São Paulo, 9 de Fevereiro de 2009 – A forte volatilidade que tomou conta do mercado financeiro afastou os investidores do mercado futuro de produtos agrícolas no primeiro mês deste ano. O excesso de especulação atingiu em cheio as pessoas físicas que atuam no mercado futuro via hedge ( proteção), inviabilizando as operações na BM&F Bovespa. Com o vaivém do dólar, os custos com margem (diferença) dos contratos nos produtos dolarizados ficou muito alto.
Já o boi gordo, principal produto negociado na Bolsa, analistas observam que a variação dos preços da arroba sem nenhum fundamento foi um dos fatores que afetaram as aplicações. As cotações da arroba no mercado futuro oscilaram do pico até a maior baixa em seis meses. Em junho do ano passado, os preços atingiram R$ 94,00 e começou a ceder com mais intensidade em novembro, período em que a crise financeira começou a se intensificar. Porém, a maior baixa foi registrada em janeiro deste ano, quando a arroba despencou para R$ 78,00, queda de 17% na comparação com junho. O volume total dos contratos de boi gordo negociados na BM&F Bovespa somou 72,3 mil no primeiro mês do ano, queda de 40% na comparação com o mesmo período de 2008. A receita seguiu a mesma linha e caiu 36%, somando R$ 1,7 bilhão. “Em primeiro lugar foi a aversão ao risco. As pessoas físicas perderam muito dinheiro por causa da oscilação dos preços. Como não conseguiram se capitalizar com a mesma força que as instituições financeiras, saíram do mercado”, avaliou Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado.
Conforme dados divulgados pela BM&F Bovespa, no último mês, a atuação de pessoas físicas na ponta compradora do boi gordo teve uma queda de 15 pontos percentuais em relação ao ano passado, fechando com 25% das operações. No lado vendedor, a queda foi 0,9 p.p., para 9% no mesmo período. No ano passado, os contratos de boi gordo foram os recordistas em número de negócios, batendo recordes seguidos de receita e volume. Molinari acredita que o mercado pode voltar à normalidade quando o mercado financeiro estabilizar. “É preciso que a confiança volte ao mercado”, observou.
Os papéis do café arábica também tiveram forte redução nos negócios. O produto cotado em dólar na Bolsa brasileira, situação que encarece ainda mais as operações, de acordo com analistas. Por esse motivo, dizem, o volume de pessoas físicas que participam do mercado sempre foi pequeno. Lembram ainda que a cafeicultura nacional é composta na grande maioria por pequenos produtores, o que dificulta a liquidez dos negócios. O volume dos contratos caíram 30% na comparação com janeiro de 2008, fechando com 45,4 mil unidades. A receita dos contratos no período foi de R$ 1,3 bilhão, queda de 23%.