Café em questão
23.06.2009
Agricultores de São Paulo e do sul de Minas Gerais embarcaram, na noite da segunda-feira, para Brasília. Eles discutem nesta terça-feira, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, a situação da cafeicultura.
Nos 200 mil pés de café do agricultor Marcos Botrel, no município de Campanha, devem ser colhidas nesta safra duas mil sacas. Mas, de acordo com ele, nos últimos anos o preço do produto não cobriu os custos com a produção. O resultado foi endividamento.
“Vai acumulando dívidas e mais dívidas e forma o bolo de neve de dívidas. Nós não temos como pagar agora. Nós precisamos de um prorrogamento dessa dívida”, disse Marcos.
É por isso que o produtor fez as malas. Ele levou na bagagem as reivindicações de quem vive de perto a crise na cafeicultura.
Nesta viagem, Marcos vai acompanhado de outros cafeicultores. As caravanas partiram de cidades do sul de Minas e do interior de São Paulo. A intenção é formar em Brasília um grupo com duas mil pessoas que reivindicam melhorias para o setor.
Entre as principais reivindicações estão a prorrogação da dívida de quatro bilhões de reais do setor por 20 anos, o direito de pagá-la com sacas de café e também o preço mínimo de R$ 320 a saca.
“Seria a remuneração mínima do produtor rural para que ele possa ficar menos dependente do endividamento”, falou o agricultor Osvaldo Passatutto.
Em março desse ano os cafeicultores já tinham feito uma passeata em Varginha. Como o protesto não surtiu o efeito esperado, eles querem ser ouvidos na capital federal.
A audiência está marcada para as 14h30, com a participação de deputados das comissões de agricultura, pecuária, abastecimento e desenvolvimento rural. Os produtores também esperam a presença dos ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e da Fazenda, Guido Mantega.