Venda de defensivos surpreende, e Basf estima crescer 20%

7 de novembro de 2007 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Valor

AGRONEGÓCIOS
07/11/2007
 
Venda de defensivos surpreende, e Basf estima crescer 20%
 
 
Cibelle Bouças
Quando 2007 começou, os dirigentes da alemã Basf no Brasil não imaginavam que chegariam ao fim do ano com estoques praticamente zerados e com dificuldades para atender a uma demanda efusiva. “As indústrias normalmente trabalham com estoque de produção de 10%. Mas ninguém imaginou que a agricultura tomaria um impulso tão grande a ponto de faltarem alguns produtos nas revendas”, diz Eduardo Leduc, diretor de produtos para agricultura da Basf Brasil.


Por isso, agricultores que deixaram as encomendas para a última hora tiveram dificuldades. E quem depende ainda da liberação do Fundo de Financiamento de Recebíveis do Agronegócio (FRA) para recompor o caixa e investir na nova safra terá problemas, observa.


Satisfeita com o avanço no mercado de defensivos, a Basf leva à frente seu plano de investimentos de 252 milhões de euros até 2011 na América do Sul para modernizar as divisões agrícola e de tintas. Do total, 90% será destinado às unidades do Brasil. Hoje o país responde por 70% da sua receita no continente, que em 2006 foi de 529 milhões de euros. Para este ano, a empresa prevê para a América do Sul crescimento de 10%. Para o Brasil, segundo maior mercado para a Basf depois dos Estados Unidos, a alemã estima expansão de 20% nas vendas de defensivos para a safra 2007/08. Sem informar a atual participação no mercado brasileiro, Leduc situa a Basf como a terceira maior do setor, depois da múlti anglo-suíça Syngenta e da alemã Bayer.


Para o mercado, Leduc prevê para este ano receita de até US$ 5 bilhões, ante US$ 3,9 bilhões em 2006, número que, se alcançado, será recorde. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) projeta receita menor, de até US$ 4,6 bilhões, mesmo valor alcançado em 2004.


Na avaliação de Leduc, o mercado brasileiro se aqueceu graças ao aumento da adoção de tecnologias no campo. Entre elas, destaca a recente utilização de herbicidas nas lavouras de milho. “É um mercado que não existia e começou a ser explorado neste ano”, diz. Outro fator apontado é o aumento de 7% na área plantada com soja no país e a maior adoção de defensivos em milho, cana, café e citros. “Houve recuperação nos preços internacionais dos defensivos com a expansão global da agricultura, o que também favoreceu um reajuste nos preços no país”, acrescenta.


Para o executivo, apenas dois fatores podem limitar esse crescimento: problemas climáticos e a queda do dólar para um nível próximo a R$ 1,60, como já é previsto por economistas. “Produtores que plantaram com o dólar a R$ 1,80 terão um novo desencaixe entre custo e receita se as previsões para o câmbio se confirmarem”, afirma.


Outro desafio será evitar a pirataria de sementes. A Basf trava disputa na Justiça para receber royalties referentes ao uso da tecnologia Clearfield para arroz, desenvolvida em parceria com o Instituto Riograndense do Arroz (Irga). “A empresa possui variedades de arroz resistentes a herbicidas [imidazolinona] e de alta produtividade, mas não trará ao Brasil enquanto essa questão não for solucionada”.


No exterior, a Basf detém variedades transgênicas de arroz que oferecem produtividade até 40% superiores a sementes convencionais – tecnologia desenvolvida pela belga CropDesign, adquirida pela Basf em 2006. A empresa também mantém parceria com a Monsanto, desde março, para desenvolver sementes de milho, soja, algodão e canola geneticamente modificadas e tolerantes à seca.


No Brasil, a Basf fechou acordo em julho com a Embrapa para desenvolver variedades de soja transgênicas, projeto que envolve aporte de US$ 6 milhões pelas duas empresas. “Também estamos avaliando oportunidades de negócios com cana-de-açúcar”, diz Leduc.


Ainda na área agrícola, a Basf inaugurou em outubro um laboratório global de estudos ambientais e segurança alimentar, com sede em Guaratinguetá (SP). Fruto de investimento de 3,15 milhões de euros, é o terceiro do gênero (a empresa possui outros dois na Alemanha e nos EUA) e permitirá à empresa acelerar o desenvolvimento de novos produtos para a América do Sul. “A unidade também possibilitará desenvolver produtos exclusivos a esse mercado”, afirma Leduc.
 
 

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