Rovenildo Camargo, que começou a produzir café há 15 anos em assentamentos
28/11/2018 Edgard Bressani, da Capricornio Coffees, diz que “garimpar as pérolas” dos parceiros fornecedores de café para que se destaquem e agreguem valor ao produto também é um dos trabalhos da empresa. Pois neste ano uma dessas pérolas foi produzida por um pequeno agricultor afiliado à Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Norte Pioneiro (Coanop), uma das parceiras da Capricornio no norte do Paraná.
O café especial produzido por Rovenildo Camargo, no sítio Bom Jesus, em Terra Nova, representou a região do Norte Pioneiro na segunda etapa da fase nacional do concurso Cup of Excellence, competição anual realizada em vários países para identificar e premiar grãos de alta qualidade promovida pela Alliance For Coffee Excellence. O produto não avançou para a fase internacional da competição, mas a seleção na fase nacional já foi motivo de orgulho para Camargo e para a Capricornio.
O café está faz tempo na vida do produtor de 34 anos, que é natural de São Jerônimo da Serra, no norte paranaense. Seu pai, o agricultor Francisco Camargo, que já faleceu, não chegou a produzir o próprio café, mas trabalhava em propriedade cafeeira na região.
Rovenildo começou a produzir café há 15 anos, sempre em assentamentos no norte paranaense. Em 2016, tornou-se cooperado da Coanop e em 2017 iniciou a produção de cafés especiais dentro do projeto de parceria entre Capricornio e Coanop. Ele conta que “no início tudo era difícil”. Como outros participantes do projeto Quatro Estações, da Capricornio, teve assistência agronômica e orientação sobre boas práticas agrícolas e técnicas de pós-colheita, vitais para produzir cafés de qualidade.
Conforme Rodrigo Casado, diretor da Coanop, na parceria com a Capricornio foram mapeadas as famílias de pequenos produtores cooperados com potencial para produzir cafés especiais. Dos 600 produtores que fornecem café à cooperativa, há hoje 40 cadastrados no projeto iniciado há três anos. Com atuação em 12 municípios do norte do Paraná, a Coanop tem como público agricultores familiares e assentados de reforma agrária.
A cooperativa recebeu nesta safra cerca de 30 mil sacas de café, sendo 2 mil de cafés de qualidade. “Faz três anos que fazemos um trabalho de ajuste fino nos meios de produção e assistência intensiva com os cooperados. Com isso, os cafés dos nossos cooperados têm ficado sempre entre os cinco melhores no concurso de qualidade do Paraná”, afirma Casado.
Rovenildo é um deles. Na safra 2017/18, produziu 100 sacas de café, dentre as quais 22 de cafés especiais. Na atual (2018/19), a produção total foi de 126 sacas, sendo 46 de especiais. Os volumes são ainda modestos, mas o produtor está entusiasmado. “Quero aumentar cada vez mais a produção”, diz.
A perspectiva de melhorar a renda com o café especial é um estímulo. Segundo Camargo, na safra passada o café especial por ele produzido foi negociado a R$ 995 a saca, em média, mais que o dobro do café convencional. Na atual safra, o prêmio para o café de qualidade foi menor porque as peneiras (tamanho do grão) foram mais baixas, explica. O convencional foi negociado por R$ 380 a R$ 400 e o especial alcançou R$ 550 por saca.
Em seus 5 alqueires de terra, Camargo também cultiva uma horta, cria aves e suínos e planta milho e feijão, tudo para subsistência, em consórcio com o café.
Por De São Paulo
Fonte : Valor