As mudanças nos padrões climáticos em Uganda poderão levar à extinção do principal produto de exportação do país, o café, nas próximas décadas, segundo relatório da instituição britânica Oxfam. Uganda é o segundo maior produtor de café da África, depois da Etiópia, e se tornou um importante participante na produção de robusta após crises políticas na Costa do Marfim, que era um importante produtor africano, terem reduzido a produção neste país.
Segundo o relatório, a previsão é desoladora. Se as temperaturas globais médias subirem dois graus ou mais, então a maior parte de Uganda deixará de ser apropriada para a produção de café. Isso pode acontecer em 40 anos ou talvez até 30. O relatório sobre a mudança climática e a pobreza na Uganda divulgou que os efeitos do aquecimento global, como o aumento nas temperaturas, chuvas mais intensas e tempestades, pode levar a padrões erráticos de chuva na Uganda.
A produção de café em 2007/08 (outubro a setembro) deverá ser de 2,85 milhões de sacas, mais que as 2,7 milhões do ano anterior. “De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, somente algumas partes de terra da periferia ainda serão adequadas para o cultivo do café. Enquanto isso, os cafeicultores terão que se adaptar às altas temperaturas”, publicou.
Na maior parte da Uganda, o clima é bimodal, significando que existem duas estações chuvosas – a primeira de março a junho e a segunda de outubro/novembro a dezembro/janeiro. De acordo com o relatório, as chuvas durante as estações chuvosas têm se tornado não confiáveis, já que as menores chuvas durante a estação de março a junho causaram seca, reduções nos rendimentos e nas variedades da planta.
A última estação chuvosa está vindo de forma mais intensa e destrutiva, levando a inundações, deslizamento de terras e erosão do solo. “Porém, os produtores continuam investindo no café robusta de Uganda e os ganhos com exportações continuam aumentando. Isso tem ajudado a proteger as perdas dos problemas climáticos”, disse o presidente da Associação de Cafés Finos do Leste da África, Philip Gitao.
Os produtores também têm adotado boas práticas de manejo como o uso de plantas mais fortes de café, disse Gitao, que foi citado no relatório da Oxfam. A reportagem é da Reuters.