22.07.2008
A falta de mão-de-obra masculina está mudando o jeito de se colher café em Minas Gerais. No município de Três Pontas, as mulheres ocupam 40% das vagas na lavoura.
A música deixa a rotina de casa e lavoura mais leve. A trabalhadora rural Claudinéia Giraldelli sabe o quanto é difícil encarar uma dupla jornada. “Eu saio muito cedo de casa, chego quando já está anoitecendo, tenho que trabalhar um pouco à noite e é assim”, contou.
Mulheres como Claudinéia são cada vez mais comuns nas lavouras de café. Em Três Pontas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, dos 12 mil empregos temporários criados durante a colheita de café, quarenta por cento das vagas são ocupadas por mulheres. Além de ajudar no orçamento da família, fazem o trabalho de qualidade da lavoura.
“São mais cuidadosas para cuidar do pé de café. Para fazer a farreção e a colheita fica tudo mais limpinho”, disse a agricultora Isaura Maria de Resende.
Esse cuidado especial com o pé de café é o que faz com que o trabalho delas se destaque. Em uma fazenda da região, dos 12 funcionários que estão na apanha, nove são mulheres.
Outro fator que contribui é a falta de trabalhadores. A mão-de-obra masculina está cada vez mais difícil de ser encontrada.
“É um dos anos mais difíceis que estamos enfrentando em relação à mão-de-obra. Todo mundo na região está se queixando”, contou o agricultor José Afonso de Resende Júnior.
E se eles abrem espaço, elas não perdem tempo. A trabalhadora rural Maria Aparecida Carlota disse que é feliz por trabalhar fora. “Ficar só dentro de casa também não dá. Quando sai para trabalhar na lavoura, a gente refresca a cabeça e ganha um dinheirinho”, concluiu.