Globalmente, lucro aumentou 14% no trimestre, para US$ 1,26 bi; vendas tiveram maior alta desde 2004
Bloomberg e Valor
As vendas da Coca-Cola no Brasil cresceram 8% no primeiro trimestre, em volume, na comparação com igual período do ano passado. De acordo com um comunicado divulgado ontem pela empresa, o desempenho foi impulsionado pelas “estratégias de marketing e o desempenho dos refrigerantes”, além do “lançamento da Coca-Cola Zero e as novas embalagens do energético Burn”.
O presidente da Coca-Cola Brasil, Brian Smith, destacou que o acréscimo é reflexo dos investimentos realizados no país, de R$ 3,5 bilhões nos últimos cinco anos, que proporcionaram a entrada em novos segmentos. “Como exemplo, podemos citar os lançamentos da Aquarius Orange e Lemon, em fevereiro de 2006”, afirmou, no comunicado. “Outro ponto relevante foi a recente compra da Leão Júnior (Matte Leão), que trouxe produtos que não tínhamos em nosso portfólio”. A estratégia de crescer por meio de aquisições não é nova. A Coca-Cola comprou a Del Valle no final do ano passado e a Sucos Mais no ano anterior.
Globalmente, o lucro líquido do grupo atingiu US$ 1,26 bilhão entre janeiro e março deste ano, uma crescimento de 14% sobre os três primeiros meses de 2006. O resultado, que superou as estimativas dos analistas, cresceu com a demanda pela Coca-Cola Zero e as bebidas à base de café no Japão proporcionando às vendas o maior impulso desde 1994.
O faturamento aumentou 17% para US$ 6,1 bilhões. Apenas a Coca-Cola Zero foi responsável por uma alta de mais de 10% das vendas na América do Norte. A companhia desenvolveu esse refrigerante diet com o intuito de dar a ele a mesmo sabor de uma Coca-Cola normal, e conter o declínio das vendas nos EUA, onde a Coca-Cola vem perdendo para a PepsiCo. O volume de vendas cresceu 17% na China e 7% na América Latina.
As ações da Coca-Cola chegaram a subir 2,9%, para US$ 51,75, no pregão de ontem da Bolsa de Valores de Nova York, e caminhava para o maior ganho em seis meses. As ações estão no patamar mais alto desde junho de 2004 e nos últimos 12 meses acumularam uma valorização de 25%. A ação da PepsiCo, segunda maior fabricante de refrigerantes do mundo, valorizou 13% no mesmo período.
Os negócios na América Latina foram beneficiados pelo aumento das vendas no Brasil e o lançamento da Coca-Cola Zero no México e Argentina.
O CEO da Coca-Cola, Neville Isdell, que desistiu da aposentadoria em 2004, classificou a Coca-Cola Zero de “o lançamento mais bem sucedido em 20 anos”, depois que bebidas com sabor de café como a Coca-Cola Blak, e a Coca-Cola com limão não conseguiram atrair um grande número de consumidores.
Excluindo a baixa contábil de uma engarrafadora nas Filipinas e os ganhos com vendas de ativos, a Coca-Cola obteve um lucro líquido de US$ 0,56 por ação. A estimativa de lucro média de 11 analistas consultados pela Bloomberg era de US$ 0,53. A companhia lucrou US$ 1,11 bilhão (US$ 47 por ação) no primeiro trimestre de 2006.
O volume total das vendas cresceu 6%, o maior número em cinco anos, liderado por um ganho de 16% na Ásia. O bom desempenho na Ásia foi puxado pelo crescimento na China e por um ganho de 3% no Japão, onde a companhia obtém um quinto de seus lucros, por causa da demanda pelas bebidas Georgia Coffee, Coca-Cola e Aquarius.
Em relação às perspectivas para o restante do ano, o presidente da Coca-Cola, Muhtar Kent, disse ontem, em uma conferência telefônica com investidores, que haverá uma “fraqueza prolongada” nos Estados Unidos durante o primeiro semestre de 2007, com uma “melhoria seqüencial” no segundo semestre.
Kent afirmou que a companhia pretende “refocar” o fornecimento de chás engarrafados porque “acreditamos que não estamos vencendo nos chás”. A marca Nestea detém 10% do mercado de chás dos EUA, perdendo para os 37% da PepsiCo com o Lipton e o SoBe.
Recentemente, a companhia anunciou um acordo com a Nestlé para dar às duas companhias mais liberdade para produzir ou comprar seus próprios chás. Analistas como Mark Swartsberg, da Stifel Nicolaus, afirmam que a mudança permitirá à Coca Cola comprar outras fabricantes de chás como a Arizona Beverage, ou a marca Snapple, controlada pela Cadbury Schweppes.
(Tradução de Mário Zamarian)