| | Vai um cafezinho?
Rede Starbucks chega para brigar com o nosso café
CAIO QUERO, caio.quero@grupoestado.com.br
Em O Diabo Veste Prada, entre as diversas exigências que a editora (e megera) Miranda Priestly faz a sua assistente Andy Sachs, uma chama atenção: todas as manhãs, a garota precisa providenciar um café. Mas não qualquer café. O pedido é tão cheio de detalhes que seria difícil encontrá-lo em outro lugar que não a cafeteria Starbucks.
Os brasileiros não vão mais precisar ir ao exterior para tomar o café preferido de Miranda Priestly. A rede Starbucks acaba de desembarcar para brigar pela preferência de um povo acostumado a tomar um dos melhores cafés do mundo.
Espécie de McDonald’s das cafeterias, a Starbucks tem lojas espalhadas por 37 países do mundo, da Espanha à China. A primeira unidade no Brasil será inaugurada hoje no Morumbi Shopping, na Zona Sul. Uma outra cafeteria, no mesmo shopping, abre para o público na próxima segunda-feira.
“Eu fazia um curso em Boston e adorava a Starbucks do bairro. Gostava tanto que fiz o trabalho de conclusão de curso sobre a viabilidade da cafeteria no Brasil”, lembra a empresária Maria Luisa Rodenback. Ela e o marido Peter são os responsáveis pela chegada da multinacional ao País.“Apresentei o projeto para a direção da rede nos Estados Unidos e eles me disseram para esperar. Esperei nove anos”.
‘Não estamos aqui para ensinar os brasileiros a tomar café. Temos muito respeito por esta tradição com a bebida que vocês têm por aqui”, diz Buck Hendrix , presidente de operações da rede na América Latina. O americano garante que além dos blends (mistura de grãos) o grande atrativo das lojas é o que ele chama de Starbucks experience, a ‘experiência’ que o cliente terá ao tomar a bebida no ambiente aconchegante e intimista.
Além do expresso tradicional (R$ 2,80), a loja vai oferecer outras bebidas à base de café – algumas chegam a custar R$ 12,60. Para tentar conquistar o paladar dos brasileiros a rede adaptou o cardápio. O café, por exemplo, não será servido apenas naqueles copos gigantes de papelão que os americanos adoram. Há também a opção em xícaras de cerâmica. A rede também vai servir pães de queijo e outras iguarias apreciadas pelos brasileiros.
Nova concorrente
Desde o século 19, quando virou nosso grande produto de exportação, os brasileiros são apaixonados por café. Há pouco tempo, porém, o mercado passou a exigir cafés de altíssima qualidade, com misturas de grãos e menu de degustação, como se faz com os vinhos. Isso começou com a moda das cafeterias ‘gourmet’, que se espalharam pela Cidade. A gigante norte-americana vem lutar por este mercado, mas os proprietários de outras cafeterias não estão assustados. “Queremos atingir o mesmo público, mas acho que o grande diferencial é que nosso café é mais artesanal. Eles têm máquinas automáticas, nós preparamos uma bebida por vez”, diz Marco Suplicy, dono do Café Suplicy, nos Jardins.
“Acho que a chegada da Starbucks vai despertar em mais gente a procura por um café de qualidade, mesmo que seja um pouco mais caro que o usual”, diz Vitor Sapolnik, do Caffè Latte, no Centro.
Há aqueles, porém, que não largam a tradição. O Canelinha, por exemplo, serve o café do mesmo jeito há 30 anos. Não há mesas ou bancos, e os clientes bebem o café de pé. “Nosso diferencial é o café canelinha, invenção nossa”, diz o proprietário Toninho, orgulhoso de seu cafezinho coberto com uma ‘nuvem’ de leite salpicado com canela.
QUANTO CUSTA?
R$ 2,80
por um café
é o preço do expresso (60 ml) na Starbucks
R$ 1,50
o ‘canelinha’
é o preço do café com leite e canela no Centro da Cidade
CAFÉ GLOBALIZADO
38
países
Com a inauguração das duas lojas no Morumbi Shopping, a rede fundada em 1971 na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, espalha cada vez mais seu conceito de cafeteria ao redor do mundo
A GUERRA DO CAFÉ NA CIDADE
Para todos os gostos
Não é de hoje que os brasileiros são apaixonados por café. Desde aquele cafezinhos bem simples, passados no coador de pano, até as sofisticada misturas de grãos, a bebida sempre esteve presente em nossa rotina. Conheça outras opções da Cidade para degustar um saboroso cafezinho
SANTO GRÃO
A cafeteria é uma das representantes do café ‘gourmet’ . A agradável unidade da Oscar Freire é ponto de encontro de endinheirados dos Jardins. Rua Oscar Freire, 413, 3082 9969
CAFFÈ LATTE
Completando dois anos no Centro velho da Cidade, o café tem uma decoração leve e é animado com jazz suave. Os quitutes também valem a pena. R. do Comércio, 58, 3242- 1700.
SUPLICY
Inaugurado em 2003 pelo empresário Marco Suplicy, a cafeteria teve sua inspiração nas coffee shops de Londres. Ideal para quem quer marcar um encontro.
Al. Lorena, 1.430, 3061-0195
CANELINHA
Há trinta anos os irmãos Toninho e Magrão servem clientes que não se incomodam em ficar em pé para saborear as iguarias criadas pela dupla. R. D. José de Barros, 32, 3255-2363
FRAN’S CAFÉ
Fundada em 1972 na cidade de Bauru, no Interior de São Paulo, a rede de cafeterias tem lojas espalhadas por todo o Estado. Além de cafezinhos de vários tipos, serve salgados e doces. |
