10 Tendências para o Café em 2024: Rumo a um Futuro Sustentável e Inovador

Cafeicultura global se prepara para uma série de mudanças e avanços significativos

5 de janeiro de 2024 | Sem comentários Mais Café

Por Juliano Tarabal

À medida que adentramos o novo ano, a cafeicultura global se prepara para uma série de mudanças e avanços significativos. Buscando fazer uma analise com minha visão pessoal da cadeia café, busquei listar 10 tendências/temas que poderão moldar o cenário do café em 2024, direcionando não apenas a produção e consumo, mas também a responsabilidade social e ambiental, o que hoje chamamos ESG – Enviromental, Social and Governance.

Dizem que tem uma técnica de vidência através da leitura da borra do café, ja ouviu falar? Não foi o que eu fiz rsrs…

Vejam que busquei listar não somente temas que são caros a quem esta dentro da porteira, que são os cafeicultores e técnicos, mas sim uma agenda que impacta desde quem esta trabalhando no campo até o barista que serve uma xícara em Pequim!

Vamos aos pontos:

Governança Eficiente: A busca por uma governança sólida e transparente dentro da cadeia de produção do café torna-se crucial neste momento de que vivemos, em um ano de definições no acordo Due Diligence na União Europeia, como também em um ano Pré-COP 30 que será no Brasil, visando assim impulsionar a sustentabilidade e equidade em todas as etapas da cadeia. Falando em Brasil, a maturidade entre as entidades que lideram nossa cafeicultura precisa definitivamente avançar para que tenhamos uma agenda comum, integrando produção exportação e industria, acessando recursos de forma conjunta , sentando na mesa de forma madura e definindo com profissionalismo o que for melhor para o setor, não temos tempo a perder. Ja na Governança Mundial do Café, temos grandes expectativas positivas por parte da OIC que propem renovar a estratégia e visão da entidade.

Agricultura Regenerativa: Produtores estão cada vez mais adotando práticas de agricultura regenerativa, visando não apenas a produção de café, mas a restauração e conservação dos ecossistemas locais. Isso deve ser encarado como uma agenda muito positiva, onde a industria e o Trade devem estimular os cafeicultores a aderirem, pois agricultura regenerativa trata de sustentabilidade real, de técnicas agronômicas sustentáveis, e não somente de um mero cumprimento de protocolos para atender de supply chain. Neste sentido o Brasil tem uma oportunidade única de liderar este movimento, pois temos aqui a cafeicultura mais tecnificada do mundo com produtores altamente aderentes a tecnologia. Vemos uma grande aderência também da indústria de defensivos e fertilizantes, que entendeu que agricultura regenerativa é um caminho equilibrado rumo a compromissos de uma cafeicultura mais biológica e com ainda menor emissão de carbono, ja que na produção sabemos que praticamente somos neutros!

Inteligência Artificial: O uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, poderá revolucionar a maneira como o café é cultivado, aumentando a eficiência, qualidade e sustentabilidade, haja visto exemplos de companhias como Solinftec. Nos resta saber qual será o nível de adesão dos produtores e trabalhadores, o quanto a pesquisa conseguira acompanhar, se a infra-estrutra tecnológica ira acompanhar, assim como a transformação digital necessária que começa passando pela capacitação. No campo, as cooperativas poder fazer a diferença em acelerar este processo, ja no Trade e na indústria, certamente ira acontecer mais rápido, na verdade ja esta.

Desglobalização: O movimento em direção a uma produção e consumo mais localizados está ganhando força, com ênfase na valorização dos produtores regionais e redução da dependência de cadeias globais. Isso é nítido quando olhamos para movimentos na Asia de aumento da produção na India, Tailandia, China, Vietna, etc, onde sim o consumo aumenta, onde sim é onde devem residir as maiores oportunidades de crescimento de consumo nos próximos anos, e onde também, residi a duvida do quanto nós do Ocidente iremos participar deste crescimento frente a este movimento de desglobalizaçao. Aqui somente produzir ter volume e qualidade não será suficiente, estamos falando em inteligência de mercado.

Intercooperação: Cooperativas de produtores estão se unindo mais do que nunca, compartilhando conhecimento e recursos para enfrentar desafios comuns e promover o crescimento sustentável. Resta a este setor acelerar a maturidade dos seus negócios, a profissionalização para que de fato possam competir no mercado global em níveis maiores de força, diminuir a sobreposição de ações, observando exemplos do cooperativismo Europeu e mesmo da Oceania, na Nova Zelandia, onde temos cooperativas altamente profissionalizadas e globalizadas.

Controle da Origem: A rastreabilidade do café, com informações detalhadas sobre sua origem e processo de produção, torna-se um diferencial, impulsionando a confiança dos consumidores, especialmente neste momento de Due Dilligence na Europa. O Brasil aqui tem mais uma enorme oportunidade, pois temos um grande movimento das Indicações Geográficas acontecendo, com uma nova plataforma e estratégias que devem ser definitivamente incorporadas a estratégia Brasil, demonstrando a real diversidade de nosso País no que tange a origens e de forma controlada, estamos falando para além da rastreabilidade em propriedade intelectual.

Arábica x Robusta: A diferenciação entre as espécies de café, como arábica e robusta, não se limita apenas ao sabor, mas também reflete demandas específicas de mercado. Temos observado um grande avanço no canephora (robusta e conillon) em frentes como qualidade e produtividade, assim como também no arábica. O espaço existe para os dois, o que devera ampliar será a segmentação assim como a diversificação por parte da indústria, pois o sol nasceu pra todos e no final do dia o “gosto do freguês”‘ é o que prevalece! Cabe a cada produtor tanto de uma quanto de outra especie fazer a leitura do mercado e ver onde cada qual se encaixa melhor com as suas ofertas.

Adaptação ao Clima: Diante das mudanças climáticas, a adaptação se torna crucial, com investimentos em técnicas e variedades resistentes a condições climáticas extremas. Poderemos observar ainda efeitos migratórios como sempre observamos na cafeicultura, isso faz parte da história… Este efeito migratório poderá ser mitigado com tecnologia, mudança no manejo, conscientização dos produtores de que é necessário promover adaptações. A pesquisa e assistência técnica devem dar mais foco a esta questão e acelerar as soluções para disponibilizar aos cafeicultores exercendo assim seu papel.

Marca Brasil: O Brasil continua a ser um destaque na produção mundial de café, não apenas em quantidade, mas também em qualidade, consolidando sua marca como referência global. Essa consolidação deve necessariamente passar por uma nova estratégia, que traduza o momento atual do Brasil, que seja forte o suficiente para engajar todos os seguimentos, tendo uma narrativa moderna e atual, baseada nos pilares qualidade, sustentabilidade e origem, que hoje são pilares que sustentam a cafeicultura Brasileira, os quais praticamente não temos concorrentes a altura para nos alcançar.. só não podemos subestima-los e deitarmos em berço esplendido para não perdemos o bonde!

Ascensão das Plataformas Digitais: O comércio online e as plataformas digitais de café, principalmente neste ano em sustentabilidade, estão transformando a forma como os consumidores interagem com o produto, oferecendo conveniência e acesso a uma variedade de opções. Na cafeicultura frente ao Due Diligence, caberá ao setor ter a devida maturidade e adotar uma estratégia integrada. Na produção resta ainda acompanhar as plataformas de compra e venda de café que também devem avançar.

Em 2024, a cafeicultura mundial se dirige para um futuro empolgante, impulsionado por inovação, sustentabilidade e uma mentalidade colaborativa. Estas tendências não apenas moldarão o mercado, mas também contribuirão para um setor mais ético, responsável e resiliente.

Não tenho nenhuma expectativa em resumir aqui todos os itens que são relevantes, poderia me estender aqui falando em consumo, qualidade, turismo, vinificação e mais uma serie de coisas… quis apenas compartilhar minhas análises particulares. E você, o que vê de relevante para 2024, concorda ou descorda? Bora refletir a construir uma cafeicultura a cada dia melhor para todos os envolvidos!

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