Ultracargo tem seguro para perda de R$ 550 milhões

Valor Econômico
06/04/15


A Ultracargo, dona dos tanques que começaram a pegar fogo na manhã de quinta-feira, no porto de Santos, possui seguro para perdas e danos causados por incêndio e explosões de qualquer natureza. O valor máximo indenizável é de R$ 550 milhões. A controladora, Ultrapar Participações, possui também “seguro de responsabilidade civil geral” com valor de cobertura global máximo de US$ 400 milhões. Esse contrato cobre “prejuízos que eventualmente possam ser causados a terceiros decorrentes de acidentes relacionados às operações” do grupo Ultra. 


A companhia não se pronunciou a respeito de potenciais prejuízos. A área em que ocorre o incêndio tem 58 tanques e, segundo a empresa, os materiais dos tanques pertenciam a clientes, mas os nomes não foram informados.


Desde o início do incêndio, cujas causas ainda serão apuradas, seis tanques foram atingidos, nunca ao mesmo tempo. No pior momento, na sexta, havia cinco queimando juntos. Dada a gravidade do incêndio, considerado pelos bombeiros de proporções “gigantescas”, foram enviados reforços de várias cidades do Estado. A Ultracargo fica rodeada por terminais de líquidos inflamáveis. Foi detectada mortandade de peixes no estuário e muita fumaça preta. Técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) coletaram amostras de água em cinco pontos do estuário e no Rio Cubatão, além de peixes para análise.


A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) orientou as instalações da margem direita a não programar a vinda de caminhões e divulgou o bloqueio às associações ligadas à atividade (ver reportagem ao lado). Segundo o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Eduardo Lopes, a proibição não vai parar a operação portuária, mas alguns terminais terão a movimentação “prejudicada”. “Terminal que trabalha com granel, por exemplo, tem estoque, continua operando normalmente”. Algumas operações de contêineres já estavam sendo transferidas ontem para o cais da margem esquerda.


Os seis tanques atingidos até a noite de ontem tinham combustíveis (gasolina e etanol), com 6 milhões de litros cada. Também foram perdidos os químicos (substância não revelada) de dois outros tanques, que poderiam causar fumaça tóxica caso explodissem. Esses reservatórios, porém, não foram prejudicados. Um nono tanque teve a substância removida por precaução.


Esse é o primeiro incêndio na história da Ultracargo, que tem 48 anos de existência. A subsidiária de armazenagem de líquidos químicos, combustíveis e óleos vegetais responde por uma fatia de 0,6% da receita líquida da controladora Ultrapar. No ano passado, a receita líquida da unidade foi de R$ 346,8 milhões, enquanto o grupo todo teve receita líquida consolidada de R$ 67,7 bilhões.


No lucro operacional, porém, a Ultracargo tem uma influência maior, o que indica que o negócio tem margem significativamente mais alta que a da atividade de varejo. Em 2014, contribuiu com R$ 117,34 milhões do total de R$ 2,28 bilhões. Nos ativos totais da Ultrapar, a subsidiária participa com 7% – R$ 1,4 bilhão de R$ 19,5 bilhões.


O terminal de Santos da Ultracargo tem 175 tanques e é o maior em capacidade e em extensão da companhia. Ocupa uma área de 184 mil metros quadrados e pode armazenar até 301,3 mil metros cúbicos. Perto de 37% da capacidade total da empresa, que fechou 2014 em 810 mil metros cúbicos.


Além de Santos, a Ultracargo possui mais seis terminais – Paulínia (SP), Paranaguá (PR), Rio de Janeiro (RJ), Aratu (BA), Suape (PE) e Itaqui (MA). Em 2014, a empresa investiu R$ 26 milhões e planeja aplicar mais R$ 47 milhões em suas operações neste ano. A Ultracargo é a maior companhia de seu segmento e responde por mais de 30% da capacidade de armazenagem do país.


No início da noite de ontem, a expectativa do Corpo de Bombeiros era de que o fogo nos tanques acabasse hoje. Os trabalhos no local, no entanto, devem durar mais alguns dias. Em nota, a empresa informou que o fogo se restringia a dois tanques.

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