Uso de máquina derriçadora na colheita de café atrai produtores

Utilizado inicialmente por pequenos e médios produtores em terrenos mais íngremes, o equipamento já conquistou grandes proprietários
 
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A demanda por máquinas para colher café tem aumentado no sul de Minas Gerais, principal região produtora da commodity no País. A máquina é chamada de derriçadora, mas na verdade é uma roçadeira com um adaptador para colher o grão, conhecida como “mãozinha”.


A roçadeira custa, em média, R$ 1.200 e a mãozinha, R$ 800. Mesmo com o preço da saca a R$ 360 – no início do ano a saca era cotada a R$ 460 – a aquisição tem compensado para os agricultores. Usado no início por pequenos e médios produtores em terrenos mais íngremes, o equipamento já conquistou os grandes proprietários, sendo utilizado ao lado das colhedoras automotrizes.


Uma das grandes fabricantes do produto, a japonesa Honda informa que teve aumento de 55% nas vendas de roçadeiras para o mercado de café no acumulado de janeiro a maio de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa não informou dados de unidades negociadas.


A Husqvarna, de origem sueca, aproveitou o crescimento da demanda às vésperas da colheita e lançou sua derriçadora em março deste ano e planeja a venda de “dezenas de milhares” dessas máquinas no Brasil, segundo o vice-presidente de Vendas e Serviços da empresa para a América do Sul, Eloi Fernandes. A companhia pretende expandir os negócios com sua derriçadora para outros países produtores de café da América Latina. Desde 2010, quando entrou no segmento cafeeiro, as vendas do setor da Husqvarna aumentaram cinco vezes, garante Fernandes.


Um dos motivos do aumento das vendas de derriçadoras, segundo o coordenador Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Mário Ferraz, é que a mão de obra tem se tornado cara e escassa.


Além disso, em alguns casos, a produtividade chega a ser de três a quatro vezes maior quando comparada com a colheita tradicional feita a mão, reduzindo custos em até 40%, comenta o professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla) Fábio Moreira, especialista no assunto.


Oito máquinas


Como neste ano espera sua mais farta produção em cerca de 30 anos de trabalho na lavoura, Sebastião Raimundo Madeira, de 50 anos, comprou oito derriçadoras para a colheita em seus sítios em Guaranésia, Nova Resende e Guaxupé, no sul de Minas.


– Já tinha umas oito de dez dedos e resolvi comprar de 20 dedos agora porque vou colher de 3 mil a 3,5 mil sacas. Com ela, o trabalho rende mais – diz.


Para Ferraz, da Cooxupé, outra vantagem é que o produtor consegue finalizar a colheita em tempo, sem precisar buscar mão de obra não especializada sazonal na zona urbana. Normalmente, na colheita com derriçadora, trabalham duas ou três pessoas por pé: um com a máquina e um ou dois para recolher o grão. O equipamento pode ser usado nas costas ou ter motores laterais.


No entanto, nem sempre é mais vantajoso para o produtor usar a derriçadora, lembra Carlos Fidélis, agrônomo da Cooxupé.


– Compensa se a lavoura for maior, a planta for alta e o espaçamento entre as ruas for grande. Para pés de café de até 1,5 metro, a produtividade com a máquina concorre com a mão de obra sem máquina e ainda tem o custo do combustível, peças e reparos.
Além disso, segundo o professor Moreira, o equipamento não colhe 100% dos frutos, deixando repasse de 10% a 15%.


Outros cuidados precisam ser tomados, pois o uso inadequado pode danificar a planta e a máquina, que também pode não atingir o volume desejado de colheita nessas condições, lembra Ferraz. A mão de obra precisa ser qualificada e há custos com outros equipamentos, como protetor auricular. O trabalhador que sabe manejar a derriçadora costuma ter salário maior do que o funcionário que realiza a colheita manual. 

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