Em março, os satélites da Nasa detectarem um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, indicando ocorrência de El Niño neste ano, fenômeno que altera eventos climáticos em várias partes do mundo. Inicialmente, meteorologistas acreditavam que o evento não representasse grandes riscos, mas logo percebeu-se que o El Niño de 2015 pode ser tão forte quanto o maior já registrado, em 1997, ou até pior. É o que mostra um vídeo elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (NCAR), com base nos dados mais recentes do NOAA (Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos EUA).
A animação realizada Matt Rehme com base nos dados mais recentes do NOAA mostra claramente o aquecimento das águas do Pacífico nos dois anos, conforme o vídeo abaixo. "Fiquei chocado o quão parecidos visualmente são os fenômenos de 1997 e 2015", disse Rehme, criador do vídeo em entrevista ao site internacional Daily Mail.
No vídeo, quanto mais vermelho ou amarelo, mais quente estava o mar naquele dia. Em alguns momentos, as imagens de 1997 e 2015 são praticamente idênticas. Em outros, percebe-se claramente que neste ano há áreas maiores aquecidas.
Sabe-se que o El Niño traz reflexos para o clima em todo o mundo, mas mesmo os especialistas não conseguem precisar a intensidade do evento. "Não estamos completamente certos ainda de que será um fenômeno forte, mas os sinais estão indicando isso. Saberemos até outubro", disse o climatologista Bill Patzert da Nasa, em nota.
Segundo o climatologista Luiz Carlos Molion, no Brasil, os estados do Norte e Nordeste como Ceará, Pará, Maceió e Piauí devem presenciar uma redução severa de até 50% no volume de precipitações na estação.
Já no Sul do país pode haver um excesso de chuvas até dezembro, como vem ocorrendo no segundo semestre deste ano. O período de diminuição das precipitações deve ocorrer somente a partir de janeiro, mas não serão reduções significativas.
E no Sudeste, a estiagem pode ter início a partir de dezembro e permanecer até fevereiro de 2016, principalmente no sul de Minas Gerais e São Paulo, que são importantes áreas produtoras de café do Brasil, e que enfrentaram fortes secas em 2014 e início deste ano. Com isso, a produção do País tem caído forte nos últimos anos.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a colheita de café do Brasil da safra 2015/16 seja de 42,15 milhões de sacas de 60 kg. O número, em período de baixa bienalidade da cultura, representa redução de 7% em relação à produção de 45,34 milhões de sacas obtidas em 2014.
Reflexos para a cafeicultura de outros países
Recentemente, conforme reportado pelo Notícias Agrícolas, o El Niño de 2015 deve levar chuvas torrenciais à partes do leste da África, o que resultaria em 'graves' inundações em partes do Quênia, Uganda, Tanzânia, Ruanda e Burundi, e fatalmente resultaria em perdas na produção de café.
De acordo com informações reportadas pelo site Agrimoney, o fenômeno também pode interferir na produção de café da Indonésia, terceiro maior produtor global de café robusta, no Sudeste Asiático.