CNA quer abrir rede de churrascarias no país mais populoso do mundo, para vencer a concorrência do produto australiano
Edla Lula
O Brasil pretende mostrar à China que a carne brasileira é melhor que a australiana. Para isto, um grupo de empresários brasileiros embarca amanhã rumo a Pequim com a missão de seduzir os consumidores para o sabor do tradicional churrasco brasileiro.
“Queremos estimular o consumo de nossa carne, para que os chineses conheçam a carne brasileira, que é muito melhor que a australiana”, afirmou a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Ká-tia Abreu (PMDB-TO) que está capitaneando a missão. O grupo deverá construir vários restaurantes em localidades estratégicas do país. Em janeiro, outros empresários do mesmo ramo estarão lá. A ideia é que o consumo provoque a demanda pelo produto brasileiro.
Embora a Austrália tenha saído na frente, ao fechar acordo com a China, que deve ampliar em 74% o consumo de sua carne no país, Kátia Abreu afirma que há mais de um ano e meio a CNA vem traçando esta estratégia de abarrotar a China com carne brasileira.
“Eles (os australianos) têm uma vantagem a mais do que nós, que é o fato de estarem mais perto fisicamente da China”, comentou a empresária. “No entanto, nós somos melhores em termos de preço. Vamos vencer a desvantagem da distância com a competitividade e a qualidade da nossa carne. Não só em qualidade sanitária, como em sabor”, garante Kátia Abreu, acrescentando que a carne brasileira é mais saudável, porque não tem gordura, a não ser em sua borda.
Outra desvantagem que ainda persiste é o embargo chinês à carne brasileira, sob alegação de problemas sanitários relacionados à doença da vaca louca. Uma comissão técnica virá ao Brasil no próximo mês para fazer uma nova avaliação. Para a presidente da CNA, não há motivação técnica para o embargo. “Este embargo, na verdade, nunca existiu. Trata-se muito mais de questões comerciais do que sanitárias”. A presidente acredita ser “insustentável” que a medida perdure até a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, prevista para março de 2014.
Não é apenas o mercado da carne que a CNA pretende expandir no país oriental. O grande desafio, acrescenta Katia Abreu, será montar uma rede de cafeterias brasileiras, similar à Starbucks, porque enquanto as churrascarias já são tradicionais no país, a cultura da cafeteria ainda terá que ser montada. “Os chineses bebem três xícaras de café por ano, enquanto o resto do mundo bebe 200 e o Brasil 800. Se eles elevarem este número para 10 xícaras, já estará ótimo”, avalia.
Outra preocupação da CNA é a questão indígena. Katia Abreu revelou que a entidade passou a utilizar imagens de satélite para usar como prova de irregularidades nas demarcações de reservas em áreas já ocupadas e trabalhadas por agricultores nas terras reivindicadas pelos índios.
Ontem a CNA divulgou o balanço do agronegócio em 2013. Pelos dados da instituição, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor chegará a R$ 1,02 trilhão este ano, com crescimento de 3,56% em relação a 2012. Com isso, a participação do agronegócio no PIB brasileiro chegará, este ano, a 22,8%, contra 22,5% em 2012. Somente a agropecuária cresceu 7,4% este ano, três vezes mais o que deverá crescer a economia como um todo.
Graças ao bom desempenho do agronegócios, Kátia Abreu afirmou que os três candidatos à Presidência têm procurado a CNA para discutir propostas. “Antes éramos nós que tínhamos que ir até eles para apresentar nosso plano. Agora eles é que nos procuram”, disse a senadora ruralista.