Thárcio De Luccas
Agência BOM DIA
Uma boa notícia atinge a agricultura brasileira: as exportações de café entre julho de 2008 e junho de 2009 bateram recorde e são as maiores dos últimos sete anos. O país mandou ao exterior 31,3 milhões de sacas neste período e arrecadou US$ 4,6 milhões. Entre 2002 e 2003 foram exportados 29,4 milhões de sacas com uma receita de US$ 1,5 milhão. Ou seja, o faturamento triplicou.
Quem fornece esses números é o Cecafé (Conselho dos Exportadores de café do Brasil). Ele mostra que os principais compradores dos grãos brasileiros são os Estados Unidos (20%) e a Alemanha (19%). Os norte-americanos voltaram a liderar as compras com um aumento de 46% na comparação com o intervalo janeiro-junho de 2008. De cada cem sacas exportadas pelo Brasil, 73 embarcam pelo porto de Santos, no litoral do Estado de São Paulo.
Para a safra 2009-2010 são esperadas aproximadamente 40 milhões de sacas e um consumo interno no Brasil de 17 milhões de sacas. Quem projeta é o vice-presidente da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) e presidente do Sindicato Rural de Bauru e Região, Maurício Lima Verde.
Mas ele explica que o setor não vive apenas de números bons, apesar de aumento na arrecadação, conforme divulgado pelo Cecafé. Ele avalia que o valor de venda poderia estar melhor, o que é impedido por alguns fatores. “Todos os países produtores venderam muito. Além disso, as empresas estrangeiras compravam e estocavam lá fora, mas hoje ninguém no mundo mantém estoques, por saber que encontram o produto. Ficam praticamente a zero de estoque e quando precisam, entram no mercado e compram”, afirma.
Para Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, nem mesmo um leilão realizado nesta semana pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) influenciou o mercado de café. “O próprio ministro Reinhold Stephanes [da Agricultura] admitiu a necessidade de uma intervenção mais forte do governo na área e afirmou que a cafeicultura é o setor mais crítico da agricultura”, diz Eduardo. A informação é da Agência Mercados.
Produção paulista
Mauricio lembra que no Estado de São Paulo um dos maiores cultivos está em Piraju, a 142 quilômetros de Bauru. O município produziu 105 mil sacas na safra de 2008; o maior produtor paulista foi Garça, na região de Marília, com 360 mil sacas, mostra o IEA (Instituto de Economia Agrícola).
Mas São Paulo já não tem o desempenho de décadas atrás. O alto custo das propriedades é um dos fatores por trás da diminuição do café cultivado em solo paulista. O Estado que chegou a produzir 7 milhões de sacas em 1983 fechou com 2,8 milhões duas décadas depois e ensaia uma recuperação. Mas Mauricio projeta que daqui a dez anos haverá apenas alguns nichos produtores.
Mesmo perdendo espaço para culturas como cana-de-açúcar, o café continua entre os líderes no paladar do povo e não deixará de ser parte rica da história paulista. Vários municípios têm seu progresso diretamente ligado ao café, trazido ao Estado em 1880. Foram esses grãos que ajudaram a colocar São Paulo na condição de Estado mais rico do Brasil, no século 20, quando a colheita era escoada de fazendas no Interior até o porto de Santos por ferrovias, entre elas a São Paulo Railway. A pujança deste produto foi responsável inclusive pela “política do café com leite”, em que São Paulo alternava com Minas Gerais os presidentes da República até 1930.
Desempenho no varejo
O café tem mostrado bom desempenho nos supermercados do Estado. A venda do produto em pó cresceu na comparação entre o primeiro semestre de 2008 e o mesmo intervalo de 2009. Naquele ano foram vendidos 51.922.520 quilos, o equivalente a R$ 492.676.330. Nos primeiros seis meses deste ano os números saltaram para 52.133.910 quilos (alta de 0,4%) e R$ 509.624.590 (alta de 3,4%). Os dados foram divulgados a pedido do BOM DIA pela Apas (Associação Paulista de Supermercados), com números da Retail Index.
Boa parte do consumo está em empresas, que preparam a bebida para os funcionários. A operadora de cobrança Aline Martins, 27 anos, trabalha num local com máquina de café expresso. Para ela, um expresso com pouco açúcar é uma delícia nos dias mais frios. “Eu tomo café três vezes por dia e costumo beber mais nesta época do frio. No inverno é sempre uma delícia tomar café.”