WHIRLPOOL TERÁ MÁQUINA DE BEBIDA EM CÁPSULA QUE FAZ ATÉ REFRIGERANTE
Gustavo Brigatto
Dona das marcas de eletrodomésticos Brastemp, Consul e Kitchen Aid, a Whirlpool anunciou ontem sua entrada no mercado de bebidas em cápsulas – terreno dominado pela Nespresso, da Nestlé.
Batizada de B.blend, a máquina lançada com marca Brastemp oferecerá, a princípio, 24 sabores divididos em 10 categorias de bebidas – como chá, energético, refrigerante, café e chocolate quente. O objetivo é que ao longo do tempo a oferta seja ampliada por acordos com empresas do setor de bebidas. “Queremos criar um portfólio de marcas em cápsulas. E não só de empresas de grande porte, mas também empresas menores, até regionais”, disse ontem Fernando Yunes, vice-presidente de novos negócios da companhia.
Segundo o executivo, as negociações para esse tipo de contrato foram aceleradas desde o começo do ano com o anúncio do acordo entre a Coca-Cola e a Green Mountain, que fabrica a máquina de café em cápsula Kourig. O objetivo do acordo é colocar no mercado uma máquina capaz de fazer refrigerante em casa entre o fim do ano e o início de 2015. “Antes éramos vistos como sonhadores. O anúncio reforçou nossa visão”, disse Yunes.
O desenvolvimento da B.blend foi feito no Brasil nos últimos quatro anos e faz parte dos esforços da Whirlpool de encontrar novas fontes de receita para compensar a desaceleração nas vendas de eletrodomésticos. No Brasil, o mercado de bebidas não alcoólicas consumidas em casa movimenta US$ 30 bilhões, quase três vezes mais que o de eletrodomésticos. Além disso, o mercado de cápsulas vem se popularizando nos últimos cinco anos, o que cria perspectivas de crescimento acelerado.
Outro ponto é o avanço na prestação de serviços aos consumidores. Com isso, a companhia busca aumentar a recorrência de suas receitas e também suas margens, reduzindo a dependência dos ciclos de troca de eletrodomésticos, de até 10 anos. “O negócio não é vender máquinas, queremos oferecer serviços e relacionamento com o consumidor”, disse João Carlos Brega, presidente da fabricante para América Latina.
Desde 2003 a companhia atua com o modelo de serviços no Brasil, por meio da assinatura de purificadores de água. Atualmente são 180 mil clientes, sendo 115 mil consumidores residenciais. De acordo com Yunes, a operação levou quatro anos para se tornar rentável e serviu de base para o desenvolvimento da B.blend. “Acho que vai levar menos tempo para chegar ao equilíbrio com o novo produto. Mas se precisar, podemos investir por um prazo mais longo.”
A expectativa é colocar a máquina no mercado no fim do ano, depois de um período de testes com funcionários e clientes dos purificadores. A princípio, elas serão vendidas, mas está em estudo a criação de um modelo baseado em uma assinatura mensal.
As compras poderão ser feitas pela internet e pela central de atendimento telefônico da companhia. Em São Paulo, a meta é fazer as entregas das cápsulas em um prazo de 24 horas a 72 horas após o pedido. Os preços da máquina e das cápsulas ainda não foram definidos. Além das bebidas, a companhia pretende lançar acessórios como xícaras e copos para vender aos usuários. De acordo com Brega, um desdobramento possível é a criação de novos modelos para uso comercial, como em lojas de conveniência. “É o fim da ditadura da garrafa”, disse o executivo.
A B.blend será fabricada pela Whirlpool em Joinville (SC) e as cápsulas serão importadas da Alemanha. Brega diz que o objetivo é ter produção local no futuro. Ele afirmou que há intenção da Whirlpool integrar o produto ao seu portfólio global, mas que não há previsão para que isso aconteça.
Veículo: Valor Econômico