04/11/2009 – Há exatamente 90 dias, o governo federal da Venezuela resolveu efetuar uma medida de ocupação temporária das fábricas de processamento de café “Fama de América” e “Café Madrid”, por elas estarem supostamente implicadas em contrabando e monopólio, ao manejar cerca de 80% do mercado cafeeiro.
Em teoria, hoje deveria terminar a ocupação de ambas as empresas, porém, na prática não será assim, pois nos últimos dias o ministro do Comércio, Eduardo Samán, anunciou que se prorrogará a medida, ainda que os detalhes não tenham sido conhecidos. No entanto, fontes do setor informaram que as dificuldades verificadas na atual safra e os atrasos na normalização da disponibilidade da matéria-prima não permitiram a estabilização da produção de café moído e, assim, o abastecimento não se normalizou.
Os esforços do Executivo para manter as fábricas com 100% de operação não foram suficientes, pois a matéria-prima que foi importada para garantir o abastecimento também não foi suficiente para atender as necessidades da indústria cafeeira.
A produção da safra de café, por fatores climáticos, encontra-se atrasada e preocupa os cafeicultores, que esperavam obter pouco mais de 1 milhão de quintais (767 mil sacas), montante similar ao da safra 2008. No entanto, após novo levantamento, eles acreditam que a safra será 100 mil quintais (76,7 mil sacas) menor que a do ano passado.
Porém, esses números menores não se devem exclusivamente aos efeitos do clima. Os produtores estimam que o segmento está sofrendo as conseqüências da falta de rentabilidade, devido aos 40 meses em que os preços do grão estiveram congelados. Da comercialização do produto, 42% se destinam a cobrir custos de plantio, ao passo que anteriormente esse montante oscilava entre 12% e 18%.
Com os preços atuais se estima que o percentual restante será insuficiente para cobrir os investimentos necessários para a próxima temporada. Os produtores apontam que se o governo não revisar a questão da rentabilidade do setor, nos próximos três anos o setor cafeeiro venezuelano poderá quebrar. A situação da indústria também não é animadora. A produção de pequenas e médias torrefações cai novamente por falta de café, afetando os despachos e fazendo com que o produto se mantenha escasso nas gôndolas dos supermercados. As informações partem do Carvalho News / Café e Mercado.