nos consumidores, que vão poder contar com café de melhor qualidade, em termos de aroma e sabor, e com melhorias nas características nutracêuticas, como menor teor de cafeína, mais vitaminas etc.
     
     No campo da biotecnologia, destacam-se também as pesquisas para produção de mudas clonadas de café a partir de equipamentos denominados biorreatores. Esses equipamentos foram desenvolvidos e patenteados pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e funcionam como uma espécie de ”fábrica” de plantas, formando mudas com muito mais qualidade, segurança e higiene, além de possibilitar economia em mão-de-obra.
     
     Controle biológico de pragas do café
     
     As pesquisas de controle biológico de pragas e doenças do café também serão destaques nas exposições no DF. O controle biológico se baseia no uso de “inimigos naturais” – insetos e microrganismos (fungos, vírus e bactérias) – das pragas para combatê-las. Esses agentes naturais são específicos para as pragas e não causam mal à saúde humana e ao meio ambiente.
     
     Uma das pesquisas em andamento na Embrapa é o controle biológico do nematóide das galhas pela bactéria Pasteuria penetrans. Essa é uma das piores ameaças à cultura de café e causa perdas de cerca de US$ 100 bilhões nas produções agrícolas em todo o mundo. Essa bactéria, além de não poluir o ambiente, também não parasita animais, sendo altamente específica ao nematóide das galhas. Os testes feitos com um produto biológico à base da bactéria têm alcançado eficiência de 80% no controle desse nematóide em plantas de cafeeiro altamente infectadas.
     
     Cafeicultura diferenciada
     
     Segundo Bartholo, o café brasileiro apresenta-se com nova imagem tanto no mercado interno quanto nos principais países consumidores. A base dessa transformação está no modelo tecnológico focado na sustentabilidade econômica, social e ambiental, gerado e incentivado no âmbito de cada instituição participante. A retomada da produção não está focada apenas em termos quantitativos como no passado, mas dentro de um novo patamar qualitativo, com a adoção de tecnologias modernas na busca contínua pela melhoria da qualidade do café e novas formas de processamento.
     
     “O consumidor de café é cada vez mais valorizado dentro do processo produtivo. Programas para aumentar o consumo, recebem o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café – CBP&D/Café em pesquisas que desmistificam a imagem do café como vilão da saúde”, finaliza o Gerente-Geral da Embrapa Café.

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