Valorização do café é a proposta do novo presidente da Abic

16/08/2011
  
Inez De Podestà |Cafés do Brasil

 
Filho de imigrantes japoneses, Américo Takamitsu Sato nasceu em Cafelândia, no interior de São Paulo. Trabalhou em lavouras de café na época em que os trabalhadores carregavam as sacas nas costas e o produto era vendido a granel em feiras livres. Numa parceria com o irmão, Kiyoshi Sato, e mais dois companheiros, Alexandre Gonçalves e Jorge Hattori, criou a empresa Café do Ponto, em 1951, que foi vendida para a norte-americana Sara Lee, em 1998.
 
Além de sócio-fundador da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Américo Sato já presidiu a entidade em duas gestões, no período entre 1991 e 1996. Nesta entrevista, ele conta o que o levou, aos 81 anos, a assumir mais uma vez a presidência da Abic e apresenta as propostas a serem desenvolvidas até o fim do mandado, em 2014. Entre os desafios está a configuração do mercado, com novas formas de preparo — os sachês e cápsulas e máquinas de preparo automático –, que esbarram na concentração do varejo, que responde por 65% da distribuição do café.
 
Qual será o principal direcionamento na sua atual gestão da ABIC?
Américo Takamitsu Sato – A nova diretoria já elencou como principais metas a recuperação da lucratividade dos negócios, a longevidade, o desenvolvimento e a manutenção das empresas e das atividades do setor e a reorganização da Abic. Elaboramos também uma agenda positiva para este ano, como a defesa dos interesses dos associados, a luta pela isonomia tributária, defendendo nova sistemática para o PIS/COFINS e o aperfeiçoamento das normas legais que regem a qualidade (IN 16), buscando modificar os impedimentos que existem hoje no texto legal, estabelecendo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o convênio de cooperação. Criar mais valor para o café e ampliar significativamente os programas de qualidade e certificação da Abic – Selo de Pureza e Programa de Qualidade do Café (PQC). Também vamos buscar recursos em organismos de fomento, para melhorar a infraestrutura industrial e abastecer o mercado interno e externo.
 
Como o senhor avalia a evolução do mercado interno nestes últimos 20 anos e o que é possível fazer para manter o alto índice de consumo nacional da bebida café?
Sato – Nos últimos 20 anos, o mercado interno cresceu de forma consistente. Em 1991, quando assumi a Abic, o consumo era de aproximadamente 6,5 milhões de sacas e hoje está em torno de 19 milhões de sacas. Pelos dados da Abic, a taxa anual de consumo (4,5%) está extremamente alta, quando comparado com a do mundo, estimada em 2%. Vejo que este crescimento acima da média no país é mantido graças ao sacrifício do setor industrial, salvo exceções, pois o aumento de preço nos últimos anos desatrelou de forma assustadora.
 
Sou otimista por natureza e entendo também, por diversas razões, que podemos mudar o quadro atual, implantando as agendas já mencionadas, mudando a cultura sobre o café, apoiando a melhoria da infraestrutura do setor produtivo, valorizando o café pela melhoria da qualidade e promovendo programas diversos da agenda positiva da Abic. É preciso também desenvolver novos produtos para atender às novas exigências das diversas camadas dos consumidores. Temos que voltar o olhar até para o mercado externo, pois o setor industrial forte no país pode contribuir cada vez mais para sociedade e interesse global da nação.  

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