Vendas de tratores devem se estagnar

6 de abril de 2006 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Estado de Minas


Por Naiana Oscar

Depois de enfrentar queda de 44% nas vendas no ano passado, a indústria de tratores e colheitadeiras deve passar o ano de 2006, na melhor das hipóteses, estagnada. A previsão da consultoria MB Associados é a de que as vendas de veículos agrícolas caiam em torno de 0,5%. A Região Sudeste é exceção, graças ao bom desempenho das culturas de cana-de-açúcar e café.

Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram vendidas 4.761 unidades no primeiro trimestre deste ano – 14,6% a menos do que no mesmo período do ano passado. A crise na agricultura afeta também o mercado de caminhões, cuja retração foi de 8%.

Para driblar a preocupante queda na venda de colheitadeiras, por conta da crise enfrentada pelos produtores de grãos, a Tracbel S/A, distribuidora de veículos agrícolas, reduziu os preços em 10%. “Foi a forma que encontramos para tentar recuperar a venda de colheitadeiras, que está praticamente parada”, afirma o vice-presidente da empresa, Luiz Gustavo de Magalhães. O comércio de tratores na Tracbel também está em queda, mas a situação é um pouco melhor em virtude da venda desse tipo de veículo para construtoras.

Já o comércio de máquinas e implementos agrícolas caiu 50% no primeiro trimestre de 2006, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

A Feira Internacional de Tecnologia Agrícola, que começou na terça-feira e prossegue até 8 de abril, em Goiânia, é um retrato do setor. “Não há movimento e os negócios são poucos”, afirma o presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da Abimaq, Francisco Matturro. O setor perdeu 17 mil postos de trabalho no ano passado. Para 2006, Matturro prefere não fazer previsões: “Atribuímos essa crise apenas à política cambial. Temos esperança de isso mude”.

A consultora da MB Associados, Tereza Maria Fernandez, explica que, apesar da safra agrícola estar um pouco melhor do que no ano passado, a rentabilidade continua baixa, o que influi diretamente nos investimentos do agricultor.

Reivindicações

Representantes das associações ligadas à venda de máquinas agrícolas estiveram no Ministério da Agricultura no final de março, para reivindicar e sugerir mudanças nos programas de investimento no setor. As associações pediram o fim da taxa de 4% cobrada sobre os financiamentos agrícolas e o aumento do prazo de financiamento de máquinas de 5 para 8 anos, além da queda na taxa de juros.

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