fonte: Cepea

Venda de aviões decola com agronegócio

Por: Folha de São Paulo

31/05/2013
 
Venda de aviões decola com agronegócio
Bom desempenho nas atividades do campo já provocou alta de 10% ao ano no comércio de aeronaves executivas. Empresas dizem que a procura é tanto para facilitar a locomoção quanto para uso como ferramenta de trabalho
 
JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO


A força do agronegócio não está garantindo apenas bons números para a economia do país –seu avanço de 9,7% sobre o trimestre anterior foi o destaque positivo no pibinho de 0,6% do primeiro trimestre. Um dos setores que está surfando nessa onda é o da venda de aviões executivos.


Segundo a Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), a venda de jatos, turboélices e helicópteros cresce em torno de 10% ao ano, puxada, principalmente, por clientes ligados à agricultura.


O país se tornou neste ano o primeiro produtor e exportador mundial de soja e o maior exportador de milho e colhe safra recorde de grãos –185 milhões de toneladas.


Segundo a Abag, a grande dimensão do país, a baixa disponibilidade de rotas da aviação comercial e a necessidade de uma logística cada vez mais rápida contribuem para alavancar as vendas.


A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que 122 cidades brasileiras são atendidas por voos regulares. Já a aviação executiva consegue chegar, de acordo com a Abag, a 3.500 cidades.


Essa facilidade de locomoção tem atraído produtores rurais e executivos ligados ao agronegócio, segundo empresas do setor. “O empresário faz a conta e acaba adquirindo o avião”, diz o presidente da Abag, Eduardo Marson.


Segundo a associação, o número de aviões executivos subiu 11,4% em um ano. O último levantamento mostra que a frota da categoria passou de 2.898 aeronaves em 2010 para 3.230 em 2011 –dados de 2012 sairão em agosto, no anuário da associação.


EMPRESAS DE OLHO


As empresas que vendem aviões, nacionais e importados, voltam suas atenções para o agronegócio. É o caso da Lider Aviação, que já tem 70% das suas vendas voltadas para essa clientela “”em 2011, eram 60%.


O diretor de vendas Philipe Figueiredo disse que a participação do agronegócio na compra de aeronaves tem crescido 15% ao ano. “Vendemos para frigoríficos, usinas [açúcar e álcool], produtores de soja, milho, algodão, criadores de gado.”


Leonardo Fiuza, diretor comercial da aviação executiva da TAM, que revende Cessna (aviões) e Bell (helicópteros), disse que o agronegócio é o principal cliente na categoria de aviões turboélices.


Já a Helibras, que vende helicópteros, registrou aumento de 76% no faturamento do ano passado em relação a 2011, passando de R$ 288 milhões para R$ 508 milhões. Do total, 15% das vendas são para o agronegócio. A Algar Aviation informou que, dos 13 aviões comercializados desde 2007, 60% são usados como ferramenta de trabalho para atividades agrícolas.


Na Embraer, as vendas de jatos aumentaram 15% no ano passado em relação a 2011. Cerca de 70% é exportado. Do que é vendido no Brasil, 15% vai para o agronegócio –número expressivo, já que jatos são mais caros e cobrem até distâncias entre países.


Usineiro recebe concessão de aeroporto
DE RIBEIRÃO PRETO


Integrante de uma família que possui usinas de cana-de-açúcar pelo país, Luis Gustavo Junqueira obteve autorização, em 2012, para administrar o aeroporto de São Joaquim da Barra, na região de Ribeirão Preto (interior de São Paulo).


Com a ajuda de investidores, ele destinou R$ 2 milhões para o empreendimento, cuja concessão é de 25 anos.


Asfaltou a pista, que era de terra, providenciou sinalização e alambrados, ampliou os hangares e está construindo um “lava-rápido” para aeronaves agrícolas.


A intenção é aplicar mais R$ 1 milhão até o fim de 2014. Sete empresas, todas ligadas ao agronegócio, têm aviões no aeroporto desde agosto. Em breve, será implantada uma escola de aviação.


“Decidi assumir a gestão ao saber que a prefeitura não tinha interesse em investir no aeroporto”, diz.


Segundo Junqueira, melhorar a estrutura dos pequenos aeroportos é fundamental para o crescimento da aviação executiva.


Apaixonado por aviões, Junqueira, que também é piloto, comprou um turboélice no ano passado e diz que usa a aeronave principalmente para o trabalho. “Não é luxo, é necessidade. Você percorre grandes distâncias num único dia e ganha tempo.”


A Secretaria de Aviação Civil informou, via assessoria, que estão previstos R$ 7,3 bilhões de investimentos em 270 aeroportos regionais.


“O governo está estimulando a participação empresarial por meio de concessões e autorizações, introduzindo assim, concorrência no sistema”, diz a nota.


Efeito positivo da agropecuária na economia deve perder força
TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO


Principal influência positiva para o modesto crescimento de 0,6% da economia no primeiro trimestre, a agropecuária deve reduzir a sua contribuição nos próximos.


Espera-se uma desaceleração no ritmo de expansão, já que o avanço de 17% do setor no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2012, foi beneficiado pela fraca base de comparação.


No ano passado, o clima reduziu a produção de grãos no Sul do país, levando o PIB do setor agropecuário a uma retração de 8,5% no primeiro trimestre. Em 2013, a recuperação veio com força: a colheita de soja –carro-chefe da produção agrícola– aumentou 23% e é recorde.


Embora o peso da agropecuária seja de apenas 5% no PIB, a sua contribuição foi tão relevante que, sem ela, o indicador teria ficado praticamente estável, segundo economistas do Bradesco.


Sem contar os efeitos indiretos do setor sobre as boas notícias do último PIB.


A alta de 3% nos investimentos, impulsionada por bens de capital, tem um componente agrícola. Para colher a supersafra, as vendas de colheitadeiras subiram 55%.


Com a safra de soja encerrada, os impactos diretos e indiretos da agropecuária no PIB serão menores, mas não serão nulos.


Se daqui para a frente o peso da oleaginosa diminui, entram na conta culturas não menos importantes: a moagem da cana-de-açúcar teve início em abril, enquanto a safrinha de milho, que já é maior do que a principal, começa a ser colhida em junho.


Com o aumento da produção de cerca de 10% em ambas, cana e milho contribuirão com 30% do valor da produção agrícola –peso semelhante ao da soja e, portanto, não desprezível.


Do outro lado estão o café e o feijão. O primeiro tem um ano de produção menor e de preços baixos. Já o feijão, com a menor safra em 12 anos, também contribui com a outra grande preocupação do governo: a alta inflação. 

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