O Governo de Minas Gerais ainda não teve resposta do Ministério da Agricultura para o pedido de mudanças nos critérios de concessão de crédito às lavouras de café. Pela Portaria 59, de julho de 2005, os bancos só liberam os recursos para custeio para os plantios enquadrados no Zoneamento Agroclimático do Cafeeiro, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), encomendado pelo Governo. O critério utilizado pela UFV delimita regiões pelo critério das ‘estimativas de déficit hídrico, além das temperaturas médias e mínimas das áreas estudadas’. O levantamento considera aptos ao cultivo do café arábica os locais com temperaturas médias entre 18º e 23,5ºC, temperatura mínima superior a 2ºC e com déficit hídrico anual abaixo a 150mm’, esclarecia nota da Secretaria da Agricultura. As áreas que não atendem aos parâmetros da UFV, ou classificas como produtivas somente pela via da irrigação, não recebem os financiamentos. ‘O zoneamento agroclimático adotado pelo Ministério não aborda o microclima existente em diversas regiões de Minas e que permite o desenvolvimento da atividade. Desta forma, muitos municípios com tradição no cultivo do café foram prejudicados pelo estudo’, protestou, em janeiro, o secretário da Agricultura de Minas, Silas Brasileiro. Zona da Mata Como exemplo de município prejudicado estaria Mantena – 8 mil hectares de café não irrigado (50% tipo arábica) ocupados por 800 propriedades -, no Vale do Rio Doce, onde a cafeicultura existe há quase 100 anos e gera 20% da receita local. No município, o café só é viável com a técnica da irrigação. Mesmo com todo histórico econômico, os bancos passaram a negar créditos aos cafeicultores locais. Mucuri Mesma situação para os donos dos cafezais nas terras altas de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Mas, nos bancos, o atestado da UFV contraria a realidade: considera a região inapta para a cafeicultura. Os técnicos da secretaria da Agricultura sugerem um estudo mais detalhado, por município, para se chegar às ‘reais condições para a cultura do café’. Pronaf A nota distribuída pela secretaria da Agricultura, quando o pleito foi encaminhado ao Governo, em janeiro, destacava que, em Lajinha, na Zona da Mata, existem 598 contratos do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) feitos por agricultores familiares, em 2004, dos quais muitos não serão renovados por causa do zoneamento da UFV. Silas Brasileiro (cafeicultor no Alto Paranaíba) disse que 70% dos cafeicultores mineiros são pequenos produtores, na maioria, dependentes do Pronaf. Placa congelada – No sábado, às 19 horas, cruzou a Rua São Paulo com Avenida Álvares Cabral um automóvel preto, modelo Scort, marca Ford e com a logomarca da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nas portas. A Conab é uma empresa do Ministério da Agricultura. Chamava atenção pela placa: preta, como as dos ministérios (GMF-4631). Veículos de estatais (municipal, estadual ou federal) utilizam placas iguais às das empresas privadas. |